Читать книгу Um amor inesperado - Um bebé, um milagre - Liz Fielding - Страница 6

Capítulo 1

Оглавление

Penny Bradford dirigiu-se para a casa dos trabalhadores para falar com Gerald Butler, o capataz do rancho.

Felizmente, tinha o capataz do seu pai para se apoiar. Depois da morte acidental do seu irmão aos dezasseis anos, o seu pai, receando que também lhe acontecesse alguma coisa, decidira protegê-la. E, sendo «a princesinha» do seu papá, nunca aprendera nada sobre o funcionamento do Rocking B.

Mas tinha chegado o momento de aprender e Gerald poderia ensinar-lhe. Penny chegou à casa dos trabalhadores e parou um pouco para respirar. Mas, quando ia entrar, uma gargalhada sonora parou-a.

– Porque não hei-de continuar aqui? – ouviu a voz do capataz. – Se consegui enganar o seu pai, enganar a rapariga será canja. Nunca descobrirá que fico com o dinheiro dela. Nos últimos quatro anos, fiquei com mais de cinquenta mil dólares…

Penny recuou, horrorizada, antes de correr para casa e, ao entrar, pegou no telefone e telefonou à sua prima.

– Sally, ainda bem que te encontro. Acabei de ouvir Gerald a gabar-se de ter roubado cinquenta mil dólares ao meu pai.

– O quê?

– Estava a contá-lo a alguém na casa dos trabalhadores.

– Que horror! Tens de o despedir imediatamente. Não podes continuar a confiar nele… e certifica-te de que parte sem levar nada do rancho.

Penny respirou fundo.

– Como pôde fazer isto ao meu pai?

– Sabes que há pessoas más em toda a parte.

– O problema é o que faço depois? Eu não sei gerir o rancho. O meu pai recusou-se a ensinar-me, receando que sofresse um acidente, e Gerald é o único que sabe como funciona isto.

– Eu sei, vais precisar de ajuda. O teu pai não era amigo de Dexter Williams? É o ganadeiro mais importante da zona, certamente, ele poderia recomendar-te alguém.

– Boa ideia! Obrigada, Sally. E vou telefonar ao xerife para que leve Gerald do rancho – suspirou Penny. – Não acho que possa provar o que fez, mas, se aparecer com o xerife, certamente partirá sem protestar.

– Telefona-me amanhã para me contares o que se passou.

– Fá-lo-ei, Sally. Obrigada.

Penny desligou o telefone e preparou-se para dar o primeiro passo como proprietária do rancho Rocking B.

– Senhor Williams, sou Penny Bradford. Sei que o meu pai e o senhor eram amigos e preciso do seu conselho.

– Claro que sim, Penny! Em que posso ajudar-te?

– Preciso de um capataz para o rancho, alguém que seja honesto e trabalhador. E que esteja disposto a ensinar-me.

– O que se passou com Gerald?

– Despedi-o esta manhã. Descobri que roubava o meu pai.

– Lamento, o teu pai era um bom homem – murmurou Williams. – E não é fácil encontrar capatazes decentes – de repente, estalou os dedos. – Talvez eu tenha o homem perfeito para ti. É competente para fazer os trabalhos de capataz, mas, neste momento, não havia nenhum lugar para ele.

– Como se chama?

– Jake Larson. Mas há uma coisa sobre ele... – o homem sorriu como se estivesse a pensar na melhor maneira de dizer a próxima frase: – Tem fama de… Enfim, agrada muito às mulheres, portanto, é melhor que mantenhas as distâncias.

– Isso não será um problema. Desde que possa confiar que gere bem o rancho…

– Podes confiar nele, garanto-te. Dir-lhe-ei que vá falar contigo amanhã de manhã, bem cedo.

– Não sabe como lhe agradeço a sua ajuda, senhor Williams.

– Fico contente por poder ajudar-te. E se precisares de alguma coisa, não hesites em pedir.

