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Capítulo Um

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Cateri

Cateri estava sentada com o sargento na varanda ao pôr-do-sol, assistindo a um par de pássaros solar da Palestina em migração rondarem as fontes e irem descansar nos ramos inferiores de um pinheiro guarda-chuva.

Era uma tarde de setembro agradável em Roma. O vento suave do oeste trazia uma antecipação de chuva bem-vinda.

“Sargento,” ela sussurrou. “Tão lindo de ver.”

Ele estendeu sua mão para alcançar a dela. “Sim.” Mas não era o azul brilhante das asas que se batiam que prendia a sua atenção. A suave escultura do perfil dela, banhada pelos últimos momentos de luz do dia, o cativava.

Ele piscou, como se clicasse no obturador de uma câmera e imprimisse essa visão única na tela da sua memória.

“Onde é a sua casa?”

“Casa?” Ela olhou nos olhos dele, como se penetrasse ou explorasse o significado da pergunta.

Há apenas alguns meses, ela era uma escrava de Sulobo. O sargento comprou a sua liberdade, e depois conquistou seu coração. Seu inglês melhorava a cada dia, mas ele nunca havia ouvido uma palavra de sua língua natal. Ela falava fluidamente em cartaginês com Tin Tin Ban Sunia e Liada, mas deveria ser fluente em alguma outra língua.

“Antes de você se tornar uma escrava.”


Sargento James Alexander

O sentimento melancólico que a tomou era mais do que tristeza. Ela devia ter conectado as palavras “casa” e “antes”, fazendo com que caísse em desespero.

Ele passou o braço ao redor de seus ombros enquanto ela se encostava nele.

“Está tudo bem,” ele disse. “Não vamos falar disso.”

Ela balançou a cabeça, e então limpou suas bochechas.

Passado um momento, ela disse: “Eu perdi meu povo.”

Ela estava falando sobre sua família? Ou sobre todo mundo? E “ter perdido” podia significar muito mais do que “ter se afastado.”

Ela sabia apenas algumas palavras de inglês, e ele não sabia nenhuma das dela.

“Me diga nas suas palavras.”

Ela olhou para ele, enrugando a testa.

“Me conte o que aconteceu.”

Ela começou devagar, parando, recomeçando.

Sua língua não se parecia com nenhuma que ele havia ouvido no exército de Aníbal, onde várias nações diferentes estavam representadas, nem entre os seguidores do acampamento ou escravos. Ninguém falava nessa estranha língua exceto Cateri.

Suas mãos diziam tanto quanto a sua voz. Palavras e movimentos saíam em pequenos pedaços, depois mais fluidamente como águas antes contidas por uma barragem, jorrando.

O sargento deixou que ela contasse sua história sem interrupção, colocando tudo para fora, soltando um fardo.

Observando o seu rosto passar por uma série de emoções, como um filme em câmera lenta de um tsunami, ele aguardou.

Ela parou, sorriu, e terminou com: “E então você me salvou.”

* * * * *

No dia seguinte, conforme os soldados da Sétima Cavalaria, junto com Cateri, Tin Tin, Jai Li e Liada, estavam almoçando, os sons da reforma podiam ser ouvidos através da sua nova casa.

Trabalhadores estavam arrancando os canos de chumbo e jogando todos em uma pilha atrás da casa, junto com os utensílios de cozinha que também eram de chumbo. Outros homens estavam substituindo os canos de chumbo por canos de barro.

Logo após as 13:00, o rádio ganhou vida. “Olá, Sétima.”

Sparks pulou da mesa e correu para o rádio. “É o Comandante Burbank?”

“Sim. Sparks?”

“Sim, senhor. Onde você está?”

Os demais se aproximaram do rádio para escutar.

“Estamos na Cordilheira Treskavica, logo acima de Sarajevo, ou pelo menos de onde será Sarajevo em alguns séculos.”

Autumn se inclinou perto do ombro de Sparks. “Comandante, aqui é a Autumn. Todos pousaram em segurança?”

“Quando entramos na atmosfera terrestre, perdemos contato com a outra cápsula de fuga Soyuz. Não tenho ideia de onde eles pousaram.”

A Soldado Karina Ballentine correu para a mesa para pegar seu iPad.

