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Capítulo 5

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Depois de falar com os advogados, Sarah estava muito cansada. Quando saiu da divisão com o advogado sentiu um desejo repentino de se atirar para os braços de Brad.

Ele estava à espera dela. Tinha passado o tempo numa sala contígua.

Como se conseguisse ler-lhe a mente, aproximou-se dela por trás e rodeou-a com os braços.

– Bom trabalho.

– Estou cheia de vontade de sair daqui – sussurrou ela.

– Vamos. Eu também.

Entraram no carro e dirigiram-se para um bairro chamado Golden. Brad conduziu a carrinha por um caminho íngreme que levava ao alto de uma elevação da qual se avistava toda a cidade.

– Porque estamos aqui?

– Pensei que gostarias de ver Denver de longe. Observar uma bonita vista da cidade.

– É uma vista linda.

– Buffalo Bill está enterrado aqui.

– A sério?

– Sim. Vamos. Mostrar-te-ei.

Saíram da carrinha e foram para a sepultura.

– Também há um museu. Se quiseres, podemos lá ir. Mas acho que o mais interessante é a vista.

– Oh, sim. É. Podemos sentar-nos um pouco?

– Claro – ele conduziu-a a um banco do parque e sentou-se ao seu lado.

– Como sabias que era disto que precisava?

– Pensei que estavam a incomodar-te demasiado. Então, lembrei-te deste sítio. Viemos aqui de férias num Verão. O meu pai não queria passar muito tempo longe do rancho, portanto este era o lugar perfeito. É aprazível e muito tranquilo.

– Sim – a tensão que Sarah acumulava no corpo começava a dissipar-se.

– O que vamos fazer amanhã? – perguntou ela, pouco depois.

– Bom, pensei em ir visitar a Casa da Moeda.

– Oh! É interessante?

– É claro que sim. Gasto tanto dinheiro que quero certificar-me de que estão a imprimir o suficiente.

Ela desatou a rir-se.

– Oh, sim, é claro!

– Todo esse dinheiro manterá a tua mente ocupada e não pensarás em quinta-feira.

– Provavelmente, tens razão.

– Depois, podemos ir almoçar e, mais tarde, podemos regressar aqui ou ir a qualquer outro sítio.

– Parece-me muito bem.

– Foi difícil?

– Não, na verdade, não. Mas queriam que repetisse o mesmo testemunho muitas vezes. Cansei-me de dizer o mesmo tantas vezes.

– Acho que os surpreendeste. Mostraste-te muito forte e firme.

– Sim. Acho que o devo à minha mãe. Não pude salvá-la, mas vou certificar-me de que o prendem para sempre.

– Alegras-te por a primeira audiência para o assunto da custódia ser na quinta-feira à tarde?

– Sim. Quero poder dizer a Anna e a Davy que ficarão comigo. Isso tranquilizá-los-á muito.

– Com certeza que sim. Nem consigo imaginar como se sentirão pensando que têm de voltar para o seu pai. Até eu me assustaria.

– A pobre Anna ficaria louca. Davy… Bom, agora Davy não tem muitas preocupações. Mas acho que as teria mais tarde.

Sarah suspirou e desejou que isso nunca acontecesse.

– Podemos ir, se quiseres.

– Não tenho pressa. Além disso, aqui está mais fresco.

– Sim. Está-se muito bem. Acho que eu gosto mais do frio do que do calor.

– Então, Wyoming é o sítio ideal para ti, porque é mais frio.

– E isso não dificulta o teu trabalho? – perguntou ela.

– Talvez um pouco.

– Não há tempestades de neve?

– Às vezes. Tudo fecha até acabar a tempestade. E, então, voltamos à normalidade.

– E como sobrevives numa situação assim?

– Já aprendi a lição. Mas tu… Bom, terás de trabalhar arduamente porque comeremos em casa a todas as horas.

– Acho que será divertido.

– Eu gosto de raparigas como tu, Sarah – replicou ele, com um sorriso.

Sarah perguntou-se se falava a sério.

Brad insistiu em ir jantar a uma churrasqueira naquela noite.

– Tens a certeza que não estás a abusar no orçamento?

– Temos um orçamento?

– Brad, temos de ser responsáveis. Talvez não nos paguem o jantar numa churrasqueira.

– Eu acho que sim. Tu és a testemunha principal, Sarah. Sem ti, o teu padrasto teria levado a sua avante e eles não querem isso.

– Eu também não.

– Eu sei. Queres um aperitivo?

– Não, acho que a costeleta será suficiente.

– Aposto que fazes um orçamento para o mês.

– Se não o fizesse, não chegaríamos ao fim de mês.

– Mas não precisas de um orçamento para os próximos meses.

– E porquê? E se gastar muito e não puderem dar-me mais trabalho? Isso não seria muito inteligente.

– Nick vai adorar ter-te como governanta.

– Abby não tem um orçamento?

