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Capítulo 4

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Em vez de responder à brincadeira, Sarah ficou em silêncio. Nenhum dos dois falou durante o almoço e ela acabou primeiro.

Ele olhou para a comida que restava no seu prato.

– Não queres mais?

– Não, obrigada.

– Estás a reservar-te para um jantar suculento esta noite?

– Não.

– Estava a pensar que, como não temos nada para fazer esta noite…

– Claro, convida-a para sair – disse Sarah, interrompendo-o.

– Quem?

– A empregada de mesa. É evidente que está interessada.

– Mas eu não. Como estava a dizer, talvez pudéssemos ir ao cinema esta noite. Não há cinema em Sydney Creek. O que te parece?

Ela olhou para ele com um ar de estupefacção.

– Há algum filme que queiras ver?

– Não sei quais são as hipóteses.

– Não costumavas ir muito ao cinema?

– Não. Eu nunca ia ao cinema. Era demasiado caro para irmos os três.

– Nunca fazias coisas sozinha?

– Não depois de voltar a casa.

– Vou buscar o jornal, para ver o que está em cartaz.

Quando voltou à mesa, abriu o jornal na secção dos anúncios.

– O que te apetece ver?

– Um com final feliz.

Brad encontrou uma comédia romântica que tinha muito boas críticas.

– Como este? Achas que gostarás?

– Suponho que sim, mas não tens de me entreter, Brad. Isso seria pedir demasiado.

– E se nos entretivermos mutuamente com um filme? – esboçou um sorriso reconfortante.

Então, perguntou à empregada de mesa onde era o cinema mais próximo e foi pagar a conta. Era evidente que Sarah se sentia incomodada.

– Voltemos para o quarto para descansar um pouco – sugeriu Brad, depois de fazer planos. – Temos meia hora se quisermos chegar a tempo à sessão das cinco.

Sarah concordou. Brad não sabia se desejava fazer a sesta ou se realmente queria fugir dele.

Uma vez só no seu quarto, Sarah recordou a última vez que fora ao cinema. Tinham passado três anos e tinha muita vontade de ir. Com Brad.

Já dentro da carrinha, ela desejou poder ver o rosto de Brad, mas a escuridão da noite envolvia tudo em sombras.

Sarah obrigou-se a recordar que Brad só a levava ao cinema por obrigação, mas isso não diminuiu a sua alegria. Durante o tempo que estivera em casa da sua mãe não tivera muitas oportunidades de sair.

Sarah ficou em silêncio durante o caminho. O trânsito de Denver era denso àquela hora. Quando ele estacionou, ela respirou fundo, aliviada.

– Receava chegar atrasada.

– Não, temos muito tempo. Podemos ir comprar pipocas e bebidas antes de começar o filme.

– Pipocas? Bebidas? Mas não vamos jantar depois?

– Claro. Mas tens de comer pipocas quando vais ao cinema.

Sarah olhou para ele fixamente.

– Vá lá, rapariga, não queremos chegar atrasados – disse, saindo da carrinha.

Sarah também saiu e, naquele momento, ele agarrou-a pela mão e puxou-a em direcção à entrada.

Só a soltou quando teve de tirar o dinheiro para comprar os bilhetes, mas, quando o fez, Sarah sentiu saudades do toque dos seus dedos.

Brad comprou um pacote enorme de pipocas e dois refrigerantes médios. Ela ajudou-o com o pacote e entraram na sala juntos. Tal como Brad dissera, ainda nem sequer tinham começado os anúncios. Exactamente quando se sentaram, apagaram as luzes.

– Queres segurar as pipocas ou faço-o eu? – perguntou Brad. – Segura tu. Assim podes comer mais facilmente – disse, antes de ela conseguir responder.

Sarah olhou à sua volta. Estava junto de um cowboy atraente, às escuras numa sala de cinema. Nunca teria imaginado que se encontraria numa situação assim.

– Hum, as pipocas estão boas – sussurrou ele.

Ela tirou algumas. Estavam quentes e tinham muita manteiga. De repente, percebeu que estava a divertir-se, apesar das circunstâncias.

Quando chegaram ao restaurante para jantar, Brad comportava-se como se tudo aquilo fosse normal.

– Gostaste do filme?

– Sim. Era engraçado.

– Sim. Eu também gostei. Uma boa escolha.