Penny desligou o telefone, contente por ter encontrado uma solução para o seu problema, mas sentindo curiosidade por saber que tipo de homem seria o tal Jake Larson.

Jake Larson subiu os degraus do alpendre, com os dentes cerrados. Esperava que fosse Dexter quem queria vê-lo e não a senhora Williams, que passara o Verão todo a persegui-lo.

Mas receava que o despedisse e não seria justo, porque ele não tinha o mínimo interesse na sua mulher… Embora não parecesse capaz de a convencer. E também não conseguiria convencer Dexter de que era ela quem estava a persegui-lo.

Dexter Williams abriu a porta e fez-lhe sinal para que entrasse.

– Vamos para o meu escritório conversar um pouco.

Jake assentiu, pensando que teria sorte se lhe desse uma carta de recomendação.

– Ouve, ambos sabemos que as coisas não podem continuar como até agora – começou a dizer o seu chefe. – Não queria despedir-te porque és um bom trabalhador e isso não seria justo, portanto, encontrei outro lugar para ti.

Ele olhou para ele, surpreendido.

– Obrigado, mas prefiro procurar emprego sozinho.

– Sim, bom… Serei sincero contigo. A verdade é que me farias um favor se aceitasses este lugar. A filha de um grande amigo meu que acabou de falecer precisa de um capataz, alguém que possa gerir o rancho e ensiná-la a geri-lo.

Jake franziu o sobrolho. Desejava ocupar um lugar de capataz, mas ensinar uma mulher…

– Não sei se serei o mais adequado para isso.

– Sim, és. E ambos sabemos que não podes continuar aqui.

Jake assentiu.

– Eu sei, mas… De que rancho estamos a falar?

– Do Rocking B, do outro lado da vila. A filha de Bradford acabou de descobrir que o capataz lhes roubava dinheiro.

– É o que tem um ferro que parece um chapéu?

– Sim, esse mesmo.

– Enfim, suponho que podia falar com ela…

– A menina Bradford espera-te no rancho ainda esta manhã. Faz a mala, eu direi à minha mulher que te foste embora.

Jake apertou os lábios.

– Sim, senhor Williams.

Se não lhe interessasse o trabalho, simplesmente diria que não à rapariga. Tinha algum dinheiro poupado com o qual conseguiria aguentar-se durante alguns meses.

Quando voltou para a casa dos trabalhadores, os homens já tinham ido trabalhar. Todos conheciam a situação, portanto, nenhum se surpreenderia por se ir embora do rancho.

Jake não demorou muito a arrumar as suas coisas. O mais importante era o seu cavalo, Apache. Era um animal bem treinado e muita gente tinha querido comprá-lo, mas não tinha intenção de se desfazer dele, de modo que o colocou no atrelado, guardou as suas coisas no banco traseiro da carrinha e seguiu pela estrada que levava ao rancho Rocking B.

Penny passeava pela cozinha, esperando que Jake Larson aparecesse. Certamente, Dexter Williams já lhe teria explicado a situação e seria um alívio ter alguém responsável pelo rancho. Ela sabia tão pouco sobre as decisões que deveria tomar… Pensava esforçar-se ao máximo, mas precisava de ajuda.

Quando olhou pela janela, viu que uma carrinha com atrelado parava à entrada. A porta abriu-se e um homem alto e magro saiu dela. Dexter dissera-lhe que Jake Larson tinha fama de mulherengo, mas ela pensava deixar-lhe bem claro que não tinha o mínimo interesse nele.

Quando se aproximava, surpreendeu-a ver que não era o típico rapaz bonito. Era muito atraente, certamente… mas ela não estava interessada. Ela queria aprender a gerir um rancho, não queria um namorado.

Penny esperou até que batesse à porta e respirou fundo, antes de abrir.

– Sim?

– Sou Jake Larson. O senhor Williams disse-me que precisava de um capataz.

– Entre, senhor Larson. Quer um café?

– Sim, por favor.

Penny levou-o até à cozinha e indicou-lhe que podia sentar-se.

