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Capítulo 3

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Quando Bella chegou ao seu apartamento, tentou manter as suas emoções sob controlo, mas tinham acontecido demasiadas coisas muito depressa e não sabia como começar a assimilá-lo.

– Estou em casa – disse, em voz alta, ao entrar. A sua irmã, Soph, veio recebê-la.

– Olá! O que te parece esta cor de cabelo? Supõe-se que tenho de enxaguar, mas parece bastante… – Soph parou de falar. – Parece que viste um fantasma.

– Sim – Bella riu-se, mas conteve-se de continuar a fazê-lo, já que roçava a histeria. – Vi um fantasma. E, se não fizer o que ele quer, vai arrebatar o sonho da minha vida.

Soph ficou a olhar para a sua irmã e agarrou no telefone sem fios, telefonando com marcação rápida.

– Podes vir? Parece-me que temos de fazer uma assembleia familiar.

– Estou bem, Sophia. Não tens de te preocupar com nada – disse Bella.

Mas era demasiado tarde. Soph já telefonara e a irmã de ambas não demorou a chegar.

Chrissy chegou enquanto Bella estava a tentar esclarecer as ideias. As suas duas irmãs ficaram a olhar para ela e Bella soube que teria de lhes explicar o que se passava.

– Hoje vi Luchino Montichelli. A sua filha estava com ele. Não exactamente com ele, mas estava lá, à espera no carro quando regressámos, com uma ama ao seu lado.

– Voltou a cuidar da menina? – perguntou Soph, cujo tom de voz deixava claro que aquilo lhe parecia incompreensível. – Não disseste que a tinha abandonado após o seu divórcio?

– Também me custa a acreditar e não faço ideia se a menina está permanentemente com ele ou não.

– Pergunto-me se agora ama a menina – disse Chrissy, acariciando a barriga. – Porque uma criança precisa que a amem e, se os pais não conseguirem fazê-lo, não têm o direito nem de estar perto delas.

– Tu amas muito o teu bebé. Todas amamos. Tenho muita vontade de ser tia – disse Soph, abraçando a sua irmã pelos ombros.

Então, Bella explicou-lhes a ameaça a que estava submetida.

– O que vais fazer, Bella? – perguntou Chrissy. – Não podes aceitar este ultimato. Terias de o ver constantemente e suportar que considere que és ambiciosa, e que usaste Maria.

– Acho que não tenho outra opção – disse Bella, que começou a dar voltas pela sala.

– Nate e eu podemos comprar os teus vestidos, para que assim devolvas o dinheiro a Maria. Podemos ajudar-te a estabeleceres-te por tua conta, Bella, para que recomeces. Com a tua própria loja, em qualquer lugar. Tenho a certeza de que Nate o verá como um investimento a longo prazo.

– Ou isso, ou as três pedimos empréstimos ao banco para assim poderes resolver o problema – disse Soph.

– Isso talvez permita a Bella pagar a Maria – disse Chrissy. – Mas não acho que consigamos dinheiro suficiente para que possa estabelecer-se numa loja nova.

– Acho que tens razão – disse Soph, soprando uma madeixa do seu cabelo cor-de-rosa. – Suponho que, então, Nate tem de nos ajudar – olhou para Bella. – Sei que não tiveram um bom começo quando ele engravidou Chrissy e tudo isso, mas vejam como as coisas correram bem! De qualquer forma, ele ajudará e o mais importante é que não queremos que te aproximes do canalha que te magoou quando estiveste em Milão.

– Um dos canalhas. Lembrem-se que o organizador do espectáculo também levou Bella para o seu quarto naquela última noite – recordou Chrissy.

– Devias ter-nos contado a verdade toda quando regressaste daquela viagem – disse Soph.

Bella levantou-se no meio das suas irmãs.

Aquilo doía-lhe. Amava-as. Queriam ajudá-la, mas não podia permitir que o fizessem.

– Contaste-nos agora a verdade toda, Bella? – exigiu saber Chrissy.

– Sim, foi só isso. Sei que podia ter-vos contado muito mais do que aconteceu em Milão naquela altura, mas queria tentar esquecê-lo.

Bella respirou fundo.

– Agradeço a tua oferta para me ajudares, Chrissy, mas não seria correcto que Nate e tu se comprometessem com tanto dinheiro.

Ao considerar a situação em que estava, Bella hesitou.

– Neste momento, pergunto-me se fiz bem em abandonar a profissão de modelo. É verdade que não era o trabalho dos meus sonhos, mas talvez não tenha tido em conta todos os riscos do ramo dos estilistas. Simplesmente porque vos fiz a roupa toda durante anos…

– Fizeste os conjuntos mais impressionantes com um orçamento muito pequeno. Tens talento, Bella! – insistiu Chrissy.