– Gostaste do miúdo?

– Sim, ficou histérico. Sobretudo, quando o leão o perseguiu.

– Devia ser um leão treinado.

– Claro. Caso contrário, ninguém quereria filmá-lo.

– Eu não me atreveria, mesmo que fosse treinado.

– E se Anna e Davy estivessem em perigo?

– Bom, nesse caso, claro que sim. Qualquer um tentaria salvá-los!

– Era o que eu pensava – Brad riu-se.

– Não sou uma temerária, mas encontraria alguma forma de salvar as crianças.

– Claro que sim… Come.

– Os hambúrgueres estão bons.

Brad concordou.

– Se calhar devíamos ter ido comer uns bons bifes a outro sítio.

Ela abanou a cabeça.

– Eu gosto deste lugar.

Alguns minutos depois, Brad ofereceu-lhe uma sobremesa.

Sarah arqueou as sobrancelhas face à sugestão.

– Não, acho que não. Se tu quiseres, come, mas eu estou cheia.

– Têm brownie de chocolate com gelado. Podemos partilhar.

O empregado de mesa sorriu.

– Muita gente pede para partilhar. Posso trazer duas colheres.

– Muito bem.

Quando o empregado de mesa se foi embora, Sarah inclinou-se para Brad.

– Não acho que consiga comê-lo, Brad. A sério, estou cheia.

– Mas podes comer um bocadinho, não é? Abby disse-me para telefonar esta noite, mas devíamos telefonar agora, antes de as crianças irem para a cama – tirou o telemóvel e marcou o número. Depois de falar durante alguns minutos, passou o telefone a Sarah.

A jovem sentiu um grande alívio quando Anna lhe disse que se tinha divertido na escola. Davy não tinha muito para dizer porque Robbie e ele estavam a jogar um videojogo. Abby garantiu-lhe que estava tudo bem e Sarah não conseguiu evitar sorrir quando desligou o telemóvel.

– Está tudo bem, não está? – perguntou-lhe Brad.

– Sim. Quero agradecer-te, Brad. Portaste-te muito bem comigo. Sei que terias preferido partilhar a noite com a empregada de mesa, mas agradeço-te por a teres passado comigo.

– Não é um sacrifício, Sarah, acredita. Diverti-me muito esta noite – deu-lhe uma colher quando chegou a sobremesa. – Vá lá, prova um pouco. Não consigo comer tudo.

Distraída, Sarah provou um pouco. Tinha a mente no que Brad dissera.

– Não acho. Oh, está muito bom.

– Come-o todo. Estás muito magra.

– Magra? Não acho. Achas?

– Rapariga, podias engordar uns cinco quilos e continuarias a ser linda – declarou, rindo-se.

– Cinco? Não poderia fazer isso.

– Está bem. Dois quilos.

Ela comeu mais duas colheradas e pôs de parte a colher.

– Come um pouco mais, por Davy. Sabes que adora esta sobremesa.

– Sim. Acho que não se sente afectado com esta situação. Anna está mais preocupada.

– Sei que sentem a falta da sua mãe.

– Suponho que sim. Ela… tinha mudado muito. Quando Ellis a meteu na bebida, tornou-se uma pessoa totalmente diferente. Tornou-se irascível e agressiva, negligente e apática.

– Sei que estás a fazer o correcto.

– Tento. Graças a ti e à tua família.

Quando acabaram a sobremesa, regressaram ao hotel e ele acompanhou-a ao seu quarto.

– Serás capaz de dormir esta noite?

– Sim – disse ela, sem saber se seria capaz.

Visões de um cowboy atraente e simpático dançavam na sua cabeça.

Brad tinha muitas coisas em que pensar. Se se tratasse de um encontro convencional, ter-lhe-ia dado um beijo de despedida. E quisera fazê-lo.

Mas o seu irmão e Mike tinham-lhe dito para ir devagar com Sarah. Ela tinha sofrido muito.

Divertira-se muito naquela noite. Ela era encantadora quando relaxava um pouco.

Deitou-se na cama e perguntou-se se ela já se teria deitado. Devia estar cansada. Tinha de enfrentar a polícia no dia seguinte, mas ele estava ali para lhe dar todo o seu apoio. Estava ali para isso.

