Читать книгу O Guarda Florestal - Jack Benton - Страница 16
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Оглавление"Vincent's? Não há necessidade de você ir lá," disse Croad, sentando-se do outro lado da mesa. "Preciso te lembrar de quem o contratou?"
"Disseram que Ellie Ozgood trabalhava lá. Se alguém falou com Dennis Sharp, foi ela."
Croad balançou a cabeça. "O Sr. Ozgood quer que Ellie fique fora disso. Ele não quer que o estupro venha a tona novamente."
"Mas..."
"Esqueça, Sr. Hardy. Sou apenas o mensageiro, mas essas são as regras do trabalho. É pegar ou largar."
Slim queria se levantar e ir embora, mas as lembranças de casas flutuantes e botas balançando tornavam este lugar seguro... por hora.
"Como você diz," disse ele. "Faça algo útil, pode ser? Me arrume uma lista de pessoas com alguma conexão com Dennis. Família, amigos, conhecidos."
Croad sorriu. "Você só precisava pedir." Ele tirou um pedaço de papel amassado do bolso e colocou-o sobre a mesa, fazendo o melhor para esticá-lo com seus dedos ásperos.
"Isso deve te servir."
Parecia uma teia de aranha de caligrafia infantil. Slim encarou-o, esperando que algo legível ou cognitivo aparecesse. Quando nada aconteceu, ele olhou para Croad.
"Talvez você possa me explicar isso," disse ele.
Croad apontou um dedo para um rabisco que poderia significar qualquer coisa.
"Shelly Holland. A mãe de Den."
"Casou de novo?"
"Nunca foi casada. Viviam juntos. Den pegou o nome do pai apenas para irritá-la."
"Ah. Onde eu encontro ela?"
Croad levantou-se. Ele apontou com a mão para o casaco de Slim pendurado sobre o encosto de uma cadeira e foi até a porta.
"Vou te levar lá agora. Se ela ainda estiver lá.
Eles pegaram o carro de Croad, mas levou menos de dois minutos antes de eles saírem dele, Croad estacionou em orla coberta de vegetação fora do terreno da igreja. Uma fila de chalés antigos os encarava através de uma calçada de cascalho pontilhada com ervas, em piores condições do que Slim esperaria para propriedades potencialmente tão lucrativas.
"Ozgood é dono desses também?" perguntou Slim.
Croad fez um sinal de desdém com uma mão. "Todos eles. Há inquilinos em três. O do quarto lote fugiu depois de um ano. Seis meses de atraso."
"Aposto que correu tudo bem."
"Aqueles de nós que éramos responsáveis não ficamos muito felizes, mas para o Sr. Ozgood não foi nada mais do que uma picada de mosquito nas costas."
"E os outros três?"
"Trabalham no Vincent's, como a maioria aqui."
"Essa é a principal fonte de renda de Ozgood?"
Croad deu de ombros. "Uma delas. Quer conhecer Shelly ou não? Por aqui."
Croad mostrou o caminho pelos degraus até o portão do terreno da igreja. Slim parou enquanto Croad puxou o portão de um emaranhado de ervas e segurou-o aberto.
"Pensei que ela estivesse viva."
"Ela está. Pelo menos da última vez que a vi."
A grama no cemitério estava muito alta. Slim se perguntou se cuidar dela era outra das funções de Croad e se valia a pena tocar no assunto com o velho. Lápides antigas surgiam da grama longa esvoaçante, com inscrições encrustadas de líquen quase ilegíveis.
"Parece que ninguém vem aqui," disse Slim.
"Ninguém vem mesmo. Não mais. Poucas pessoas por aqui significa poucas mortes. Den foi um dos mais recentes e ele já está enterrado há seis anos.
"Onde ele está?"
"Você vai ver."
O caminho continuou ao redor da parte de trás da igreja, depois dividiu-se, dirigindo-se sobre uma subida baixa em direção a uma fila de árvores que o separavam de um segundo cemitério que parecia mais um pequeno campo artificial feito para conter enchentes. Slim tentou enxergar além de Croad para ver onde o caminho ia dar. Ele só podia supor que passava pelo outro lado da igreja e chegava numa pequena propriedade do outro lado, embora ele não pudesse ver nada, exceto mais gramado.
"Não há uma maneira mais rápida de passar?" ele perguntou a Croad. "A grama parece bem alta."
"Não vamos passar," disse Croad. "Só vamos até aqui."
