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Capítulo 2

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– Surpreende-me que saibas do meu divórcio – disse Luc, sem conseguir desviar a vista de Arabella.

Enfureceu-o o renascer da antiga atracção por ela. Bella era tão má como Natalie, decidida a conseguir o que queria, fosse como fosse, e ele não ia deixar-se enganar pela segunda vez. Mas não entendia aquele interesse repentino que despertara nele por Arabella.

Acariciou novamente a fotografia da sua filha que trazia ao peito e a culpa apoderou-se dele.

– Há cinco anos, fui a Itália para uma passagem de modelos – disse Bella, desejando que fosse ele quem regressasse a Itália naquele preciso momento… mas para ficar. – Alguém falou de ti. Eu não tentei obter informação, acredita em mim.

– Infelizmente, Bella mia, já não confio em ninguém e, certamente, também não confio em ti.

A capacidade de confiar nas pessoas fora, irrevogavelmente, arrebatada a Luc e não uma, mas três vezes. Por Bella, pelo seu irmão e pela sua ex-mulher.

Talvez Bella, com aquele cabelo maravilhoso loiro acinzentado e aqueles olhos castanhos, não sentisse nenhum remorso. A sua ex-mulher não sentira. E, perante as perguntas de Luc, o seu irmão também não o demonstrara.

Luc disse para si mesmo que não devia permitir que a amargura do passado interferisse na sua nova vida. Escolhera, deliberadamente, ir para a Austrália. Pela… sua filha. Por Grace. Para recomeçar num lugar onde a traição pudesse ser, se não esquecida, pelo menos afastada. Escolhera Melbourne porque queria conhecer a tia esquiva, de quem a sua família sempre falara a sussurrar.

– Tenho o carro estacionado a poucos quarteirões daqui. As provas da situação de Maria estão lá – resmungou Luc, lutando contra as lembranças de Arabella que ainda o perturbavam, mesmo sabendo que eram falsas. Dirigiu-se para a porta principal. – Vamos.

– Estou mais do que preparada para ver essas provas – Bella saiu da loja e fechou a porta, ligando o alarme. – O quanto antes acabarmos com isto, melhor.

– Concordo – concedeu ele, agarrando-a pelo braço e dirigindo-a para o seu carro. – Mas isto é só o princípio.

Quando chegaram ao carro de Luc, este abriu-o com o comando.

– Muito bem. Mostra-me os documentos.

Luc tirou a sua mala do carro.

– O restaurante Brique’s estará tranquilo. É aqui ao lado. Veremos juntos os documentos.

– Porque não os vemos aqui? E se quiser confirmar se esses documentos são verdadeiros?

– Se precisares de confirmar depois de os teres visto, podes ficar com eles. Tenho cópias – então, apontou para o carro. – Se preferires sentar-te no meio desta rua tão ocupada…

– Suponho que será melhor irmos ao Brique’s.

Quando entraram no restaurante, Luc pediu bebidas e um prato de queijo e fruta.

– Muito bem, agora estamos num ambiente civilizado – disse Bella, bebendo um gole de água.

– Eu gosto das coisas boas. Não me envergonho disso.

– Hum, talvez não seja Pont l’Eveque, mas é igualmente bom – disse, provando o queijo.

Luc abriu a sua mala, tentando desviar a sua atenção do movimento da boca de Bella, e tirou os documentos para que ela os visse.

Bella leu alguns deles, durante alguns minutos, em silêncio. Então, olhou para ele, franzindo o sobrolho.

– Disseste que o teu assessor financeiro arranjou isto?

– São verdadeiros, Arabella. A informação chegou-nos de uma empresa de investigação respeitável. Como podes ver, a compra dos teus vestidos por parte de Maria foi uma operação financeira mais do que arriscada para ela.

Indicou o papel que estava anexo ao documento.

– Se quiseres, podes telefonar à empresa agora mesmo. Confirmar-te-ão tudo o que leste.

– Não pode ser verdade! – sussurrou Bella, começando a rever os documentos. – Mas é verdade, não é? Maria excedeu-se de tal maneira que é difícil que consiga recuperar-se e levou com ela os meus vestidos e o começo da minha reputação como estilista. Deveria ter confirmado a sua situação financeira, não deveria, simplesmente, tê-la assumido.

Bella sentiu falta de ar.