– Também não posso consentir que Soph e tu peçam empréstimos para me ajudarem, embora agradeça muito.

– Mas tens de sair da situação em que te encontras – disse Soph.

– Não. Luchino disse que não tenho outra opção e tem razão. Tenho de vender os vestidos rapidamente. Se trabalhar para ele, é a única maneira de o conseguir… Terei de o suportar.

– Resolveria o problema – Chrissy assentiu, contrariada. – Desde que não tente ultrapassar o acordo de negócios, tentando torná-lo mais pessoal – então, olhou para Bella, indagadora. – É provável que isso aconteça?

– Não, pois ele pensa que sou ambiciosa e eu sei o que é capaz de fazer. A desconfiança de ambas as partes não dará azo a nenhuma relação pessoal.

Negando-se a pensar na química que existira entre Luchino e ela, Bella abraçou, primeiro, Soph e, depois, Chrissy.

– Obrigada por falarem comigo e por se oferecerem para me ajudarem.

– E… a sua filha? – perguntou Soph, tentando esconder a sua vulnerabilidade perante aquilo. – Talvez devêssemos descobrir como está a tratá-la.

– Oh, Soph! – exclamou Bella, a qual, na verdade, também a preocupava. – Vou descobrir.

Bella tinha de enfrentar aquela situação, escondendo os seus sentimentos por detrás do muro que criara à volta do seu coração.

– Consigo fazê-lo. Resultará. Cuidarei de mim e certificar-me-ei de não sair magoada.

– Se a situação fugir do teu controlo, deixarás que te tiremos de lá! – sentenciou Chrissy.

Bella assentiu, contrariada, embora, na verdade, não tivesse nenhuma intenção de permitir que as suas irmãs ou o seu cunhado lhe dessem tanto dinheiro.

– Está bem, então suponho que já está tudo esclarecido. Quero mostrar esta cor de cabelo a Danni e a Michelle – disse Soph, dirigindo-se para o seu quarto. – É melhor ir ver o que posso vestir esta noite.

Assim que as suas duas irmãs se foram embora, Chrissy para a casa onde vivia com Nate Barrett e Sophia para um clube com as suas amigas, Bella pegou no cartão que Luchino lhe dera e telefonou-lhe.

– Montichelli.

Só de ouvir a sua voz ao telefone ficou nervosa.

– Quero um itinerário dos eventos sociais a que vou ter de ir contigo, para assim poder preparar o que vou vestir em cada ocasião – disse, sem se incomodar em cumprimentá-lo. – Por enquanto, não direi nada à tua tia, mas quero que fique claro que não gosto de a enganar. Quando vamos ao primeiro evento social?

– Amanhã à tarde – disse Luc, nomeando-lhe os anfitriões e o lugar onde viviam. – É um casal, dono de um complexo de campos de golfe existente no país inteiro. Vou buscar-te às sete horas.

– Também gostaria de saber como vais explicar estas saídas à tua tia…

Bella deixou de falar ao dar-se conta de que Luc desligara o telefone.

Na noite seguinte, enquanto dava os últimos retoques de maquilhagem, Bella recordou a conversa telefónica que tinham tido. Ou, melhor dizendo, pensou no que deveria ter perguntado, mas não tivera oportunidade. Era sábado. Desejou que tivesse passado um ano e que Luchino Montichelli fosse novamente uma lembrança distante.

Soph aproximou-se da porta da casa de banho com o secador na mão; o cor-de-rosa do seu cabelo desaparecera ao lavá-lo.

– Podes mudar de ideias, Bella. Luchino Montichelli não tem nenhum direito de te obrigar a fazer isto.

– Está preocupado com a sua tia – disse Bella, que realmente achava que assim era.

– E tu vais ver o que se passa com a sua filha – ao dizer aquilo, Soph relaxou um pouco.

– Sim, farei o que puder. E, Soph, não tenho qualquer outro interesse, a não ser o comercial, para estar perto de Luchino.

– Se tu o dizes… – disse Soph, que não parecia convencida. – Chrissy e eu continuamos sem gostar que este homem insista para que saias com ele, alegando que é por causa de negócios. O que aconteceria se tentasse seduzir-te novamente? – perguntou, preocupada. – Não queremos que te magoe.

– Não permitirei que isso aconteça e, de qualquer forma, Chrissy e tu deviam preocupar-se com os vossos próprios problemas, não com os meus. Não devia ter-vos contado tudo.

Então, viu-se ao espelho para confirmar como estava, compôs o vestido azul-escuro que usava e apressou Soph a ir para a sala.

