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Capítulo 3

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Zachim retorceu as mãos e os pés atados com cordas. Doía-lhe o estômago de fome.

Normalmente, não era um homem fácil de zangar. Depois de três dias naquele buraco, nas mãos de uns selvagens da montanha, estava vermelho de raiva. E não era apenas por eles. Fora um estúpido por se afastar tanto da cidade sem dizer a ninguém para onde ia.

Esfregou as cordas dos pulsos contra a pequena pedra bicuda que escondera no colo. Apanhara-a do chão quando fingira cair ao ir à casa de banho no dia anterior. Como se recusara a comer, não lhe tinham revisto as cordas e, graças a isso, conseguira ir rasgando uma das cordas a pouco e pouco. Quando tivesse as mãos livres, seria mais fácil desatar os tornozelos e sair dali.

Apoiou a cabeça contra o poste sólido de madeira a que estava preso por uma corda à cintura. Permitia-lhe movimento suficiente para se deitar no chão poeirento, mas pouco mais. Sentia a falta da sua cama confortável no palácio! Era irónico, se pensasse que, há três dias, se sentira desesperado por sair dos seus muros.

Devia ter cuidado com o que desejava, recordou-se, com amargura.

Interrogou-se o que teria acontecido na sua ausência e como o irmão estaria a agir diante do seu desaparecimento. Também se questionou porque não ouvira nenhum helicóptero a sobrevoar a zona.

Fletindo os músculos duros, tentou ignorar a fome que o embargava. Estivera em situações piores durante o seu treino no exército, embora não desejasse que alguém passasse pelo que estava a passar naquele momento. Bom, talvez só Mohamed Hajjar e o seu ajudante pomposo que pensava que era mais importante do que um rei.

O som de passos na entrada da tenda fê-lo levantar a cabeça e esconder a pedra. Quando se abriu a porta, fingiu que estava a dormir, esperando que o deixassem a sós novamente o quanto antes.

Alerta, ouviu o som de passos a aproximar-se. Devia ser um soldado muito leve, pensou, um peso-pluma. Alguém que podia derrubar com facilidade, se fosse preciso. Além disso, pelo seu cheiro, parecia que estivera muito tempo com os camelos.

– Sei que não estás a dormir – declarou alguém, num tom suave e sensual.

Bolas, aquela voz não parecia a de um soldado, pensou, sentindo que o seu corpo reagia diante do estímulo. Devagar, Zachim abriu os olhos, vencido pela curiosidade. À frente dos seus olhos, elevava-se uma figura esbelta com calças de combate e uma túnica escura por cima de uns seios pequenos e intumescidos. Levantou o olhar para uma cara feminina que não sorria.

– E eu sei que não és um homem, embora uses roupas masculinas. Não sabia que Hajjar tinha mulheres entre os seus soldados.

– Quem eu sou não é importante.

Zachim observou-a com atenção. Era uma mulher de estatura pequena e bem proporcionada.

– Quero fazer um acordo contigo – declarou ela, depois de um longo silêncio.

«Um acordo?»

A raiva que Zachim sentira antes, momentaneamente eclipsada pela curiosidade, ressurgiu de repente.

– Não me interessa – indicou ele. Sabia que Nadir estaria à procura dele e, se não o resgatasse depressa, escaparia pelos seus próprios meios. Depois, faria Mohamed Hajjar pagar por o ter sequestrado.

– Ainda não ouviste o que te ofereço.

– Se querias chamar a minha atenção, devias ter vestido menos roupa – troçou ele, percorrendo-a com o olhar impassível. – Muito menos roupa. Possivelmente, nada, embora não tenha a certeza de que tenhas o que é preciso para despertar o meu interesse.

Era mentira, pois, por alguma razão, a estranha já despertara o seu interesse.

– O meu pai tem razão – replicou, indignada. – És um cão arrogante que não merece governar o nosso país.

– O teu pai?

Era Farah Hajjar? A filha de Mohamed? Ena, ena, que interessante, pensou Zachim, sorrindo ao ver como ela fazia uma careta, lamentando a sua precipitação impulsiva. O chefe dos seus captores enviara-a para o convencer com os seus encantos? Se era assim, ia ter uma deceção porque nunca gostara das mulheres de Bakaan. Preferia as loiras.