– Estamos arruinadas. Não vejo como ela pode sequer esperar recuperar-se economicamente, a não ser que os meus vestidos sejam um sucesso. O meu plano de cinco anos acabou-se antes sequer de começar.

– Lágrimas de crocodilo, minha querida! – exclamou Luc, que não acreditava na sua tristeza.

– Não posso comprar os vestidos – disse Bella, olhando para as suas mãos. – Já tenho… já tenho problemas suficientes neste momento.

– Mesmo assim, não te importaste que fosse Maria a tê-los.

– Sabia que resultaria com o tempo – explicou ela, com o desassossego reflectido no olhar. – Talvez devesse ter estabelecido uma cláusula de escape para Maria. Não pensei nisso.

– Simplesmente, pensaste em usar Maria e, se as coisas não corressem bem, partir sem nenhuma responsabilidade. Achas que vou ficar de braços cruzados e deixar o futuro do negócio da minha tia nas tuas mãos, agora que sei o que fizeste, Arabella?

– Se Maria fosse tão rica como eu achava…

Bella levantou-se e agarrou na sua mala.

– Trabalharás comigo até resolvermos as coisas, Arabella – decretou Luchino. – Usarás os teus vestidos nas recepções mais importantes de Melbourne, no teatro, na ópera, nas festas… em qualquer lugar onde os teus possíveis clientes se reúnam.

– Uma coisa é usar um vestido bonito e ir ao teatro com as minhas irmãs – disse Bella, que adorava fazê-lo com elas e com o marido de Chrissy, que estava grávida. – Mas tu não podes decidir as coisas e dizer que tenho de as fazer. E, de qualquer forma, porque quererias estar comigo?

– Posso decidir e fazer com que o faças. Não quero estar contigo. Simplesmente, quero confirmar que cumpres as minhas exigências. Não quero que a minha tia sofra por tua causa – disse Luc, roçando no braço de Bella, enquanto saíam do restaurante. – Quero que faças tudo o que for necessário para que isto resulte e quero que o faças discretamente.

– Sem dizer a Maria – disse Bella, que queria falar com ela. – E se insistir em falar com ela?

Luc, simplesmente, continuou a andar e olhou para ela nos olhos.

– Se não cumprires algum dos meus requisitos, haverá represálias e arruinarei a tua reputação de estilista. Nunca mais conseguirás voltar a trabalhar nessa área.

– Farias isso? – perguntou ela.

Respondeu a si mesma ao ver o aborrecimento que os olhos escuros de Luc reflectiam.

– Não duvides, Arabella – disse ele, abrandando o passo. A angústia apoderou-se da sua cara.

– Luchino? O que…?

Parecia que ele não estava a ouvi-la. Bella seguiu com o olhar para onde ele estava a olhar e viu que estavam novamente perto do seu carro. E viu… uma menina pequena e uma senhora de meia-idade ao lado do carro. Uma menina de cabelo preto encaracolado, com pele morena.

A filha de Luc?

Ali? Com ele? Porquê? Bella tentou compreender, mas tudo o que viu foi uma menina assustada, que se agarrava àquela senhora ao ver que Luchino se aproximava.

Era a mesma expressão que as suas irmãs tinham tido várias vezes reflectida na cara, até que ela conseguira dar-lhes estabilidade e uma nova vida, depois do abandono dos seus pais. Dera às suas irmãs todo o amor que os seus pais se tinham recusado a dar-lhes…

– Papá? – a menina tentou dar alguns passos para a frente. – Estiveste fora muito tempo. A ama Heather tinha medo de que não regressasses.

– Grace – murmurou Luc, como se lhe doesse dizer aquele nome.

A emoção sentia-se no ambiente.

– Aceito as tuas condições – disse Bella, que sabia que não tinha outra opção. – Trabalharei para vender os meus vestidos o mais depressa possível. Irei aos eventos sociais contigo, até a situação económica de Maria melhorar e, então, fá-lo-ei sem ti.

– Uma escolha acertada.

– Tenho de ir ou perderei o eléctrico. É… é por ali – disse, assinalando uma direcção ao acaso. – Entrarei em contacto sobre o nosso… acordo.

– Não tens o meu número – disse Luchino, tirando um cartão do bolso e dando-lhe.

– Está bem. Agora já tenho. Adeus! – despediu-se Bella, saindo dali a toda a pressa.

Amor italiano - Mistérios do deserto

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