– São só negócios, Soph. Só tenho de tratar o assunto como tal.

Ouviram-se passos fora da casa, seguidos de uma pancada forte na porta.

– Eu vou – avisou Bella à sua irmã, indo abrir a porta.

Quando viu Luchino Montichelli ali de pé, vestido com um fato elegante, teve de respirar fundo.

– Olá, Luchino! Estou pronta para sair.

– Boa noite, Arabella. Não vais apresentar-me? – Luc olhou sobre o ombro dela e entrou na pequena sala do apartamento.

Ao passar ao seu lado, Bella pôde cheirar o seu perfume… e gostou muito.

– Bella? – Soph olhou para Bella com o sobrolho franzido. Aquilo distraiu Bella da sua… surpresa, ou o que quer que fosse.

– Sophia, este é Luchino. Luchino, a minha irmã, Sophia.

Não queria demorar-se com as apresentações, nem dar à sua irmã a possibilidade de começar com um interrogatório, que só faria com que perdessem tempo.

– Vamos embora – disse. Queria Luchino fora da sua casa, assim como acabar, o quanto antes, com aquilo. – Temos de discutir alguns assuntos enquanto nos dirigimos para o jantar. Acabaste a nossa conversa telefónica sem me permitires que te perguntasse o que querias.

– Tens assim tanta vontade de estar na minha companhia, Arabella? – perguntou ele, examinando-a com o olhar. Este traiu-o, mostrando o interesse que tinha nela. – Estás… bem.

– Obrigada. Eu, hum… – disse Bella, que tinha de tentar recompor-se. – Não tenho vontade de estar contigo. Simplesmente, há algumas coisas que é necessário suportar e, o quanto antes, melhor. Como quando é necessário tomar um medicamento que sabe muito mal.

– É esse o conceito que tens da nossa noite?

– É o conceito que tenho desta história toda, até, finalmente, acabar – disse ela, deixando de olhar para ele e abrindo a porta do apartamento. – Se a conversa já acabou, talvez devêssemos ir.

– A noite espera-nos – disse Luc, dirigindo-se para a porta. Então, olhou para Soph. – Prazer em conhecer-te. Talvez, noutro dia, tenhamos oportunidade de falar mais.

– Depois vemos! – exclamou Soph, com o secador na mão.

– Está tudo bem, Sophia. Simplesmente, havia algumas coisas que precisávamos de falar. Peço desculpa se te deixámos fora da conversa – disse Bella, ao aperceber-se de que tinham ignorado a sua irmã.

Então, partiram e entraram no carro de Luc.

– A tua irmã parece agradável – observou ele. – Talvez um pouco protectora.

Bella compreendeu que Luc também se apercebera do secador que a sua irmã segurava!

– Soph é cabeleireira – disse ela, como se, com aquilo, explicasse algo.

Mas aquela não era a questão. Ela tinha perguntas para fazer e queria respostas.

– Ainda não me disseste como se supõe que vamos explicar isto tudo à tua tia – Bella queria saber o que ele pensava e estava a planear. – Refiro-me a trabalharmos juntos para vendermos os meus vestidos. Se começarmos a ter a fama que tu esperas, Maria não se perguntará porque aparecemos juntos nesses eventos sociais?

– Podemos resolver esse problema – disse ele, tirando alguns papéis do bolso da sua camisa e dando-lhos, enquanto esperava que um semáforo ficasse verde. – Este é o itinerário a seguir. Informar-te-ei de qualquer mudança ou novo evento a que tenhamos de ir.

– À primeira vista, parece… aceitável – disse Bella, que reconheceu alguns dos nomes da lista e sabia que, de outra maneira, nunca se teria aproximado daquelas pessoas.

Mas, enquanto colocava a lista na sua mala, pensou que não devia sentir-se agradecida.

– Não respondeste à minha pergunta.

– Diremos à minha tia toda a verdade que nos for possível. Conhecemo-nos há alguns anos em Milão. Quando regressei à Austrália, voltámos a estabelecer contacto e agora divertimo-nos a sair juntos.

– Queres fingir que andamos a sair juntos? – perguntou, impressionada.

– Poupará muitas perguntas difíceis. Acho que conseguimos ter a imagem de duas pessoas que estão muito interessadas uma na outra. Não achas?

– Simplesmente, porque, em tempos, tivemos um breve romance… – disse ela, furiosa perante aquele descaramento. – Não podemos fingir ser amantes.

Naquele momento, o semáforo ficou verde e Luc continuou a conduzir.

– Não recordo ter utilizado o termo «amantes», mas precisamos de uma razão para que nos veja juntos em público. É um problema assim tão grande para ti, Arabella? Se mantiver Maria contente e tu venderes os teus vestidos…

– Deverias contar-lhe a verdade.