“Alguém do seu grupo ficou ferido?” Autumn perguntou.

“Só alguns pequenos cortes e hematomas.”

“A distância entre Roma e Sarajevo é de quinhentos e vinte quilômetros,” Karina leu na tela, “em linha reta.”

“E de quanto pelo chão?” O sargento perguntou.

“Cerca de mil duzentos e oitenta quilômetros pela estrada,” Karina disse, “se houvessem estradas.”

O sargento se aproximou do microfone. “Qual é a situação, comandante?”

“Estamos meio que presos aqui.”

“Presos como?” O sargento perguntou.

Cateri segurou a mão do sargento enquanto ela, Tin Tin, Jai Li e Liada escutavam a conversa junto com os demais.

“Estamos parados na lateral de uma montanha. Toda vez que tentamos descer, os nativos vêm até nós com lanças e flechas, então nós voltamos para a cápsula. Eles parecem ter medo da aeronave.”

“Nativos?”

“Não tenho certeza de quem eles são. Parecem hunos, talvez. Provavelmente duzentos ou trezentos acampados na base da montanha.”

“Como estão seus suprimentos de comida e água?” Autumn perguntou.

“Estamos bem de rações para mais uns dois meses. Bastante gelo e neve para água.”

“Como vocês estão se aquecendo?”

“Nós nos agrupamos dentro da cápsula. Nós poderíamos usar as baterias para nos aquecer, mas estivemos economizando eletricidade para o rádio. Não tem lenha aqui em cima. Estamos sentados na lateral de uma geleira.”

“Certo, comandante,” o sargento disse. “Desligue o rádio, e ligue de volta em meia hora. Nós vamos fazer alguns planos.”

“Copiado. Ligaremos de volta em trinta minutos.”

Todos voltaram para a mesa de jantar.

“Ideias?” O sargento bebeu um gole de café.

“Mais de mil e duzentos quilômetros,” Kawalski disse. “Trilhas desconhecidas, inimigos desconhecidos.”

“Em condições ideais,” Autumn disse, “a cavalo, talvez uns trinta quilômetros por dia, então seriam de quarenta a quarenta e cinco dias para chegar lá.”

“Ele disse que eles têm dois meses de ração,” Kady disse. “A ração pode acabar, ou os hunos podem superar o medo da cápsula.”

“Ou podemos ir em linha reta,” Lorelei disse.

“O quê?” O sargento perguntou.

“Pegue um navio para cruzar o Mar Adriático, carregado com mantimentos e cavalos. Diminua o tempo de viagem pela metade.”

“Eu gosto da ideia,” Kawalski disse.

“Quanto tempo para cruzar a Itália a cavalo?” O sargento perguntou.

“Talvez sete dias,” Karina disse.

“Então nós teríamos que capturar um navio,” Autumn disse. “Na costa adriática.”

“Ou comprar um,” o sargento disse. “Se nós partirmos de Roma, quanto tempo pelo mar até a Croácia —ou onde chamam de Dalmácia— rodeando a ponta da Itália?”

“Cerca de dez dias,” Karina disse.

“Quantos barcos nós temos?” O sargento perguntou.

“Nós temos dois quinqueremes romanos,” Sparks disse, “ou ‘Cinco,’ como são conhecidos, por causa dos cinco bancos de remos, e uma dúzia de trirremes, chamados "Três.’”

“Sério?” Kady perguntou.

“Sim, uma frota regular. O único problema é que…” Sparks hesitou.

“O quê?” O sargento perguntou.

“Eles têm velas, mas são em maior parte movidos a força escrava. São necessários quase trezentos homens para cada Cinco.”

Todos ficaram em silêncio por um momento.

“Não mais,” o sargento disse. “Vamos contratar remadores.”

“Sim,” Autumn disse. “Concordo com isso.”

Cateri se inclinou para o sargento. “O que é coisa cápsula?”

“Hm, é um navio que veio descendo do céu,” o sargento disse. “Dentro dele estão três amigos nossos.”

“Nós vamos salvar esses amigos?”

“Sim, nós vamos.”

“Esses nativos,” Karina disse enquanto lia no seu iPad, “ provavelmente são os Daorsi, ancestrais guerreiros dos Albaneses. Não haverá hunos naquela área em pelo menos quinhentos anos.”

