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Capítulo 2

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Penny voltou para casa, com os dentes cerrados. Que antipático! O que achava, que ia organizar um piquenique romântico para ele? Pois, estava muito enganado. E teria de fazer alguma coisa para que Jake Larson não voltasse a enganar-se com ela.

Uma vez em casa, dirigiu-se para o quarto de Harriet.

– Tudo bem?

– Sim, menina Bradford. A que horas tem de se levantar?

– Tenho de tomar o pequeno-almoço às seis e meia… portanto, tenho de me levantar às seis horas. O capataz chama-se Jake Larson e, na verdade, não é muito simpático.

– Ah, não? E porque o contratou?

– Porque, segundo Dexter Williams, é muito bom. Embora me tenha avisado de que é um mulherengo – respondeu Penny, indignada. – Quando lhe perguntei se devia levar almoço amanhã, pensou que queria organizar-lhe um piquenique romântico!

– E era o que queria?

– Claro que não! Além disso, perguntou-o de maneira sarcástica, como se fosse a última coisa que ele queria.

– Estou a ver.

– A partir de agora, terei cuidado. Eu não estou à procura de namorado.

– Então, não vai levar almoço?

– Preciso que seja alguma coisa que possa comer em cima do cavalo. O que poderia levar?

– Uma sandes e uma maçã – sugeriu a governanta.

– Boa ideia! Ai, esqueci-me de levar Stormy para os estábulos. Volto já! Se lhe parecer bem, entretanto pode verificar o que falta na despensa.

– Muito bem.

Penny vestiu o casaco e colocou o gorro de lã, e, uma vez nas cavalariças, dirigiu-se para o seu animal favorito, uma égua escura chamada Stormy, que o seu pai lhe tinha oferecido quando tinha quinze anos.

Demorou alguns minutos a convencê-la, mas conseguiu levá-la para os estábulos onde estava Apache, e, depois de lhe dar algumas palmadinhas no pescoço, voltou para casa.

Ao entrar na cozinha, recebeu-a um cheiro delicioso a café acabado de fazer.

– Vou beber uma chávena, se não se importar.

– Não, claro que não, foi para isso que o fiz – Harriet sorriu. – Já vi a despensa e acho que tem tudo o que preciso. E o congelador também está cheio. Diga-me, o que gosta de tomar ao pequeno-almoço?

– De manhã, bebo café e como cereais, ovos mexidos e bacon. Ah, e torradas! Aos sábados e domingos, gosto de comer torradas.

– Muito bem. Embora lhe sugira biscoitos de canela de vez em quando. Na verdade, saem-me muito bem.

– Óptimo! – Penny sorriu.

– Bom, vou fazer bifes para o jantar, se lhe parecer bem. Quer que faça uma salada?

– Sim, por favor. Estou disposta a experimentar tudo.

– Então, vamos dar-nos bem – a governanta sorriu.

– Obrigada, Harriet. Fico contente por saber que, pelo menos, um dos meus novos empregados está contente.

Na manhã seguinte, fazia tanto frio que Penny vestiu um gorro de lã sob o chapéu que o seu pai costumava usar, umas luvas de pele e um casaco de couro abotoado até ao pescoço, sobre uma camisola grossa.

E, para comer, uma sandes e uma maçã. Sabia que ia ser um dia difícil e não ia armar-se em dura só para impressionar Jake Larson. Além disso, ela andava bem a cavalo, mas não costumava montar durante mais de duas ou três horas.

E, como mulher acautelada que era, levava um cantil ao ombro, que penduraria na sela, e também o velho impermeável do seu pai.

Tinha pensado muito nele naquela manhã. O seu pai nunca tinha esperado vê-la naquela situação e, por isso, não a preparara para isso. Sempre fora «a sua menina» e, por muito que lho tivesse pedido, recusara-se a ensinar-lhe em que consistia o trabalho no rancho. Mas agora era muito importante para ela. Pelo rancho e pelo seu pai, embora já não estivesse ali para a ver.

Uma vez nos estábulos, Penny selou Stormy e atou o impermeável e o cantil à sela, guardando o almoço no bolso.

Estava pronta às sete horas em ponto. Jake estava a sair de casa, a falar com um grupo de trabalhadores, e levantou o olhar, surpreendido, quando os outros a cumprimentaram.

– Achei que nos encontraríamos na casa.

