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Capítulo Sete

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No navio enfermaria, o Essex, Karina e Kady desenrolaram as bandagens dos pulsos da mulher loira.

“Uau,” Karina disse. “As larvas comeram bastante gangrena nessas vinte e quatro horas.”

“É.” Kady começou a remover as larvas gordas e substituí-las por outras famintas. “Amanhã, provavelmente, já conseguiremos começar a tratar as feridas.”

“Parece melhor,” Karina disse para a mulher.

Ela sorriu e disse algumas palavras.

“Qual é seu nome?” Kady perguntou.

Ela deu de ombros, ainda sorrindo.

“Kady.” Ela colocou a mão em seu peito, depois apontou para Karina. “Karina.”

“Ah, Cadia.”

“Cadia?” Kady perguntou.

Ela fez que sim.

“Já está na hora do almoço, Cadia.” Kady fez o sinal de comer.

O rosto de Cadia se iluminou, e ela disse algumas palavras.

“Isso mesmo,” Kady disse. “Eu concordo com tudo que você disse.”

Um dos navios gregos menores que foi capturado havia se transformado em um açougue, enquanto o navio maior foi convertido em um grande refeitório. Trinte e seis homens e mulheres ficavam ocupados dia e noite cozinhando nos fogos a lenha para os milhares de homens e mulheres da frota.

Cada um dos navios tinha uma hora certa para se aproximar do navio refeitório, renomeado como “Savoy”, três vezes por dia. Lá, enquanto os navios permaneciam com a vela içada, os tripulantes aproveitavam suas refeições. Os navios menores podiam se amarrar, dois de cada vez, um em cada lado do Savoy.

Uma da tarde, o Essex tomou seu lugar a estibordo do Savoy. Kady, Karina e mais uma dúzia de ajudantes ajudaram Cadia e os outros pacientes a cruzar as pranchas até o Savoy.

Aqueles que não podiam se mover eram servidos em suas camas.

Longas mesas e bancos estavam dispostos de ponta a ponta do convés superior do Savoy, onde a comida era servida ao estilo de uma pensão, com grandes tigelas e travessas de carne e vegetais colocadas nas mesas onde todos se serviam. Jarros de água, chá e leite também eram colocados nas mesas.

O convés superior do Savoy era sempre um lugar feliz e barulhento, com muitas conversas e risadas.

Não haviauma grande variedade de comida, mas era quente e saborosa.

Espagueti, bolo de carne, pedaços de porco, bacon e ovos, panquecas, purê de batatas e molho, junto com ervilhas, cenouras, beterrabas, cebolas e nabos eram consumidos com apetite.

Como era de costume em muitas das culturas representadas nos navios, joias, bugigangas e ocasionalmente moedas eram deixadas na mesa como uma recompensa para os cozinheiros e serventes.

* * * * *


Quando o vento parou, os remadores foram postos ao trabalho. Felizes pelo exercício, eles pegaram seus remos.

Os remos dos navios logo se transformaram em um concurso de força e resistência.

Todos os vinte e sete navios brigavam pela posição de liderança, com os navios gregos menores logo ultrapassando os barcos romanos mais lentos.

Logo depois do anoitecer, os remadores nos barcos menores largaram seus remos e ficaram apenas com a maré, esperando até que os grandes navios os alcançassem.

O Savoy chegou, e como uma abelha rainha, foi recebido enquanto os outros barcos formavam fila para a refeição da noite.

* * * * *

Karina ficava na enfermaria e era frequentemente acordada para tomar conta dos pacientes.

Antes de partir para o Afeganistão com a Sétima Cavalaria, ela estava estudando medicina veterinária. Ela tinha todos os livros didáticos, e também Anatomia de Gray, Terapia Cirúrgica Atual, Complicações em Cirurgias de Cuidados Agudos e uma dúzia de outros livros de referência médica em seu iPad.

Ela havia se tornado bastante habilidosa em tratar lacerações, ossos quebrados, e doenças menores comuns. Porém, se tratando de medicina interna, ela dependia de fotos, ilustrações e instruções dos livros para tentar aliviar a dor e o sofrimento.

Tarde da noite, alguém a chacoalhou pelo ombro enquanto sussurrava palavras que ela não entendia.

Ela se virou e viu um homem de uns trinta e cinco anos, ajoelhado ao lado da sua cama. Ele estava suado e apertava sua barriga.

Rolando da cama, Karina pensou que provavelmente era um ferimento de faca. Quando os remadores não estavam ocupados com os remos, eles se ocupavam lutando, geralmente por causa de uma mulher.

Ela sinalizou para ele deitar na cama dela e se esticar.

O homem se sentou na cama mas não conseguiu se deitar completamente reto por conta da dor extrema que sentia.

Ele continuava apertando a barriga, abaixo das costelas.

Karina puxou sua mão para ver melhor, mas não havia ferida aberta.

