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Capítulo 4

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– Parece que estás a causar uma boa impressão entre os convidados.

Desde o início da noite, Luc mantivera Bella ao seu lado para a vigiar, para se certificar de que fazia todos os possíveis para atrair o interesse dos seus vestidos. Mas o problema era que ela atraía também o seu interesse. Não podia negar o efeito que Arabella Gable causava nele.

– Para o teu bem, espero que essa boa impressão faça com que vendas depressa os vestidos.

– Eu também espero. Como já te disse, afastar-me-ei de ti assim que for possível, Luchino.

– Mas ainda não podes afastar-te de mim, porque precisas de mim para conseguires entrar em eventos sociais como este.

Luc observou como a frustração se apoderou dela e uma parte dele queria que ela perdesse o controlo, que todos os seus sentimentos explodissem…

Anunciaram que o jantar estava pronto. Luc começou a procurar os seus lugares, estimulado pela proximidade de Bella. Quando se sentaram, ela falou e brilhou entre os outros convidados. Luc esteve atento a cada palavra que ela dizia e a cada sorriso que esboçava… a toda a gente, menos a ele.

Perguntou-se se beijando-a, se saboreando os seus lábios, faria com que desaparecesse o interesse que tinha nela.

– Vamos dançar – disse ele, quando o baile começou. – Uma mulher atraente a dançar com um vestido bonito… O que pode chamar mais a atenção do que isso? Consegues vender o teu nome e a tua mercadoria desta maneira, Arabella?

– Consigo fazer o que tiver de fazer – disse ela, enquanto começava a valsa.

Começaram a dançar e os seus corpos mexiam-se em perfeita harmonia. Parecia que ela pertencia aos seus braços… Juntaram-se-lhes outros casais, mas Luc só via Bella e sentiu que ela só o via a ele. Naquele momento, ele soube que queria levá-la para a cama e passar uma noite de paixão com ela…

– A música acabou. A noite acabou – disse, agarrando-lhe na mão e tirando-a da pista de dança.

– Luc? – perguntou Bella, tentando libertar-se. – O… o que estás a fazer? Podia dançar com outras pessoas, relacionar-me com elas…

– Esta noite, não – disse ele, sem a largar. – Tu e eu temos negócios para resolver de uma vez por todas.

Aquilo até pareceu racional, mas, quando se despediram dos anfitriões e o homem beijou a mão de Arabella, Luc deu um passo em frente em sinal de advertência.

– Bom, boa noite e obrigado por ter vindo – disse o anfitrião, inclinando-se para atrás.

Luc murmurou algo e indicou o caminho a Bella, pondo-lhe uma mão nas costas.

O ar frio da noite não foi capaz de sufocar o desejo que queimava Luc por dentro.

– Luc? Não tenho a certeza do que estás a pensar, mas parece-me que não podemos seguir em frente com isto…

Quando chegaram ao carro, ele encurralou-a contra este, sem lhe tocar, mas muito, muito perto.

– Desejas-me. Posso vê-lo nos teus olhos.

– O que te faz pensar isso? Eu não disse nada.

– Isto é o que me faz pensá-lo, Arabella – disse, beijando-a. Com aquele beijo responderia à sua pergunta e, depois, esqueceria para sempre o seu desejo por ela.

Mas os lábios dela eram suaves e respondiam. Tinham o sabor de algo que ele não se apercebera que desejava. Mas, naquele momento, percebia. Bella emitiu um grito abafado pela comoção e ele aproveitou a oportunidade para a saborear ainda mais. Agarrou-a pelos ombros, permitindo que o beijo se tornasse mais profundo, que as suas bocas se acariciassem. Perguntou-se se saberia o que estava a fazer…

Bella era suave, muito suave, onde quer que lhe tocasse, a suavidade contrastava com a mulher forte que ela apresentava ao mundo. Ao dar-se conta de que a desejava num aspecto que ia mais além do puramente físico, afastou-se dela. Mas disse para si mesmo que fora apenas um ataque imprevisto de desejo sexual.

Bella ficou a olhar para ele, com os olhos esbugalhados. Parecia que também estava aturdida.

– Isto não devia ter acontecido – conseguiu dizer.

– Não dês muita importância ao beijo, Arabella. Simplesmente, senti que devíamos apagar os fantasmas do passado. Foi só isso.

– Tu eras um homem casado e tentei, por todos os meios, esquecer-te quando descobri.