– Espero que o senhor Williams lhe tenha explicado que teria de me ensinar a gerir o rancho.

– Sim, disse-me, mas não sei se serei o mais indicado para isso. Não estou habituado a explicar como se faz o meu trabalho.

– Entendo, senhor Larson, mas receio que seja absolutamente necessário.

– Se confiar em mim para fazer o trabalho, porque tenho de lhe ensinar?

– Porque acho que devo conhecê-lo tão bem como você. Se não, não poderei dar-lhe a minha opinião sobre nada.

– Não é uma coisa fácil de aprender. Nem de ensinar. Eu não posso ensinar-lhe tudo o que sei em alguns meses… nem sequer num ano. Demoraria mais do que isso.

– Entendo, mas tenho de começar por algum lado.

– Entende que teria de adiar as perguntas até ao fim do dia? Nem sempre há tempo durante o dia de trabalho para responder a perguntas.

– Sim, posso ser flexível.

Jake Larson olhou para ela em silêncio durante alguns segundos e Penny susteve a respiração. Os seus olhos escuros eram tão indecifráveis que não sabia se tinha aceitado o trabalho ou se estaria a rejeitá-lo.

Finalmente, ele estendeu a mão.

– Muito bem, menina Bradford, aceito. Tem um novo capataz.

Penny apertou a sua mão, contente.

– Quer que lhe mostre a casa dos trabalhadores?

– Sim, menina Bradford.

Penny levou-o até lá. Limpara o quarto de Gerald no dia anterior, depois de falar com Dexter Williams, e esperava que gostasse.

– Este era o quarto do antigo capataz. Pode pôr a sua roupa suja na cesta. Vou contratar uma governanta e ela lavará a roupa uma vez por semana – depois parou, olhando à sua volta. – Não despedi o resto dos trabalhadores, mas se encontrar algum a fazer alguma coisa ilegal, despeça-o sem contemplações.

– Sim, menina Bradford.

– Então, deixo-o. Os homens voltarão ao entardecer… Bom, um deles volta antes. Sam, o cozinheiro.

O capataz assentiu e Penny saiu antes de começar a responder com um «sim, senhor Larson» aos seus «sim, menina Bradford». Com um pouco de sorte, Jake faria bem o seu trabalho e ensiná-la-ia.

Jake observou-a enquanto voltava para casa. Era demasiado jovem, pensou. Ou talvez fosse o seu nome… Penny parecia o nome de uma menina. Embora não fosse uma menina, não. Tinha corpo de mulher.

Mas ele não pensava mostrar o mínimo interesse por ela. Tinha aprendido a lição. Os romances e o trabalho não se misturavam, portanto, evitaria qualquer tipo de sedução.

Olhando à sua volta, decidiu que gostava de ter um quarto separado dos trabalhadores. Estava farto de partilhar o quarto com outras pessoas. E se o cozinheiro fosse bom, seria ouro sobre azul. A comida marcava a diferença em alguns trabalhos.

Jake saiu de casa para tirar Apache do atrelado e levá-lo para os estábulos.

– Aqui, estarás bem, amigo.

Depois de confirmar que tinha água e comida, voltou para o seu quarto para arrumar as suas coisas. Que alguém lhe lavasse a roupa era muito bom. E tinha uma bonita secretária para se encarregar da papelada.

Dexter tinha razão: estava preparado para ser capataz. E, inclusive, ensinaria a Penny Bradford tudo o que ele sabia sobre ranchos. Afinal de contas, era um trabalho que adorava.

Depois de comer, Penny passeava de um lado para o outro, nervosa, enquanto aguardava a chegada de uma mulher que ia entrevistar para o lugar de governanta.

Embora ela sempre tivesse ajudado a sua mãe nas tarefas da casa, se ia estar em cima de um cavalo o dia todo, seria necessário que alguém se encarregasse da cozinha.

Mas não sabia se suportaria viver com uma estranha e aquela entrevista deixava-a mais nervosa do que a de Jake Larson.