– Não pensei que o teu pai continuasse a considerar-se parte de Bakaan, é uma grata surpresa saber que é assim.

– Ele… – começou a dizer ela e fez uma pausa para se acalmar. – Se aceitares que a nossa região se separe de Bakaan, deixar-te-ei ir.

– Vais deixar-me ir? – troçou ele, com uma gargalhada.

Farah respirou fundo.

– A tua família já submeteu o nosso povo durante demasiado tempo – queixou-se ela, olhando para ele nos olhos.

Isso não era algo que Zachim pudesse discutir. Não aprovava o modo como o pai governara Bakaan e até considerara a opção de se rebelar contra ele.

– Eu não fiz nada às pessoas de Bakaan – afirmou ele. De qualquer forma, não podia deixar que a sua região se separasse do resto, porque as outras seguiriam o seu exemplo e o país acabaria desmembrado em pequenas tribos, incapazes de defender as reservas de petróleo sozinhas.

– Também não fizeste nada por eles – replicou ela. – Embora tenhas voltado para comandar o exército há cinco anos.

– E quando foi a última vez que o exército atacou a vossa tribo? – defendeu-se ele.

– Queres dizer que és o responsável pelo tempo de paz?

– Digo que, apesar de tudo o que dizes, foi o teu pai que semeou a semente da guerra com as suas ações. Não eu – indicou ele, vendo como a interlocutora empalidecia. – É algo que deves ter em conta, linda, antes de começares a fazer acusações ignorantes.

– Só achas que sou uma ignorante por ser mulher. Sei muito mais do que pensa, Alteza! – exclamou, pronunciando o seu título com todo o desprezo de que foi capaz.

– Uma mulher? Conheci doninhas que cheiravam melhor do que tu. Não penso que ganhasses nada a comercializar o cheiro. Não é nada atraente.

Lançou-lhe um olhar de ódio.

– Não tenho interesse em atrair-te.

Zachim quase se riu com o tom desafiante. Não conhecera nenhuma mulher que não tivesse querido parecer atraente. Bons genes, uma conta no banco considerável e o seu título real eram uma combinação irresistível para as fêmeas.

– Desata-me as mãos, pequena rebelde, e far-te-ei mudar de opinião – desafiou-a ele.

Cerrando os dentes diante do seu tom provocador, Farah estava prestes a dar uma resposta cortante quando a porta da tenda se abriu. O tenente de Al-Hajjar entrou com um prato de comida. O seu cheiro fez com que o estômago de Zachim se queixasse.

O recém-chegado ficou paralisado, obviamente surpreendido ao ver a filha de Mohamed.

– O que estás a fazer aqui?

– Posso encarregar-me disto – declarou ela, com frieza.

– Não, não podes.

Ambos começaram uma discussão entre murmúrios, que Zachim observou com avidez. Era óbvio que a mulher mantinha algum tipo de relação pessoal com o soldado. E que o homem estava, por alguma razão, aborrecido.

Pensativo, o cativo fixou-se no rosto de Amir. Parecia não gostar do que a mulher lhe dizia, ainda que, ao mesmo tempo, não tivesse recursos para se impor. Que idiota. A única coisa que ela precisava era de um bom beijo para mudar de ideias.

«Um bom beijo?»

Zachim surpreendeu-se com a ideia absurda. Desde quando era aceitável que um homem beijasse uma mulher para a submeter? E quem ia querer beijar aquela jovem raivosa e fedorenta?

Farto de prestar atenção à sua discussão, levantou os joelhos e continuou a esfregar as cordas.

Depressa, a mulher ganhou a discussão e tirou o prato de comida das mãos do soldado. Tentando obter mais tempo, Zachim provocou-o, perguntando onde deixara a vara. O soldado ficou rígido. A mulher raivosa também.

Ela virou-se como um gato selvagem, com os olhos a mostrar fogo e gelo.

– Vamos, Farah.

Quando a mulher se virou para o outro homem, Zachim sentiu pena do pobre tipo.

– Só tenta provocar-te – indicou ela.