Colocando a palma da mão em sua testa, ela sabia que a temperatura dele estava acima de trinta e oito.

Ela colocou o capacete rapidamente. “Alguém quer ajudar em uma apendicectomia?”

“Com certeza,” Kady disse.

“Estou dentro,” Apache disse.

“Quem está dirigindo seu barco?” Karina perguntou.

“Nesse caso sou eu,” Sparks disse.

“E eu,” Jai Li disse.

“Vocês dois tem que fazer tudo juntos?” Kady perguntou.

“Sim, tudo,” Sparks disse.

Jai Li deu risada.

“Se aproxime do Essex, Sparks,” Karina disse. “Eu preciso da Kady, Tin Tin, Apache, facas afiadas e água quente.”

“Estamos dentro.”

“Eu gostaria ver como corta também,” Jai Li disse.

“Certo,” Karina disse. “Estou lendo as instruções agora.”

O fogo estava sempre ativo na cozinha do Savoy, então não demorou para que três panelas de água quente estivessem prontas para Karina.

Kady, Sparks e Jai Li trouxeram a água quente para o navio hospital.

Enquanto estudava as fotos no livro de cirurgia, Karina colocou um dedo na lateral do homem, na direita, logo abaixo das costelas.

“O apêndice está mais ou menos aqui,” ela disse.

“Mais ou menos?” Kady perguntou.

“A posição varia, dependendo do tamanho da pessoa.”

O homem gemeu e se virou para ficar em posição fetal.

“Nós temos que deixar ele reto,” Karina disse.

Quando Kady e Sparks tentaram esticar o corpo dele, ele gritou.

Jadis, que havia feito uma cama para si com a pele de urso ao fim das camas dos pacientes no convés, veio ver o que eles estavam fazendo. Ela colocou sua mão no pescoço do homem, e depois segurou sua mão. Depois de um momento, ela balançou a cabeça e soltou a mão dele.

Ela se apressou até o lugar onde dormia para pegar suas bolsas. Quando voltou, abriu uma delas e removeu uma tira de couro enrolada. Ela abriu a tira no convés; tinha uma dúzia de bolsos com abas.

Depois de pegar um copo de couro da outra bolsa, ela encheu com água quente das panelas de barro.

Os demais observavam enquanto ela pegava duas folhas secas de um dos bolsos e depois as amassou, colocando na água. Usando um pedaço curto de casca de árvore, ela mexeu o líquido até que ficou marrom escuro e morno.

Usando sinais, ela indicou para Karina que quando ele bebesse o líquido, iria relaxar e dormir.

“Ou isso ou ele vai morrer,” Kady disse.

“Seu apêndice vai explodir,” Karina disse, “e isso vai matá-lo se não conseguirmos que ele relaxe para podermos operá-lo.”

“Você tem certeza de que consegue fazer isso?” Kady perguntou.

“Não. Tudo que eu posso fazer é seguir as instruções e as imagens.”

“É melhor que não fazer nada,” Apache disse.

Karina acenou com a cabeça para Jadis dar a bebida para o homem.

Jadis indicou que eles deviam sentá-lo, então ela se sentou ao lado dele e falou suavemente enquanto levava o copo de couro até seus lábios.

Ele tomou um gole e tentou empurrar o copo.

Jadis puxou ele para seu peito, ainda falando em uma voz baixa e melódica.

“Isso parece algum tipo de canto,” Apache disse.

“É,” Kady disse, “o canto de uma encantadora.”

A expressão do homem se suavizou enquanto ele olhava nos olhos de Jadis. Ele continuou a olhar para ela enquanto bebia do copo.

Logo, o copo estava vazio, e ele estava completamente encostado em Jadis enquanto ela cantava para ele.

Dentro de alguns minutos, seu corpo relaxou.

Karina o segurou e o deitou de costas na cama.

O homem estava completamente mole e roncava levemente.

Karina virou seu iPad para Jadis ver a ilustração detalhada do apêndice.

Jadis olhou para a tela por um momento, depois sorriu. Ela disse algumas palavras e apontou para a lateral direita do homem.

“Ela diz,” Tin Tin disse, “ela nunca viu dentro disso quando vivo. Mas só depois morto.”

“Bom, agora ela vai ver enquanto ele está vivo.” Karina levantou a túnica do homem para expor seu estômago.

“Ah, não,” Kady disse. “Por que nenhum deles usa roupa de baixo?” Ela esticou um pano para cobrir suas partes privadas.

Quando Jadis viu a faca que Karina estava limpando, ela ergueu sua mão num gesto que dizia espere um pouco.

Ela abriu outra bolsa e pegou um pó vermelho. Depois de encher novamente o copo com água quente, ela jogou o pó vermelho, depois mexeu com a casca de árvore. Ela mergulhou seu dedo no liquido, levou à boca para provar, depois adicionou um pouco mais de pó.

