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Enquanto o carro de Croad batia e solavancava em estradas rurais que Slim tinha certeza que não estavam em seus mapas aéreos, o ar entrava pelo buraco no teto enquanto a placa pintada de azul que normalmente cobria a abertura irregular batia em seus pés, e Slim tinha certeza de que ninguém que estivesse indo encontrar um fantasma de verdade passaria o tempo falando sobre jogos há muito esquecidos do Queens Park Rangers.

"O nome do rapaz era Mickey," dizia Croad, com os dedos tamborilando no volante. "Acabou se saindo bem, ganhou um campeonato pela Escócia. Mas naquele dia em que ele apareceu, ele era o novato no campo de treinamento. Na noite anterior ao seu primeiro jogo pelos reservas, enchemos suas botas com pimenta em pó. Dia úmido, enevoado, ela se solidificou toda. O garoto pegou sarna ou algo assim. Disse que seus pés coçavam tanto que ele quase arrancou a pele coçando."

"Sarna?" Slim murmurou, fingindo interesse enquanto Croad bufava de tanto rir.

"O garoto teria se dado mal se ele não tivesse levado tudo na esportiva... ah, aqui estamos. Casa do Den."

Havia um portão coberto de vinhas afastado da estrada. A construção atrás dele—era difícil dizer que era uma casa—tinha janelas com tábuas, mas a porta da frente tinha sido arrombada e a entrada invadida por arbustos e espinheiros. Slim saiu do carro e se aproximou do portão, só agora vendo um segundo andar escondido entre os galhos.

"Casa do Den," repetiu Croad enquanto descia e contornava o carro para se juntar a Slim no portão. "Depois que a primeira mensagem chegou, Ozgood me mandou aqui para vigiar, para ver se Den aparecia. Acampei por semanas. Nada."

"Achei que Sharp estivesse morto."

"Está. Ou pelo menos deveria. Mas fantasmas não podem escrever cartas ou enviar e-mails, podem?"

Slim caminhou ao longo do portão até uma parede de pedra enterrada e escalou. Se antes havia algo parecido com um jardim, ele tinha desaparecido há muito tempo, substituído por um matagal enorme de espinheiros que se agarravam à calça jeans de Slim enquanto ele avançava a pontapés.

"Você vai entrar?" Croad perguntou. "Vai precisar disso." Ele se inclinou sobre o portão para entregar uma lanterna para Slim. "As crianças destruíram o lugar, então Ozgood o fechou com tábuas, já que ele só era alugado."

"Eu gostaria de conhecer essas crianças," disse Slim. "Imagino que elas tenham histórias para contar."

"Descendo o gramado em uma noite de sexta-feira," disse Croad. "Você as encontrará no jardim da cerveja, bebendo cidra barata. Elas mantêm a loja da Cathy aberta."

Slim assentiu. Ele pegou a lanterna e apontou para a escuridão. Os contornos de unidades de cozinha em decomposição apareceram por entre o emaranhado de vegetação. Pisando com cuidado, ele deu alguns passos para dentro, mas não havia nada para ver, exceto a casa em ruínas. Cacos de vidro, lascas de alvenaria e algumas peças de metal não identificáveis forneciam uma camada de base para os suspeitos habituais de uma propriedade abandonada: algumas latas amassadas de cerveja, algumas revistas pornográficas úmidas e rasgadas e um preservativo usado empoeirado que tinha se rasgado na ponta.

Sobre seu ombro, Croad disse: "Eu assumo a responsabilidade pelas latas. O resto, eu não sei de nada."

Slim desligou a lanterna. "Ninguém mora aqui," disse ele. "Acho que é hora de interrompermos os passeios turísticos para alguém me contar sobre a natureza dessa suposta chantagem."

Croad sorriu. "O senhor é quem manda. Quer falar dentro do carro ou fora?"

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