Brad levantou-se bem cedo de manhã, como de costume. Hesitou um pouco antes de bater à porta de Sarah e decidiu esperar até às sete e meia. Ver televisão era uma perda de tempo, mas queria que ela descansasse tanto quanto fosse possível.

Quando finalmente bateu, a porta abriu-se quase imediatamente.

– Estás pronta para tomar o pequeno-almoço?

– Sim, tenho fome.

– Linda menina! Vamos.

Ele conduziu-a ao restaurante onde tinham almoçado no dia anterior.

Tomaram o pequeno-almoço sem falar. Brad não queria interrompê-la enquanto se alimentava.

– Tens ideia do que querem? – perguntou-lhe Brad, ao entrar na carrinha.

– Só posso dizer a verdade. Espero que isso seja suficiente.

– Boa resposta.

Quando chegaram à esquadra, Brad perguntou pelo capitão John Lazerick. A recepcionista disse-lhe onde o encontrar e dirigiram-se para lá.

– Capitão Lazerick? Sou Brad Logan, ajudante do xerife Mike Dunleavy de Sydney Creek. Esta é a menina Sarah Brownly. Ela presenciou o assassinato da sua mãe às mãos do seu padrasto.

O homem apertou a mão a Brad e depois a Sarah.

– Obrigado por vir, menina Brownly. Queremos prender este homem para sempre.

– Eu também.

– Óptimo! Venha por aqui – virou-se para Brad. – Demoraremos algumas horas, no caso de querer…

– Vou com ela.

O capitão olhou para Sarah e assentiu.

– Está bem. Venham por aqui.

Sarah prestou declarações durante duas horas e respondeu a todas as perguntas do capitão, contando o que tinha visto naquela noite depois de regressar da mercearia. Também lhe contou como fora difícil viver com o seu padrasto, que costumava ameaçar a sua mãe e as crianças.

Quando acabou, o polícia pediu-lhe que se submetesse ao teste do polígrafo. Ao ouvir o pedido, Brad deu um passo em frente.

– Porquê?

– Só queremos ter a certeza. Está demasiado calma. Demasiado.

Brad aproximou-se de Sarah.

– Queres fazê-lo?

– Sim, obrigada, Brad. Eu… Eu agradeço que me ajudes.

– Faz o que me disseste. Diz a verdade e estarás a salvo.

– Fá-lo-ei – disse ela, com um sorriso firme.

Fizeram-na entrar numa sala com uma janela e um aparelho detector de mentiras. Brad juntou-se aos outros polícias, que a observavam de fora.

Estava orgulhoso dela. Aquilo não era fácil, mas enfrentara-o com muita calma.

Passou o teste e Brad esperou por ela à saída.

– Bom trabalho, querida – deu-lhe um abraço e ela escondeu o rosto sobre o seu peito.

– Obrigada, Brad.

– Bom trabalho, menina Brownly. Mas terá de testemunhar em frente do seu padrasto no julgamento. Será capaz?

– Sim, fá-lo-ei. Matou a minha mãe e quero que pague por isso.

– Nós também. Vá comer alguma coisa. Quando voltar, os advogados quererão falar consigo.

Brad agarrou-a pelo braço e conduziu-a ao exterior.

– Vamos, encontrei uma churrasqueira óptima.

– Preciso de uma pausa – sussurrou ela.

– Eu sei. Não sei como esses tipos conseguem fazer este trabalho. É demasiado para mim – entraram na carrinha. – Acho que prefiro as vacas aos assassinos.

– Eu também e nem sequer gosto de vacas!

Ele inclinou-se sobre ela e deu-lhe um beijo na face.

– Eu apresentar-te-ei algumas quando voltarmos a casa. Adorarás!

– Está bem, embora não saiba onde viveremos quando tudo isto acabar.

Almoçaram num pequeno restaurante e conversaram animadamente enquanto comiam.

– Este churrasco está delicioso. Até os legumes estão bons – disse Sarah, enquanto limpava as mãos no guardanapo.

– Sim, mas a vitela é o melhor.

– Falou o cowboy! – exclamou Sarah, na brincadeira.

Ele desatou a rir-se. Alegrava-se por a ver tão contente.

– Exactamente. Fui cowboy toda a vida.

– Fala-me de ti.