Luc poderia ter-lhe dito que estava a separar-se, que estava a planear contar-lhe a sua situação e pedir-lhe para que compreendesse. Mas não o fez.

– Portanto, querias enterrar qualquer sentimento ou atracção que tivéssemos sentido no passado. Considera-o feito e não voltes a beijar-me.

– O beijo foi como eu queria. Não vejo necessidade de o repetir – disse Luc, que se enganou, dizendo a si mesmo que aquilo acabara com a sua história, que já podiam seguir em frente.

Naquele momento, apareceu um táxi e Luc levantou a mão para o chamar, adiantando-se a ela.

– Amanhã, vou buscar-te às seis horas, para irmos ao jantar no cruzeiro pelo rio Yarra. Calça uns sapatos com os quais consigas andar bem pela coberta de um barco em movimento.

– Assim o farei. Pretendo ter muito cuidado com tudo à tua volta, Luchino. Começando agora mesmo.

Bella entrou no táxi e, sem olhar para trás, indicou a sua morada ao taxista.

Luc entrou no seu carro e dirigiu-se para sua casa, e foi verificar como estava a sua filha ao chegar. Estava a dormir profundamente.

Grace…

Parecia-se tanto com Dominic quando dormia. Aproximou-se para lhe dar um beijo na testa e um sentimento de protecção apoderou-se dele.

Perguntou-se como conseguira afastar-se dela. Era uma dor com a qual teria de viver para sempre.

Suspirou e foi para o seu quarto. Na segunda-feira, Maria regressaria à sua loja. Inclusive naquele momento, talvez já tivesse regressado a sua casa e tivesse ouvido a sua mensagem no atendedor de chamadas. Se não respondesse durante o fim-de-semana, na segunda-feira iria à loja.

Sim. Tinha de se concentrar em Maria, em conhecê-la e em não ter mais contacto com Bella do que o estritamente necessário.

Viram Melbourne de um luxuoso cruzeiro. Depois de beber uma vodka, Bella começou a beber água mineral, enquanto Luc bebia vinho tinto. Ela conversou animadamente com outros convidados e, quando a noite acabou, mandou parar um táxi para que a levasse a casa.

– Boa noite – disse, com firmeza, enquanto se metia no automóvel. – Vejo-te no próximo evento social a que formos.

Disse para si mesma que não ia pensar nele até então e conseguiu até segunda-feira, quando a voz de Luc alterou o silêncio momentâneo que havia na loja.

– Sei que não deve lembrar-se de mim, zia. Eu também não me lembro de si, mas eu gostava de a conhecer.

Bella ficou petrificada e esperou para ver que resposta Maria lhe dava.

Ao ver que não havia resposta, olhou para ver o que acontecia e viu Luc no balcão, de perfil, e Maria pálida.

– Maria? – perguntou Bella, que não parou para pensar. Simplesmente, levantou-se e aproximou-se da sua chefe para a ajudar.

Ao ouvi-la, Luc olhou para ela com a impotência reflectida na cara, o que provocou um aperto inexplicável no coração de Bella.

– Oh, Arabella, esqueci-me que estavas a trabalhar lá atrás! – exclamou Maria, sem saber o que mais dizer.

– Só vim ver se estava tudo bem.

– Sim, bom, não sei. Não esperava isto, embora talvez devesse ter… – Maria parou de falar.

– Está surpreendida por conhecer Luchino.

Não era justo, mas, só por dizer o nome dele, faltava-lhe o ar…

Então, algo chamou a atenção de Bella; a filha de Luc apareceu por detrás do seu pai, o qual a segurava pela mão. Aquilo fê-la perguntar-se se Luc realmente amaria a sua filha.

– Arabella, chegaste a tempo de ouvir o meu convite e de conheceres a minha filha – disse Luc, sorrindo a Bella. – Grace, esta é Arabella Gable.

– Olá, Grace! Prazer em conhecer-te – disse à menina, sentindo-se calma e no controlo da situação.

– Olá! Prazer em conhecê-la – disse a menina, depois de examinar Bella com o olhar, sorrindo envergonhadamente.

Arabella avisou a si mesma que não devia comover-se, mas a menina era encantadora. Notava-se que tinha mais sotaque do que o seu pai.

– Muito bem, Grace – disse Luc, pondo uma mão na cabeça da sua filha.