Não era estúpida, observou Zachim, com admiração.

– É perigoso – avisou o soldado.

– E está preso – indicou ela, com impaciência. – Algo que não tenho planos de mudar.

– Que planos tens?

Fascinado com a tensão que havia no ambiente, Zachim parou de tentar rasgar a corda. Percebeu que a pergunta tinha um significado mais profundo do que parecia. Obviamente, a rapariga também percebeu, porque franziu o sobrolho.

«Quer ir para a tua cama, linda, se é que ainda não esteve lá», adivinhou Zachim, em silêncio.

– Dá-me cinco minutos para falar com ele – pediu ela, suspirando. – Encontrar-nos-emos na cantina.

Um pouco mais calmo, o soldado assentiu. Lançou um olhar assassino a Zachim antes de sair, enquanto Farah o via a ir-se embora com um ar pensativo.

– Tens problemas, gatinha? – perguntou Zachim, com descaramento.

– Cala-te. E não me chames assim.

– Pensei que querias que falasse.

Ela baixou o olhar para o prato que tinha na mão.

– O que quero é que comas.

– Não tenho fome – declarou, enquanto o barulho do seu estômago demonstrava o contrário.

– Qual é o sentido de morrer de fome?

– Que amável por te preocupares…

– Não me preocupo.

A sua atitude desrespeitosa começava a ser irritante para Zachim. Por um instante, desejou que ela se inclinasse à frente dele como prova de submissão.

– É melhor que o teu pai envie alguém com melhores dotes diplomáticos da próxima vez que quiser suplicar o meu perdão.

«Bolas», pensou Farah. No entanto, queria fazer com que aquele homem se inclinasse e se ajoelhasse à frente dela. Tanto que quase tirou a pequena adaga que tinha no bolso para o obrigar a fazê-lo. A atitude dele irritava-a.

Quanto ao seu olhar penetrante com brilhos dourados… Os seus olhos de leão diziam muito e nada ao mesmo tempo. Observava-a como se soubesse algo que ela ignorava. Com uma barba de três dias a sombrear-lhe o queixo, aqueles olhos davam-lhe um aspeto masculino e poderoso, apesar de estar preso ao chão. Fazia-a pensar numa cobra pronta para morder. Ou numa águia disposta a voar e despedaçar a sua presa. Usava uma camisa preta poeirenta que destacava os ombros largos e fortes, tal como as coxas que se adivinhavam por baixo das calças de ganga.

Farah vira as fotografias dele nas revistas e sabia que era muito atraente, mas, em carne e osso, era ainda mais impressionante. Embora isso não tivesse nada a ver com ela.

– Não vim para suplicar o teu perdão.

– Melhor – indicou, entrelaçando os seus olhares. – Porque, quando sair daqui, não tenciono perdoar.

Ela cerrou os dentes.

– Talvez precises de mais tempo para pensar em que situação te encontras – sugeriu ela, olhando para as cordas.

– Talvez.

O que tinha aquele homem que fazia com que não conseguisse parar de olhar para ele, interrogou-se Farah, irritada. Ficaram mais cinco minutos a entreolhar-se. Mas, no fim, ela rendeu-se. Aquilo não era um concurso.

– No entanto… – começou a dizer Farah e, de repente, reparou que ele apertava as mãos no regaço. Pensou que devia rever as cordas antes de se ir embora. A última coisa que queria era devolvê-lo ao palácio com chagas nos pulsos. – Não vais morrer enquanto eu estiver aqui.

– E eu que pensava que não tínhamos os mesmos planos – comentou ele, com um sorriso.

Era um homem perigoso, admitiu Farah, sentindo que todo o corpo se revolucionava ao vê-lo sorrir. A sua atitude serena, apesar de estar prisioneiro, demonstrava-o.

Decidida a não se deixar intimidar, baixou-se à frente do grande príncipe. Quando percebeu como ele a percorria com o olhar de cima a baixo, ficou paralisada, sem conseguir evitar que os mamilos endurecessem.