– É a minha família. Não permitirei que nada lhe aconteça. Já dei alguns passos… – parou de falar.

Mas já era demasiado tarde. Bella recordava o que ele dissera noutra vez sobre ter comprado algo para a sua tia…

– Pagaste as suas dívidas, não foi? Mas, se o fizeste, porque te incomodas comigo? Já está resolvido, não está?

– Excepto o facto de que tu és responsável por devolveres todo esse dinheiro pelos teus vestidos. E pretendo ser testemunha de que o fazes! De qualquer forma, como adivinhaste? Eu não te disse.

Luc agarrou com força no volante e Bella recordou como aqueles dedos lhe tinham acariciado o queixo, segurando-a, tendo-se preparado para a beijar…

– Quanto foi, Luchino? Quais são as condições? Quanto dinheiro te deve Maria?

– Não importa como o fiz ou quanto paguei. Não podia deixá-la daquela maneira, portanto… tratei de algumas coisas.

– A mim, importa-me. Eu vendi a minha colecção a Maria, não a ti. Não quero estar economicamente ligada a ti.

– Ah, não? Bom, acabaste de me dar uma razão para te responder – disse Luc, zangado. – Paguei as dívidas de Maria e dispus que ela me fosse pagando em pequenas mensalidades, com juros baixos e a longo prazo. No que lhe diz respeito, é um gesto filantrópico de alguém que simplesmente deseja fazer parte da indústria da moda, que tem muito dinheiro e que é suficientemente excêntrico para fazer isso por prazer próprio. Acho que agora és minha, Arabella. Habitua-te a isso.

Embora Bella tivesse suposto que a verdade seria desagradável, ouvir aquilo fez com que sentisse um nó no estômago.

– Quando Maria estiver preparada para isso, dir-lhe-ei a verdade toda – disse ele, olhando para Bella para a avisar. – Até então, não lhe dirás nada disto.

– Fizeste com que seja impossível que fale com ela – disse Bella, deitando faíscas. – Como bem sabes!

– O que me importa é o bem-estar de Maria – então, mudou de assunto. – Nunca falaste da tua família quando estivemos juntos em Milão, mas, mesmo assim, vejo que deves ter uma boa relação com as tuas irmãs. Há uma parede cheia de fotografias de vocês as três e é óbvio que Sophia te protege muito, mas… e os teus pais?

– No que me diz respeito, andam a viajar pela galáxia numa aeronave – respondeu Bella, que respirou fundo. – O que me importa são as minhas irmãs.

Naquele momento, Luc parou o carro diante de uma casa elegante e luxuosa.

– Discutiste com os teus pais? – perguntou ele, que parecia realmente preocupado.

– Já chegámos. Acabemos com isto – disse Bella, saindo do carro e ignorando aquela pergunta. Não queria falar com ele sobre a sua vida privada.

Ao dirigir-se para a porta da grande mansão, Bella começou a ficar muito nervosa.

– É a tua armadura, para quando estás assustada – disse Luc. – Como não me tinha dado conta antes? Levantas o queixo, para fazeres os outros pensarem que não precisas de ninguém, mas é só uma farsa para esconder as tuas inseguranças.

– Quero ter sucesso. É só isso.

Bella odiava que ele conseguisse ver o que o resto do mundo nunca vira.

– Boa noite. Posso ficar com os vossos pertences? – perguntou-lhes um homem elegantemente vestido ao recebê-los à porta.

Conduziram-nos para um luxuoso salão de baile, onde havia um grande grupo de pessoas elegantes. Bella começou a sentir-se invadida pelo pânico.

– Espera…

– São só pessoas. Vai correr tudo bem – disse Luc, animando-a com o olhar.

Agarrou-a pelos ombros e entrou na sala, sussurrando-lhe algo ao ouvido que ela mal compreendeu, já que estava muito atenta a quão perto estava dele.

– Vejamos como convences todas aquelas mulheres a quererem usar os teus vestidos.

Bella levantou o queixo e fez o possível para controlar os nervos.

– Estou mais do que disposta a cativar a atenção das mulheres da sala, a fazer com que se interessem pelos meus vestidos – disse Bella, com toda a força que conseguiu. – Quero resolver as coisas o mais depressa possível, para assim não ter de voltar a ver-te!

Luc simplesmente sorriu daquela maneira tão devastadora que fazia com que ela quisesse esbofeteá-lo ou desatar a correr. Talvez ambas.

– Então, vamos relacionar-nos com as pessoas – disse ele. – Vamos?

Amor italiano - Mistérios do deserto

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