Aquele gesto deixou claro a Bella que Luc realmente se preocupava com a sua filha, mas, ao olhar para ela, viu que a expressão da sua cara era a de uma menina infeliz.

– Luchino… e com a tua filha… – disse Maria. – Sabia… sabia que estavas em Melbourne e que tinhas aberto uma loja. Recebi a tua mensagem telefónica. Não sabia… queria… Não tinha a certeza de se devia…

– Não sabia o que esperar de mim? – perguntou Luc, encolhendo os ombros.

Fosse o que fosse o que acontecera entre Maria e a sua família no passado, parecia que ela estava muito interessada naquele parente…

– Sei que não viu nenhum membro da família durante muito tempo e não vou pedir-lhe que me explique porquê – disse Luc, com amabilidade. – Esperava que abrisse uma excepção comigo e que viesse jantar a minha casa. Eu gostaria de ter a oportunidade de a conhecer e também de que Grace conhecesse a sua tia de Melbourne.

– Oh, oh, caramba! – exclamou Maria, torcendo as mãos.

Luc aproximou-se mais do balcão e, ao mesmo tempo, ainda mais de Bella. Antes que ela pudesse inclinar-se para atrás, agarrou-lhe na mão.

– Não sei se Bella lhe terá dito, mas ela e eu temos andado a sair juntos. Conhecemo-nos em Milão há anos e, desde que vim para a Austrália, reatámos a nossa relação.

Bella sentiu-se muito culpada, mas a tia de Luc virou-se para ela, a sorrir.

– É… maravilhoso, querida!

– Na verdade, somos só amigos, Maria – disse Bella, sem pensar nas consequências. – Mas estou muito contente por você e Luchino se terem encontrado depois de tantos anos.

– É assim que lhe chamas, Arabella? Somos amigos? – perguntou Luc, avisando Bella com o olhar.

Então, aproximou-se do pescoço dela para lhe falar, num gesto aparentemente carinhoso.

– Lembra-te do acordo, Arabella, ou sofrerás as consequências se o quebrares – disse, apertando, por um momento, os seus lábios contra a curva suave do pescoço dela.

Então, virou-se e sorriu a Maria.

– Por favor, aceite o meu convite para jantar, zia. Significaria muito para nós.

– Irei. Obrigada pelo convite – disse Maria, que parecia surpreendida com a sua própria resposta, quase assustada. – Arabella pode levar-me no seu pequeno carro, para que, assim, não tenha de me preocupar com não me perder.

– Ah…! – começou a dizer Bella, a qual, normalmente, levaria Maria a qualquer lugar sem problemas, mas que não queria misturar-se no jantar privado de família. – É uma boa ideia, Maria. Mas não…

– Não queres beber e conduzir? – interveio Luc. – Muito sensato! Prometo-te que terei algo agradável para beber, mas que não seja alcoólico.

– Claro, adorarei ir! – forçou-se a dizer e a sorrir Bella, pensando que talvez não fosse uma perda de tempo, já que poderia falar com a ama e descobrir sobre o bem-estar de Grace.

– Farei tudo o que puder para me certificar de que passas uma boa noite, Bella mia – disse Luc, sorrindo a Arabella.

Bella ia dizer algo, para pôr Luchino no seu lugar por a ter chamado «Bella mia», mas ele adiantou-se.

– Às sete horas, na minha casa – disse, tirando o bloco de notas do balcão para escrever a sua morada.

Então, pôs o papel na mão de Bella, que tremeu perante o contacto dos seus dedos.

– Estou desejoso de a receber na minha casa – disse Luc à sua tia. – Obrigado por aceitar o meu convite.

– Não mereço… – começou a dizer Maria. Ao ver que a sua tia não queria continuar a falar, Luc e a sua filha partiram da loja. Bella queria perguntar a Maria o que começara a dizer, mas, ao olhar para a cara dela, decidiu que era melhor não o fazer e dirigiu a sua atenção para uma cliente que acabava de entrar.

Ao reconhecer que era uma das pessoas presentes no jantar a que tinham ido há algumas noites, sentiu um calafrio a percorrer-lhe a espinha dorsal.

– Tenho a certeza de que posso deixar-te encarregue de atender esta senhora, Arabella – disse Maria, suavemente, dirigindo-se para a porta. – Preciso… de estar sozinha.

Amor italiano - Mistérios do deserto

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