No meio de um silêncio tenso, apercebeu-se de que a respiração se tornara rápida e superficial e que sentia um formigueiro ardente por toda a pele. Não conseguia desviar o olhar dos lábios perfeitos do prisioneiro. E, possivelmente, ele apercebera-se, porque esboçou um ligeiro sorriso. Mais incomodada que nunca, deitou as costas para trás e pôs-lhe o prato à frente do nariz.

Zachim não olhou para o jantar. Os seus olhos continuaram fixos nos dela.

– Se queres assim tanto que coma, dá-me a comida à boca, gatinha selvagem.

«Gatinha selvagem?» O calor do seu tom não impediu que Farah se rebelasse. Mesmo preso e no chão, o príncipe ousava falar com um ar arrogante de superioridade.

– Não tenho nenhuma intenção de te dar de comer – avisou ela, furiosa.

– Bom, terei de me conformar com a fantasia – troçou, com um sorriso provocante.

Farah cerrou os dentes. Já deixara claro que não a considerava atraente, portanto, os seus comentários não podiam ser mais do que uma tentativa de se rir dela.

Por outro lado, no entanto, se alimentara camelos teimosos e poeirentos durante toda a sua vida, não podia haver muita diferença entre isso e alimentar aquele homem. De forma involuntária, pousou os olhos no seu corpo. Era difícil apreciar toda a magnificência do físico atraente naquela posição, embora a sua aura de poder e virilidade fosse inegável.

Depois, observou as suas mãos e a corda que o prendia pela cintura ao poste. Apesar da sensação de ameaça que lhe causava, não podia fazer-lhe nada enquanto estava amarrado daquela maneira, refletiu.

– Se te der de comer, comerás? – perguntou ela, erguendo o queixo com um arrepio de excitação.

O homem arqueou uma sobrancelha.

– Vais ter de te aproximar mais para descobrir.

Farah ignorou a forma como o coração acelerava com aquelas palavras. Era melhor acabar o quanto antes. Conforme se dizia, um homem com o estômago cheio ficava mais bem-disposto do que um homem faminto. Talvez assim fosse mais fácil toldar-lhe a razão.

Além disso, queria demonstrar algo. Não se tratava de mais do que de um jogo de poder e não queria que ele percebesse que a intimidava. Também não o fazia, exatamente, era apenas precaução instintiva ao aproximar-se de uma besta desconhecida.

Cerrando os dentes, Farah pôs os dedos no prato de carne. Quando se aproximou, o cheiro do príncipe misturou-se com o da comida. Em vez de cheirar como meias velhas, como teria sido de esperar, cheirava a homem, a suor e a calor.

Fazendo um esforço para sair da sua abstração, pegou numa porção de arroz e carne e inclinou-se para a frente para lha aproximar da boca.

Nessa posição, quase montada em cima dele, Farah não pôde evitar imaginar os dois nus e entrelaçados. Corada, baixou o olhar. Há um ano, vira numa revista a fotografia de uma mulher e um homem numa posição sexual. Então, sentira-se sobressaltada, mas nada comparável com a forma como se sentia naquele momento. Sempre pensara que o sexo era um meio para procriar, não para o prazer. Se era assim, porque é que a sua fantasia voara para aquela imagem da revista? Imaginou-o com tanta clareza que quase conseguia sentir o corpo musculado do príncipe por baixo dela e a pressão das suas costelas nas coxas. Imediatamente, um calor húmido apoderou-se dela.

Lutando para conter a reação animal do seu corpo, franziu o sobrolho ao ver que o cativo mantinha os dentes firmemente cerrados. Exasperada, levantou o olhar para os seus olhos, prestes a dizer todo o tipo de blasfémias, mas ele escolheu aquele momento para pôr a comida e os dedos dela na boca.

Assim que teve os dedos dentro da boca, Zachim percorreu-os com a língua. Ela sentiu o seu calor e a sua humidade e tremeu ao sentir outra onda de ardor líquido entre as pernas. Os mamilos endureceram. Nunca experimentara algo parecido. E não conseguia desviar o olhar dele.

Apenas consciente da sua própria respiração entrecortada, ficou hipnotizada com a forma como chupava e lambia os dedos, apesar de já não terem comida alguma. Então, ao perceber que estava apoiada nele, com os lábios separados por apenas escassos centímetros, corou e chegou-se para trás.