– A verdade é que não. Acho que não gosta muito disso. Quando era mãe solteira, odiava ter um orçamento. Não tinha outro remédio senão fazê-lo, mas odiava.

– Entendo como se sentia, mas receio que sejam necessários.

Quando o empregado de mesa lhes levou os bifes, comeram em silêncio durante alguns minutos.

– Tenho mesmo um orçamento? – perguntou Sarah, um instante depois.

– Sim, mas é um orçamento muito generoso. Nick não queria que Abby se preocupasse e eu também não quero que tu te preocupes, portanto relaxa. Fá-lo-ás muito bem.

Sarah ficou vermelha, mas Brad continuou a comportar-se como se não reparasse no seu desconforto.

– Estava a pensar que…

– Sim?

– O teu padrasto sabe que vais testemunhar?

– Suponho que os advogados de acusação revelaram o meu nome à defesa.

– Suponho que tinham de o fazer. Mas se isso é verdade, porque não se declarou culpado? Como espera ganhar se testemunhares contra ele?

– Não sei.

– Não acho que espere compaixão.

– Eu não a terei, certamente.

– Se calhar viram uma fotografia tua e pensaram que não serias capaz de testemunhar à frente dele.

– Se calhar pensam que não regressarei para o julgamento.

– Mas tu vais provar-lhes o contrário, não é assim?

– Sim. Tenho de o fazer pela minha mãe. E por Anna e Davy.

– Eu sei.

A caminho da carrinha, depois de almoço, Brad deu-lhe a mão.

– Apetece-me voltar à montanha – disse Sarah.

– Podemos fazê-lo.

– Não, não queria dizer… Não temos de o fazer.

Brad levou a mão da jovem aos lábios e beijou-a na palma.

– Também me apetece escalar montanhas.

– Brad, a sério, estava a brincar.

– Mentira – replicou, sorrindo.

Ela não respondeu. Ele abriu a porta do carro e depois sentou-se ao volante.

– Acho que devíamos voltar para o hotel e descansar toda a noite – sugeriu ela.

– Vais deitar-te às oito da noite?

– Bom, tenho de… me preparar para ir para a cama.

– Boa tentativa. Mas só temos de estar despachados às nove e meia. A audiência só começa às dez.

– Oh…

Ficaram em silêncio durante uns dez minutos.

– A sério, Brad, acho que devíamos voltar para o hotel.

– Hoje dão o teu programa favorito na televisão?

– Não.

– Oh, pensei que talvez quisesses ir ver a série Donas de Casa Desesperadas.

– Hoje não há.

– Ah! Essa é uma das tuas séries favoritas.

– Não.

– E então como sabias que hoje não há?

– A minha mãe costumava vê-la.

– Lamento – disse Brad.

– Não importa. A sério. Não posso fingir que nunca existiu. Prefiro recordar as coisas boas.

Brad disse que entendia. Alguns segundos depois, seguiu o desvio que levava a Golden.

– Brad, fazes-me sentir culpada.

– Porquê?

– Porque vais levar-me à montanha.

– Sim, mas eu também quero ir.

Quando estacionou a carrinha, Brad foi abrir-lhe a porta e ajudou-a a sair.

Foram para o mesmo banco de antes. Uma vez sentados, Sarah tentou afastar a mão, mas ele não a largou. Alguns minutos depois, voltou a levar a sua mão aos lábios.

– O que estás a fazer? – sussurrou ela.

– Estou a beijar-te a mão.

– Porquê?

– Porque gosto. Porque gosto do toque da tua mão – voltou a beijá-la. – Porque acho que és muito doce e inteligente. E porque acho que és forte para os teus irmãos e porque quero ser forte para ti.

Voltou a beijá-la na palma da mão e, depois, no pulso.

O coração de Sarah acelerou. Se um simples beijo inocente na mão conseguia causar aquela reacção, o que sentiria se Brad Logan lhe desse um beijo de amor?

* * *

Brad já não conseguia aguentar mais, mas não sabia se era o momento adequado para a beijar a sério. Comportara-se como um cavalheiro durante toda a viagem. Até a levara de volta ao hotel às dez da noite, sabendo que precisava de descansar. No entanto, quando a levara para o seu quarto, não conseguira conter-se mais e deu-lhe um beijo nos lábios.

Fora apenas um pequeno toque, mas tinha medo de que a tivesse incomodado.

Ainda se lembrava da primeira vez que a vira. Então, pensara que era uma mãe irresponsável que arriscava a vida dos seus filhos sem motivo, mas, depois de descobrir a verdadeira história, ficara do seu lado.

Ao sair de Sydney Creek para a acompanhar a Denver, já sabia que sentia alguma coisa por ela, mas Mike e Nick tinham-no avisado de que era melhor não a seduzir.

E ele fizera-lhes caso. Fora honesto. E dera-lhe todo o seu apoio.

Oxalá estivesse a ajudá-la a sério… Pensar o contrário fazia-o sentir-se muito mal.

Eram oito e meia da manhã quando bateu à porta de Sarah. Ela abriu-a imediatamente.