Eles passaram pela fila de árvores. O cemitério secundário era um campo, afinal. Uma fila de sepulturas mais recentes ficava perto das árvores, mas o resto do campo estava sem cuidados. O caminho terminava poucos metros depois, coberto pela grama.
"Cuidado com isso," disse Croad, quando Slim quase tropeçou em um cabo de extensão elétrica na grama. "Um dos moradores locais o ligou na energia."
Slim franziu a testa, perguntas se formavam em seus lábios, mas Croad já tinha marchado em frente. Slim, desejando estar vestindo calças impermeáveis, escolheu seu caminho com mais cuidado ao segui-lo.
Alguns passos mais adiante, Croad parou. "Chegamos," disse ele. "Pelo cheiro, alguém está cozinhando. Quer dizer que ela está em casa."
Slim observou. O campo se inclinava ao longe em direção a um córrego. No meio do caminho, uma lona verde saltava da grama, sustentada por postes desalinhados, alguns dos quais haviam rompido o plástico, que havia sido remendado com fita adesiva. À medida que se aproximavam, Slim viu que um poste era um pedaço de madeira velha ainda com pregos tortos enferrujados, enquanto o outro era na verdade parte de um galho de uma árvore baixa, subindo e descendo com o sopro do vento.
Lá na frente, Croad parou. Ele se virou para Slim com um sorriso torto no rosto.
"Está pronto para isso?" ele perguntou.
"Para o que?"
"Você é ex-soldado, não é? Bem, prepare-se para se proteger. Um bombardeio está prestes a começar."
Slim olhou involuntariamente para o céu. Croad deu um passo à frente e balançou a borda da lona. Ela emitiu um farfalhar rangido e vários punhados de folhas acumuladas caíram.
"Shelly? Você está aí? É o Croad. Trouxe alguém que quer perguntar sobre Den."
De dentro veio um som estridente como se alguém andasse sobre um jornal seco. Um canto da lona se abriu revelando um rosto velho e selvagem, emoldurado por cabelo loiro-grisalho enrolado saindo de uma bandana azul. Os olhos se estreitaram e seus lábios recuaram em um rosnado feroz. Sibilando, ela se enfureceu com Croad, e depois acertou-o com um pedaço de pau. Ele deu um passo para trás, levantando a mão.
"Estamos todos em paz aqui," disse ele. "Este aqui é o Sr. Hardy. Quer perguntar sobre o Den. Velho amigo de escola, não é?"
Slim não fez nenhum esforço para responder. Shelly voltou seu rosnado para ele, a sujeira em suas bochechas rachava e descascava. Ela apertou os lábios, aparentando soprar um beijo para ele, e então ela cuspiu, um glóbulo de muco aterrissou perto de seus sapatos.
"Cai fora daqui," ela vociferou, com a voz rouca e rachada, um sinal de abuso de tabaco ou álcool, ou os dois.
"Estou procurando Dennis Sharp," disse Slim.
Shelly estendeu a mão atrás dela como se procurasse algo para jogar nele.
"O tolo acha que Den ainda está vivo," Croad gritou. "Mostre a ele, Shelly, para que ele me deixe em paz."
"Saia da minha maldita varanda, seu rato," ela cuspiu em Croad, fazendo-o dar mais um passo para trás. "Eu gostava do seu sorriso, mas você ficou tanto tempo na aba do Ozgood que agora ele está cheio de..."
"Eu posso voltar em uma hora melhor," disse Slim.
Shelly rosnou e jogou algo nele. Atingiu sua coxa e saiu rolando. Slim franziu a testa. Um boneco artesanal, sujo e arranhado como se alguém o tivesse arrastado no concreto com o pé. Uma cabeça feita de arame com pequenos buracos e um resíduo de cola onde seus olhos tinham sido arrancados, enquanto sua boca estava coberta por fita adesiva. Com uma carranca, Croad levantou o pé e o chutou para a grama.
"Apenas mostre a ele, Shelly," disse o velho. "Deixe-o ver."
Shelly lançou uma enxurrada de palavrões contra Croad, mas recuou um pouco e cutucou algo escondido sob a lona com o sapato sujo e desgastado.
Uma pequena cruz de madeira.
"Meu menino está bem aqui," ela gritou. "Bem aqui comigo, onde ele deveria estar. Onde ninguém pode mais fazer mal a ele. Agora saia daqui e não volte."