Antes de conseguir afastar a mão, no entanto, ele segurou-a pelos pulsos e lambeu-a entre dois dedos.

– Ainda tinhas um resto aí – murmurou o príncipe, num tom rouco.

Depois de a acariciar com a língua, deu-lhe uma dentada suave na palma.

Farah deixou escapar um gemido suave. Ele segurou-a pela cara, inclinando-se para ela, que se achava num estado delicioso de estupor. No entanto, no meio da sua abstração, uma voz de alarme ecoou na sua cabeça. A sua mão… Estava…

Meu Deus! Farah pousou os olhos nas mãos livres. Imediatamente, tentou afastar-se, deixando cair o prato de metal. Infelizmente, o homem precipitou-se sobre ela com a rapidez de um raio e deitou-a antes de conseguir defender-se.

Farah tentou gritar, mas ele empurrou-lhe o rosto contra o chão e cobriu-lhe a boca com a mão.

– Não, não. Não chames a cavalaria, linda.

Ela mexeu-se por baixo do corpo dele, sabendo que era inútil tentar escapar. Era um homem muito forte. E parecia cheio de raiva. Se não se tivesse deixado distrair pela sua masculinidade e pelas suas próprias hormonas, teria conseguido antecipar-se ao perigo, repreendeu-se.

Retorcendo-se, tentou chegar até à adaga que tinha na túnica. No passado, salvara-lhe a vida várias vezes contra serpentes e escorpiões. E aquele homem era o mais perigoso dos predadores.

Como se lhe tivesse lido o pensamento, o príncipe segurou-a pelos pulsos e imobilizou-os por cima da cabeça.

Irritada com a facilidade com que o fazia, Farah retorceu as mãos para o arranhar e, pelo menos, causar-lhe um pouco de dor.

– Isso, arranha-me, gatinha. Eu também o farei – sussurrou-lhe ele ao ouvido.

Depois de uma breve pausa diante da sua ameaça, deu-lhe um pontapé com todas as suas forças na tíbia, arranhando-lhe os pulsos ao mesmo tempo.

– Bolas! – exclamou ele, segurando-lhe as mãos com mais força e imobilizando-lhe as pernas com uma das dele. – Segue as minhas instruções e não te farei mal – prometeu.

Quem ia acreditar! A família dele passara séculos a magoar as pessoas de Bakaan. A tirania corria-lhe pelas veias, tal como o sangue que acabara de lhe fazer com o arranhão.

– Bolas, está quieta! – ordenou ele.

O seu tom rude obrigou-a a parar de se retorcer. Com um movimento rápido, pô-la de barriga para baixo e prendeu-lhe as mãos atrás das costas.

Com os olhos e o nariz cheios de areia, Farah virou a cara para não asfixiar. Foi então que percebeu que estava a tocar-lhe no traseiro. O medo deixou-a paralisada. Não iria…?

– Calma, gatinha selvagem – sussurrou ele, ao mesmo tempo que lhe mostrava a própria adaga. – Que adaga tão bonita. Teria sido ótima há alguns dias. Sabes como usá-la?

Se quisesse, podia demonstrar-lhe, pensou Farah, olhando para ele com desprezo. Embora não conseguisse falar enquanto lhe tapava a boca, podia tentar emitir algum som, pensou. Tinha de haver um guarda por perto e, certamente, ouvi-la-ia.

Retorcendo-se, gritou por baixo da mão dele. Imediatamente, tapou-lhe o nariz. Apesar dos seus esforços, não foi capaz de se libertar e cada vez tinha menos ar nos pulmões.

– Vamos fazê-lo assim. Afastarei a mão da tua boca e ficarás calada! – ordenou ele, quando, finalmente, ela ficou exausta.

Não tencionava obedecer-lhe, pensou Farah.

– Se não o fizeres, o guarda entrará e ver-me-ei obrigado a matá-lo com a tua adaga.

Então, ela ficou imóvel de medo. Uma coisa era arriscar a sua própria vida e, outra muito diferente, pôr em perigo a de outra pessoa.

O príncipe levantou-a com brutalidade.

– Assente se vais fazer o que te digo.

Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém

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