“Armas?” O sargento perguntou.

“Como o comandante disse, flechas e lanças,” Karina disse. “E também Falacas, como aquela que Aníbal carrega, machados de batalha, e espadas longas. Talvez estilingues.”

“Sargento,” Lorelei disse.

“Sim?”

“Antes de atacarmos Roma, você disse que aquela seria a última missão da Sétima Cavalaria.”

“Eu disse isso?”

“Sim,” Kawalski disse.

“Ok,” o sargento disse. “E eu também, antes de começarmos a escalar os Alpes, disse que esta unidade não é uma democracia.”

“Sim.” Autumn engrossou sua voz. “Esta unidade não é uma democracia.” Ela bateu na mesa com o punho fechado. “Enquanto eu estiver no comando, todos vocês farão conforme eu ordenar.”

Os outros deram risada.

“Ficou igualzinho a ele,” Kady disse.

“Bom, agora eu decidi que nós somos uma democracia,” o sargento disse. “Já que estamos tentando persuadir Aníbal a fazer de Roma uma democracia, nós devemos dar o exemplo.” Ele bebeu um gole de café. “Qualquer grande empreitada, como esta missão de resgate, será puramente voluntária. E nós votaremos para a liderança e para todas as grandes decisões, como a rota da viagem.”

“Eu indico Hotshot para capitã,” Kawalski disse.

“Muito engraçado,” Kady disse. “Eu indico você para um treino de tiro ao alvo.”

“A primeira votação deve ser para quem vai se voluntariar para a missão,” Autumn disse, e em seguida levantou sua mão.

Todos os soldados, exceto Kady, levantaram a mão, em seguida Liada, Cateri, Jai Li e Tin Tin seguiram os demais.

“Soldado Katy Sharakova,” o sargento disse. “Você tem algo a dizer?”

“Primeiro nós tiramos os astronautas da montanha, e depois?”

“Nós os trazemos de volta para Roma.”

“E depois o quê? Vamos apenas nos acomodar aqui e virar romanos?”

“Que tal,” o sargento disse, “nós cuidarmos da missão depois da última, e depois, quando retornarmos, conversamos sobre o próximo passo.”

Liada olhou para Kawalski. Ele piscou, e então os dois sorriram.

Kady levantou a mão.

“O quê?” O sargento perguntou.

“Acho que eu me voluntario.”

“Ok, estamos resolvidos,” o sargento disse. “Agora, quem vai liderar este bando?”

“Bom,” Karina disse, “exceto por alguns desentendimentos, o sargento nos trouxe até aqui. Eu acho que nós deveríamos elegê-lo para capitão.”

“Desentendimentos?” Kady disse. “Seriam tipo, grandes equívocos?”

“Não,” Kawalski disse, “nós chamamos esses de ‘dar uma de Kady.’”

Kady levou a mão até o estojo em seu ombro.

“Certo,” Autumn disse, “antes que a Hotshot atire no Caubói, quem é a favor de que o nosso ilustríssimo Sargento Mestre James Alexander Terceiro se torne Capitão Sarge?”

Todos exceto Kady levantaram a mão. Ela mostrou três dedos para Kawalski, juntos. “Leia entre as linhas.” E então ela ergueu a mão.

Kawalski sorriu. “Agora nós precisamos eleger um novo Sargento Mestre, e um Cabo.”

“Jai Li era sargento no Exército Chinês,” Sparks disse, “então eu a indico para sargento.”

“Own, Sparky,” Jai Li disse. “Você tão doce. Então poder te dar ordens.”

“Eu apoio essa indicação,” Kawalski disse, “e eu indico Kady Sharakova para co-sargento”

Kady o encarou.

“O que foi?” Kawalski perguntou.

“Estou apenas esperando pelo restante da piada,” Kady disse.

“Eu estou falando sério,” Kawalski disse.

“É, que nem em assassino em série, ou cereal que nem Sucrilhos?”

Kawalski sorriu. “Todos a favor de Hotshot e Jai Li como nossa equipe de sargentos, levantem as mãos.”

Todos votaram nelas.

“Então agora e posso dar ordens para o Kawalski?” Kady perguntou.