– Pensei que seria mais rápido vir directamente para os estábulos. Como vê, já estou pronta.

Jake fez uma careta, mas, uma vez selado Apache, aproximou-se dela.

– Pensei em dar uma olhadela por toda a propriedade para a conhecer um pouco melhor. Parece-lhe bem?

– Sim, claro.

– Conhece a propriedade toda?

– É claro!

Penny fez-lhe uma descrição dos pastos. Tinha ouvido tantas vezes o seu pai a falar do rancho que o sabia de cor.

– Disse aos trabalhadores que continuem o seu trabalho como antes, até que decida se será necessário fazer alguma mudança – continuou ela.

– E estão todos de acordo?

– Sim, claro. Se não fosse assim, tê-los-ia despedido.

– Entendo.

Por volta do meio-dia, Penny tirou o seu almoço e comeu, enquanto continuavam a percorrer o rancho. Estava cansada depois de cinco horas sobre a sela, mas não pensava dizer-lho. Felizmente, depois de comer, chegaram à beira de um riacho e Jake sugeriu que parassem um pouco. Penny levou Stormy e Apache até à borda para que bebessem um pouco e, depois de partir o caroço da sua maçã ao meio, deu uma parte a cada um como presente.

– O que deu aos cavalos?

– O caroço da maçã – respondeu ela.

– Ah, obrigado! Apache gosta muito de maçãs.

– Stormy também – embora não lhe apetecesse nada subir novamente para a sela, Penny pôs um pé no estribo.

– Importa-se se andarmos um pouco pela beira do riacho? – sugeriu Jake, então. – Quero ver quanta água tem.

– Muito bem – Penny pegou nas rédeas de Stormy e começou a andar, contente por poder esticar as pernas.

Jake fez-lhe muitas perguntas sobre o rancho, sobre o trabalho dos trabalhadores… Conseguia responder a algumas, mas a outras não e pensou que poderia encontrar as respostas em casa.

– Tinha-me esquecido, mas o meu pai tinha uns diários onde anotava tudo o que se fazia no rancho. Quer dar-lhes uma olhadela?

– Sim, seria bom. Prometo devolver-lhos assim que acabar.

– Na verdade, não tive tempo para olhar para eles… Ainda nem sequer abri os armários.

– Se não estiver preparada, posso esperar.

– Não, não, procurá-los-ei ainda esta noite.

– Agradeço-lhe – Jake sorriu. – Imagino que este rancho dê lucro.

– Sim, mas, na verdade, não sei muito sobre isso. E também não sabia que o antigo capataz andava a roubar o meu pai. Apanhei-o a gabar-se de ter roubado cinquenta mil dólares nos últimos quatro anos sem que ninguém se desse conta.

Jake assobiou.

– Pois, isso é muito dinheiro.

– Eu sei. Suponho que o meu pai confiasse completamente nele.

– Eu fazia muita papelada para o senhor Williams, portanto, posso ensinar-lhe a tratar das contas.

– Óptimo, isso seria muito bom!

– Bom, acho que devíamos voltar a montar. Quero voltar para casa antes que se faça de noite.

O passeio tinha activado um pouco as pernas de Penny. E, embora não soubesse se Jake o tinha sugerido a pensar nela, agradecia-lhe de qualquer forma.

Mas quando chegaram aos estábulos, cinco horas depois, tendo visto apenas metade do rancho, quase não conseguia segurar os arreios e desceu da sela, rezando para que as suas pernas a segurassem.

– Pode ir para casa. Eu encarrego-me de Stormy.

– Não, não é preciso…

– Portou-se muito bem, mas sei que não está habituada a montar durante tantas horas. Quando se tiver habituado poderá desselar Stormy, mas agora devia descansar.

Penny olhou para ele nos olhos para ver se estava a ser condescendente com ela. Alguma coisa neles lhe disse que podia confiar em Jake Larson e isso, não sabia porquê, pô-la nervosa.

– Muito bem, obrigada – quando largou a sela esteve prestes a cair no chão, mas uns braços fortes seguraram-na.

– Sente-se bem?

– Sim, obrigada – praticamente a cambalear e morta de vergonha, Penny dirigiu-se para casa. Mas, a pouco e pouco, as suas pernas foram acordando e conseguiu chegar à cozinha da sua casa.

– Está cansada? – Harriet sorriu, pondo uma chávena de café sobre a mesa.