– Não há muito para contar. O meu pai e a minha mãe criaram os seis no rancho Logan. O meu pai levava-me a montar a cavalo com ele quando tinha três anos. Então, Nick comprou o seu próprio pónei. Fomos os dois criados para ser agricultores. Os outros procuraram uma vida diferente, mas eu não.

– E o que é que as vacas têm de fascinante?

– Bom, há muitas coisas interessantes. Não só temos de criar vacas, mas também temos de saber de cavalos. Temos de saber da criação de vacas e de compra e venda. Também temos de cuidar da terra para que produza bons pastos. Também é bom saber do tempo e do clima. E precisamos de um bom cozinheiro para podermos fazer o trabalho.

– Ah! Finalmente, entram em jogo as minhas habilidades.

– São muito importantes também. Os cowboys têm de estar bem alimentados.

– Mas parece um trabalho árduo. Nunca te cansas?

– Algumas vezes, quando está mau tempo, fico muito contente por voltar a casa, mas eu gosto do meu trabalho.

– Acho que isso é importante.

– Que tipo de trabalho tinhas?

– Era bom, mas não era interessante. Despediram-me devido à crise económica. Era assistente de relações públicas.

– Para quem?

– Para uma companhia de seguros.

Sarah riu-se ao ver que Brad olhava para o tecto.

– Eu disse que não era interessante, mas eu gostava.

– Vejamos, como governanta tratas das crianças, cozinhas, lavas a roupa e limpas a casa. Sentes-te confortável com tantas responsabilidades?

– Sim, já as tinha antes, para além de trabalhar.

– E a tua mãe não ajudava?

– Costumava fazê-lo, mas depois de ter Davy começou a beber com o meu padrasto. Nessa época não fazia nada em casa.

– Deves ter sofrido muito.

– É por isso que tenho jeito para cuidar da casa. Sei fazer todas essas coisas.

– Sim. Mas se um dia não conseguires aguentar, diz-me.

– Ficarei bem.

– Acho que vão precisar de ti durante mais do que três meses. Há algum problema?

– Não. Quero que as crianças continuem a ir à escola enquanto puderem.

– Seria óptimo. Acho que Abby vai continuar a precisar de ajuda depois de três meses. A recuperação depois de um parto de gémeos é difícil, segundo a minha mãe.

– A tua mãe teve gémeos?

– Não, mas teve seis filhos. Acho que isso será tão árduo como ter gémeos.

– Se calhar é mais difícil. Fala-me da tua família.

– Bom, há Julie, a única rapariga. Vive em Cheyenne. Charlie está na universidade. Matt e Jason vivem em casa com a minha mãe e Mike. Ainda vão à escola – abanou a cabeça e sorriu. – Não posso acreditar que a minha mãe ainda tenha dois adolescentes com ela. E um novo marido.

– Há quanto tempo se casou com Mike?

– Há um ano. A minha mãe e ele construíram uma casa nas terras do rancho para poderem estar perto. Queria que Nick e Abby tivessem privacidade, mas também queria que continuássemos a ocupar-nos do rancho. Levou os pequenos com ela. E… – esboçou um sorriso. – Suspeito que também queria ter um pouco de privacidade.

– Kate é fabulosa. Está sempre disposta a ajudar.

– Sim, é muito boa. Quando Abby regressou com Robbie, foi a minha mãe quem insistiu que ficasse na casa. Nick estava noivo de uma rapariga insuportável. Não sei em que estava a pensar!

– E qual era o problema?

– Para começar, era muito altiva e achava que era melhor do que nós. Era professora numa escola, mas não ajudava Nick com as tarefas da casa. Uma vez, cozinhou e usou todos os tachos da cozinha. Além disso, não fez suficiente para todos.

– E quem limpava?

– Nick. Tornou-se um perito!

– Deve ter sido difícil.

– Sim. Acabou o noivado e casou-se com Abby. Não podia ter escolhido melhor. Casou-se com uma rapariga óptima, inteligente e trabalhadora.

– É uma história muito bonita, Brad. E tu? Não tencionas casar-te?

– Acho que não quero comprometer-me com uma mulher que não me respeita. Mas, sim. Quero casar-me e ter filhos. Sobretudo, se forem como Robbie.

Brad não conseguiu ignorar a imagem inesperada que cruzou os seus pensamentos: Sarah e ele, juntos para sempre…

Uma noiva para o cowboy - Chuva no coração

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