Satisfeita com o resultado da poção, ela passou no local da incisão.

“Deve ser algum tipo de antisséptico,” Karina disse.

“Ela não é uma bruxa,” Sparks disse, “ela é uma boticária.”

“Eu espero que sim.” Karina colocou o dedo na pele tingida de vermelho, olhou novamente para a ilustração, moveu seu dedo meio centímetro para a esquerda, então mergulhou a faca no líquido vermelho. “Kady, leia aquela parte sobre onde começar a incisão”

“Seu dedo deve estar no ponto de McBurney.”

“Acho que está.”

“O ponto de McBurney está a um terço do caminho feito por uma linha que que liga o umbigo e a espinha ilíaca anterior superior direita. O que quer que isso seja.”

“Eu vi em uma das ilustrações anteriores.” Karina moveu seu dedo um pouco para a esquerda. “Certo. E agora?”

“Faça uma incisão horizontal de aproximadamente dez centímetros, usando o ponto de McBurney como o centro.”

“Ok. Quão fundo?”

“Corte a pele e o músculo oblíquo.”

Jadis molhou seus dedos no líquido vermelho, então segurou a incisão aberta enquanto Karina cortava os oblíquos.

“Uau,” Karina disse. “Aqui estão os intestinos.”

“Siga o intestino delgado até o ceco,” Kady disse.

“Ceco?” Karina perguntou.

“É o começo do intestino grosso.”

“Encontrei.”

“O apêndice deve estar ligado ao ceco,” Kady disse.

Karina enfiou os dedos mais fundo no abdômen do homem, sentindo o intestino grosso. “Eu encontrei o fim. Agora, só preciso mover em direção à incisão para que eu possa ver… puta merda! Aqui está. Deveria ser do tamanho do meu dedinho, mas essa coisa deve ter três vezes o tamanho normal. A pele está esticada e roxa “.

“Diz aqui,” Kady disse, “que essa coisa vai romper.”

“Nem ferrando,” Karina disse. “E agora?”

“Gentilmente puxe o apêndice pela incisão.”

“Puxar!!??”

“Não grite comigo. Estou apenas te dizendo o que está no livro.”

“Puxando gentilmente,” Karina disse. “Jadis, passe os seus dedos por baixo para dar um suporte.”

Tin Tin traduziu para grego.

Jadis concordou e passou seus dedos por baixo do órgão inflamado.

“Depois?” Karina perguntou.

“Usando o seu fórceps, prenda a base com um clipe para cortar o fluxo de sangue.”

“É, se pelo menos tivéssemos fórceps e clipes. Tin Tin, mergulhe seus dedos no líquido vermelho, então aperte bastante esse tubo.”

“Copiado.”

“Agora, estou achando que estamos prontos para cortar essa coisa,” Karina disse.

“Sim,” Kady disse. “Deixe o suficiente do apêndice para ser costurado com categute ou fio de seda.”

“Claro. Alguém vai buscar um gato, ou um bicho da seda,” Karina disse.

Os outros deram risada.

Karina cortou a ligação do apêndice e soltou o órgão no convés. “Esse fio de algodão vai ter que servir. Kady, corte uns seis centímetros e mergulhe no líquido vermelho. Tin Tin, continue segurando forte.”

Kady preparou o fio enquanto Tin Tin segurava o tubo.

Karina passou o fio duas vezes ao redor do tubo, apertou bem, então amarrou. “Ok, Tin Tin, solte.”

Eles observaram o tubo por alguns minutos.

“Ok,” Karina disse. “Sem vazamentos. E agora?”

“Coloque o intestino de volta em sua posição original.”

Karina cuidadosamente empurrou o intestino grosso de volta em seu lugar.

“Feche e suture os oblíquos,” Kady lia o livro.

Karina colocou fio em uma agulha, e mergulhou o fio no líquido.

“Suture a pele,” Kady disse, “desinfete, coloque bandagem, e aí você acabou.”

Dez minutos depois, Karina estava em pé, com a coluna bem reta, olhando a ferida na barriga do homem.

“O paciente deve ficar na UTI por vinte e quatro horas,” Kady leu no livro, “depois retornar em três dias para um check-up com o cirurgião.”

Karina deu risada. “Adorei a parte da UTI.”

“E eu adorei a parte do check-up com o cirurgião,” Kady disse. “Ótimos pontos, criança.”

“Muito bom trabalho,” Tin Tin disse.

“Vamos apenas esperar que não infeccione,” Karina disse.

“Eu vou me livrar dessa coisa.” Kady se ajoelhou para pegar o apêndice roxo. “Meu deus, como isso fede.”

Um pouco de líquido cinza pingou pelo convés enquanto ela o levava em direção a beirada do navio.

A Última Missão Da Sétima Cavalaria: Livro Dois

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