“Claro,” Sarge disse. “Se ele vai ou não obedecer as suas ordens é outra história.”

“Eu acho meu Kawalski faz bom Sargento Mestre,” Liada disse.

Todos menos Kady demonstraram concordar.

“Acho que ele vai ficar ok.” Kady bebeu um gole de café.

* * * * *

Depois da tomada de Roma, a Sétima liberou a casa do Cônsul Lucius Aemillus Paullus na Via Labicana. Já que ele havia morrido na batalha de Canas, ele não precisava mais dela, e sua rica família já havia se realocado nos subúrbios.


Villa Magnificum

A nova sede do Pelotão Delta, Companhia Alfa, Segundo Batalhão, Vigésima Segunda Divisão da Sétima Cavalaria, Exército dos E.U.A. , também conhecido como "Tribo dos Brinquedos", era a Villa Magnificum de Paullus, localizada no lado ensolarado do Monte Aventino de Roma, com vista para o Rio Tibre.

Com uma dezena de fontes, duas piscinas, dezesseis quartos, três cozinhas e um banheiro, tinha espaço para toda a Tribo dos Brinquedos, além dos seus companheiros, cozinheiras, criadas e costureiras.

Também alocados na propriedade estavam quatro meninos do estábulo que cuidavam dos vinte e sete cavalos, além de várias vacas, cabras e jumentos. A equipe de segurança, que consistia de Hagar e seis dos seus soldados, também vivia na propriedade — sem mais turno de guarda para Sparks e Kady.

* * * * *

“Depois desta missão de resgate,” Kawalski disse, “Liada e eu vamos levar Obolus para casa.”

“Casa?” Autumn perguntou. “Para Valdacia?”

Kawalski fez que sim.

“Caramba,” Sparks disse. “Isso fica depois de cruzar o mediterrâneo do outro lado da Cordilheira do Atlas!”

“Sim,” Sarge respondeu. “Nos limites do Saara. Quanto tempo vai levar?”

“Provavelmente três ou quatro meses,” Kawalski disse.

“Uau, uma longa caminhada para um elefante,” Autumn disse.

“Eu não vou fazer esse passeio,” Kady disse.

“Ninguém te pediu isso, Sargento Hotshot,” Kawalski disse. “Seria muito perigoso para você, de qualquer forma.”

“Não, apenas entediante.”

O saque de prata, ouro e jóias que eles haviam feito nos campos de batalha valia milhões de denários romanos. Um denário equivalia a dez asses. Então a Sétima, com uma fortuna equivalente a aproximadamente 100 milhões de jumentos, era uma das famílias mais ricas de Roma.

Todo o ouro deles era cunhado em moedas de quatro tamanhos, cada uma com um “7” estampado em um lado e um “1,” “5,”“10,” ou “50” no outro, dependendo do tamanho da moeda. Elas eram do tamanho de uma moeda de um, cinco, dez e cinquenta centavos, respectivamente. As moedas da Sétima logo se tornaram correntes em Roma, e em uma boa parte da Itália.

* * * * *

“Da próxima vez que atirarem em alguém,” Sparks disse, “guardem os cartuchos.”

“Por quê?” Sarge cortava um pedaço de bife.

“Jai Li e eu descobrimos como fazer cartilhas, balas, e pólvora. Nós temos pessoal trabalhando para recarregar os cartuchos.”

“Sério?” Sarge perguntou.

“Sim, e diga aos trabalhadores para guardarem todo o encanamento de chumbo. Vamos precisar para fazer balas.”

“Vocês tem pessoal?” Kawalski perguntou.

Sparks fez que sim.

“Nés temos pessoal?” Kawalski perguntou para Liada.

Ela entristeceu o rosto e balançou a cabeça.

“Bom,” Kawalski bebeu um gole de café, “eu acho que nós deveríamos ter pessoas trabalhando para a gente também.”

“Para que você precisa de pessoal?” Kady perguntou.

“Porque quando voltarmos, Liada e eu vamos abrir uma tavola calda.

Tavola calda,” Karina disse. “Uma mesa quente?”

“Sim, onde você pode comer uma refeição quente e tomar um pouco de vino.”

A Última Missão Da Sétima Cavalaria: Livro Dois

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