– Sim, tenho muita fome – disse ela, sem o deixar falar.

– Bom dia! Portanto, tens fome?

– Imensa.

– Sim, menina. Venha por aqui – Brad sorriu.

Todas as manhãs parecia mais relaxada. Talvez ela decidisse bater à sua porta no dia seguinte.

Pediram ovos com bacon e Brad observou-a a comer com entusiasmo. Ela levantou o olhar e arqueou as sobrancelhas.

– O que se passa?

– Nada. Gosto de te ver comer.

– Como tal como tu.

– Não. Comes delicadamente.

– Estás a pôr-me nervosa.

– Lamento muito. Eu gosto de olhar para ti.

– Brad! Porta-te bem!

– Vais dizer a Nick?

– E porque devia dizer-lhe?

– Não sei.

Sarah olhou para ele, desconfiada, e continuou a tomar o pequeno-almoço.

– Estás pronta ou precisas de voltar ao quarto?

– Estou pronta.

– Vão voltar amanhã? – perguntou a empregada de mesa ao aceitar o dinheiro de Brad. – Não costumamos ter recém-casados!

Sarah ficou vermelha.

– Sim, voltaremos amanhã.

Brad agarrou-a pela mão e saíram do café.

– Porque não disseste nada?

– Porque a empregada de mesa não queria dizer nada. Só queria ser amável.

– Mas não temos aliança!

– Não te preocupes, Sarah. Não conhecem toda a gente em Sydney Creek.

Ela ficou em silêncio. Brad abriu-lhe a porta da carrinha.

– Vamos. Não queremos perder o passeio.

A viagem na carrinha decorreu em silêncio.

Pouco depois, chegaram à Casa da Moeda para a sua visita turística e saíram duas horas mais tarde. Brad fez uma brincadeira sobre a quantidade de dinheiro que tinham visto.

– É impressionante, não é? É incrível que seja tão difícil consegui-lo quando há tanto lá dentro – disse ela.

– Nós é que damos muito valor ao papel-moeda. Afinal de contas, é só papel.

Sarah suspirou e assentiu.

– E agora o que queres fazer?

– Adivinha.

– A montanha?

– Sim, faz com que os meus problemas pareçam mais pequenos.

Todos os benefícios que a montanha dava a Sarah desapareceram na manhã seguinte. Brad conseguia vê-lo na sua cara e na sua posição rígida.

Saber que tinha de testemunhar contra o seu padrasto no tribunal estava a devastá-la. Sarah já tinha passado por muito e não queria vê-la sofrer novamente. Com um pouco de sorte, só teria de o enfrentar mais duas vezes: na audiência para a custódia e no julgamento, onde o seu testemunho o poria atrás das grades para sempre.

Ao entrar no tribunal, Brad agarrou-a pela mão.

– Relaxa, Sarah. Vai correr tudo bem.

Como não o deixaram entrar, a audiência pareceu-lhe interminável. Enquanto caminhava de um lado para o outro à frente da porta, sentia-se como um animal enjaulado.

Quando finalmente viu Sarah sair, correu para ela.

Ela tinha um sorriso de orelha a orelha e lágrimas nos olhos.

– Acusaram e vai haver um julgamento.

Era tudo o que Brad precisava de ouvir.

– Vamos sair daqui.

Puxou-a pela mão e levou-a para a rua. Sabia para onde devia levá-la para celebrar.

Voltaram ao tribunal à uma da tarde. A audiência para a custódia começou cedo e, dessa vez, deixaram-no entrar.

A voz de Sarah tremeu enquanto testemunhava, mas então levantou o olhar e olhou de frente para Ellis Ashton, que estava sentado junto do seu advogado. Fez uma breve pausa e ganhou forças para completar a sua declaração com coragem e convicção.

Brad observava-a com orgulho.

Então, Ellis foi testemunhar. Brad sabia que qualquer juiz saberia distinguir a verdade da fileira de mentiras que declarou. Nenhuma lei podia conceder-lhe a custódia de Anna e de Davy.

Pelos vistos, o juiz pensava o mesmo. Sarah foi nomeada tutora legal e prometeram-lhe que lhe enviariam os documentos nos próximos dias.

Quando saíram do tribunal, Brad pegou nela ao colo e rodou com ela. Ao apoiá-la no chão, deu-lhe um abraço.

– Brad, conseguimos!

– Conseguiste, querida. Tu e o teu padrasto.

– Sim, ele foi a minha melhor testemunha, não foi?

– Sem dúvida.

Sarah abraçou-o com ardor.

– Vamos sair daqui. Quero pôr-me a caminho o quanto antes.

– Ainda não. Há uma coisa que temos de fazer – deu-lhe o telemóvel. – Telefona às crianças.

Deu-lhe o número e Sarah marcou-o, cheia de emoção.

– Kate? Sou Sarah. Acabámos e voltamos a casa. Consegui. As crianças ficam comigo!

Uma noiva para o cowboy - Chuva no coração

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