Ela só respondeu depois de beber um gole.

– Sim, foi um dia muito longo. E só vimos metade do rancho.

– Suponho que, a pouco e pouco, se tornará mais fácil. Quer jantar agora ou prefere tomar banho antes?

– Importa-se que tome banho antes? Acho que apreciaria mais o jantar depois de um duche quente.

– Porque haveria de me importar? Eu estarei pronta quando você estiver.

– Obrigada, Harriet – Penny saiu da cozinha com a chávena de café na mão.

Meia hora depois, voltava a sentar-se à mesa para jantar e, quando acabaram, a governanta sugeriu que fosse imediatamente para a cama.

– Não posso, prometi a Jake que procuraria os diários do meu pai. Acho que lá encontraremos muita informação sobre como geria o rancho.

– Quer que a ajude a procurá-los?

– Não se importa? Não acho que seja muito difícil encontrá-los, mas… não entrei no seu quarto desde que morreram e talvez seja melhor estar com alguém.

– Claro que não – Harriet sorriu. – Vou colocar os pratos na máquina de lavar loiça enquanto você descansa um pouco e depois vamos procurá-los juntas.

Penny bebeu o último café, tentando não se sentir culpada enquanto via a governanta a trabalhar.

– Sinto-me mal a vê-la a trabalhar enquanto eu não faço nada.

– Tolices, é para isso que estou aqui! Se tivesse passado o dia todo a andar a cavalo não conseguiria mexer-me.

Alguns minutos depois, subiam juntas até ao quarto dos seus pais, Penny com um nó na garganta. Tinham morrido dois meses antes, mas ainda não tinha tido coragem para entrar no quarto.

– Quer ficar sozinha alguns minutos ou prefere que entre consigo?

– Não… Prefiro não estar sozinha.

Harriet foi a primeira a entrar, deixando que Penny demorasse o seu tempo.

– A sua mãe era uma dona de casa óptima.

– Sim, era muito organizada – murmurou ela, olhando para o quarto que não tinha mudado desde que era menina. O edredão às flores tinha perdido cor com a passagem dos anos, mas continuava a ter bom aspecto.

– Tem ideia de onde poderão estar esses diários? – perguntou Harriet.

– Acho que na mesa-de-cabeceira. A minha mãe queixava-se sempre de que ele escrevia à noite, enquanto ela tentava dormir.

Penny abriu uma gaveta da mesa-de-cabeceira… e ali estavam. O seu pai comprava todos os anos o mesmo estilo de diário, com folhas pautadas e encadernados em pele.

– Este quarto é muito maior do que o seu? – perguntou Harriet.

– Sim – respondeu ela, surpreendida. – Mas trate-me por tu, por favor.

– Ah, está bem! Se quiseres dormir aqui, posso limpar o quarto.

– Não, não! Não posso fazer isso.

– Os teus pais já não estão cá, Penny. Agora, é a tua casa – disse a mulher, apertando a sua mão.

– Eu sei, mas parece-me tão cedo… Se calhar, dentro de algum tempo.

– Se te parecer bem, podíamos levar a roupa para a paróquia. Faz muito frio aqui e há gente a quem daria jeito.

– Sim, é verdade – murmurou Penny. – Amanhã, tirarei a roupa que ainda estiver boa.

Depois, vestiu o casaco, o gorro e as luvas, e dirigiu-se para a casa dos trabalhadores. Quando bateu à porta, ouviu murmúrios e passos apressados, como se os homens estivessem a tentar ficar apresentáveis a toda a pressa. Quem abriu a porta foi Barney, um dos trabalhadores mais antigos.

– Importas-te de dizer ao senhor Larson que vim vê-lo?

– Sim, menina Bradford. Um minuto.

Apoiando-se na parede, Penny esperou, até que Jake saiu do seu quarto.

– Sim?

– Trago-lhe os diários do meu pai, o deste ano e o do ano passado.

Jake pegou nos diários com muito cuidado, como se soubesse como eram importantes para ela, e Penny sentiu um nó na garganta.

– Agradeço-lhe muito por mos emprestar.

– Sim, enfim… Boa noite!

Virou-se sem esperar por resposta, mas, cinco metros depois, ouviu que Jake Larson lhe desejava boa noite.