Alguns minutos depois, ouviu um rangido de pneus à porta e saiu para o alpendre para cumprimentar uma mulher de uns cinquenta anos e expressão agradável, que se apresentou como Harriet Buckner.

– Entre, por favor, senhora Buckner.

– Que cozinha tão bonita! – comentou a mulher.

– Sim, os meus pais reformaram-na há um ano.

– Ah, contaram-me o que aconteceu... Lamento.

– Obrigada – suspirou Penny. – Eu costumava ajudar a minha mãe na cozinha e na limpeza da casa, mas agora tenho de aprender a gerir o rancho e não acho que tenha tempo. Por isso, estou à procura de uma governanta.

– Eu aprendi a cozinhar quando era menina e adoro. E também gosto de fazer limpezas e de ter tudo arrumado.

– Disse ao novo capataz que lhe lavaria a roupa… Espero que não se importe. E talvez tenha de cozinhar ocasionalmente alguma coisa para os trabalhadores.

– Parece-me muito bem. Comeremos sozinhas diariamente?

– Talvez, algum dia, venha cá a minha prima Sally ou talvez convide, de vez em quando, o capataz para lhe fazer perguntas. Não sei nada sobre como gerir um rancho.

– Entendo – a mulher sorriu.

– Acha que gostará do trabalho?

– Com certeza que sim. Este sítio é lindo.

Penny deixou escapar um suspiro.

– Venha comigo, vou mostrar-lhe o seu quarto – decidira que o quarto de hóspedes no primeiro andar seria perfeito para a governanta. – Este quarto é para si. Tem casa de banho.

– É muito bonito, eu gosto – Harriet sorriu.

– Precisa de voltar a Trinity para ir buscar as suas coisas?

De repente, a mulher corou.

– Não! Trouxe as minhas coisas comigo. É que o ganadeiro para quem trabalhava decidiu que… estava interessado em casar-se comigo. Mas só tinha passado um mês desde a morte da sua mulher e dei-me conta de que estava à procura de uma governanta de graça.

– Ah, entendo… – Penny sorriu.

– A verdade é que, depois disso, lhe agradeço muito por me oferecer este trabalho.

– Não, sou eu quem lhe está agradecida. Eu limparei o meu quarto, a senhora só tem de cozinhar e limpar o andar de baixo.

– Muito bem. A que horas quer que sirva o pequeno-almoço?

Penny franziu o sobrolho.

– O capataz não disse a que horas tem de estar pronto. Vou perguntar-lhe, enquanto a senhora guarda as suas coisas.

Uma vez no alpendre, deixou escapar um suspiro de alívio. Harriet parecia muito agradável e seria fácil dar-se bem com ela.

Mas, quando ia bater à porta da casa onde dormiam os trabalhadores, ouviu uma voz nos estábulos e, ao espreitar, viu Jake Larson a acariciar um cavalo.

– Que bonito! É seu?

Ele virou-se.

– Sim, é meu. Chama-se Apache. É verdade, tirei um pouco de palha do celeiro.

– Parece-me muito bem – disse Penny. – Os homens costumam deixar os seus cavalos nos estábulos. Assim, é mais fácil montar de manhã.

– Sim, imagino.

– Vim perguntar-lhe a que horas começamos amanhã de manhã.

– Normalmente, tomamos o pequeno-almoço às seis e meia, para sairmos às sete horas. Sabe andar a cavalo?

– Sim, claro.

– Muito bem, então, vemo-nos às sete horas.

– Levamos almoço?

– Quer organizar um piquenique? – perguntou ele, irónico.

Penny apertou os lábios, furiosa.

– Não, não quero organizar nenhum piquenique, mas costumo almoçar. E não queria perder tempo a voltar aqui.

– Leve o que quiser, mas terá de comer em cima do cavalo. Eu não costumo comer nada à hora de almoço.

– Muito bem. Vemo-nos às sete horas.

Penny virou-se, sem esperar por resposta.

Um amor inesperado - Um bebé, um milagre

Подняться наверх