Jake tinha descoberto várias coisas sobre a sua nova chefe: em primeiro lugar, que não tinha a mínima intenção de o seduzir e, em segundo, que não se queixava uma única vez, mesmo que as coisas ficassem difíceis. E isso fê-la ganhar pontos.

Tinha pensado que quereria parar para comer e que estaria sempre a protestar, mas tinha-se enganado. Embora, evidentemente, não estivesse habituada a montar durante tantas horas, não se tinha queixado absolutamente. Inclusive, parecia envergonhada por ter de comer alguma coisa a meio do dia.

E agora tinha-lhe trazido os diários do seu pai, confiando-os ao seu cuidado, quando deviam ser uma coisa tremendamente importante para ela.

– Pô-lo a fazer trabalho de casa, chefe? – perguntou-lhe um dos trabalhadores.

– Sim, parece que o seu pai tinha uns diários do trabalho no rancho e vão dar-me muito jeito.

– Diários? Quer dizer que tomava nota de tudo?

– Sim – respondeu Jake. – Vejo que não sabias.

– Não – o homem desviou o olhar. – Acha que escreveu alguma coisa sobre nós?

– Não sei. Digo-te quando os tiver lido.

– Muito bem, chefe.

Jake entrou no seu quarto e fechou a porta para abafar o ruído da televisão que os trabalhadores tinham ligado depois de um longo dia de trabalho. Queria paz e tranquilidade para se concentrar nos diários do senhor Bradford. O pai de Penny anotava coisas sobre o gado, os pastos, quanto esperava angariar no próximo leilão... E também documentava a sua preocupação sobre Gerald e alguns trabalhadores.

Jake soube então que alguns deles quereriam pôr as mãos naqueles diários, de modo que os guardou numa caixa que levava com ele para toda a parte. Continuaria a lê-los no dia seguinte, mas, naquele momento, queria pô-los a salvo.

Tinha reparado na reacção estranha de alguns dos homens quando mencionara a existência dos diários. Poderia estar enganado, mas devia estar atento.

Segundo o que tinha escrito, o senhor Bradford suspeitava de alguns trabalhadores, mas Gerald descartava sempre essas suspeitas. Penny tinha razão: aparentemente, o seu pai tinha confiado cegamente no capataz.

E ela era tão jovem… e tão bonita. Sim, muito bonita e muito jovem. E sua chefe, para além disso. Portanto, não tinha intenção de se envolver com ela.

Pensou na mulher de Dexter Williams. Depois da morte da primeira esposa, Dexter tinha voltado a casar-se com uma mulher quase trinta anos mais jovem, sem saber que não podia confiar nela.

Jake acreditava na honra, de um homem ou de uma mulher. Era um atributo que procurava em toda a gente. E, embora nem sempre fosse fácil detectá-lo, o tempo costumava pôr cada um no seu lugar.

Era demasiado cedo para saber que tipo de pessoa era Penny Bradford. A sua beleza era evidente, mas ainda não sabia que tipo de pessoa era. No entanto, o que tinha visto naquele dia tinha-o impressionado.

Jake apagou a luz e deitou-se na cama. Mas não conseguia deixar de pensar na menina Bradford.

Na manhã seguinte, Penny estava novamente à espera quando saiu para os estábulos. Mas Jake não tinha dormido bem à noite e estava de mau humor.

– Quer que comecemos a trabalhar antes das sete horas?

– Não, não queria chegar atrasada – respondeu ela, um pouco surpreendida.

– Posso esperar alguns minutos, não se preocupe com isso.

– Muito bem. Passa-se alguma coisa, senhor Larson?

– Não, nada – respondeu Jake, zangado consigo mesmo por lhe ter falado naquele tom. Embora fosse uma rapariga jovem, continuava a ser a sua chefe.

– Então, diga-me quando estiver pronto.

– Hoje, também trouxe o almoço?

– Sim. Quer que lhe dê um pouco? – Penny olhou para ele nos olhos, decidida a não se deixar intimidar.

– Não lhe diria que não se me oferecesse uma maçã.

– Vou a casa buscar-lhe uma.

Jake abriu a boca para protestar, mas Penny já se pusera a caminho. Ainda bem, pensou. Assim, poderia selar o seu cavalo sem que ela olhasse para ele.

Alguns minutos depois, Penny voltava com uma maçã vermelha na mão.

– Tome. Guarde-a na sua sela.

Um amor inesperado - Um bebé, um milagre

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