Читать книгу Tempestade de paixões - Uma segunda vez - Маргарет Майо - Страница 8
CAPÍTULO 3
Оглавление– Só há uma cama!
– Onde queres chegar? – perguntou Linus, enquanto colocava as malas no quarto que o proprietário lhes tinha oferecido. A lareira estava acesa e os únicos móveis que havia no quarto eram a cama, uma cadeira e uma secretária.
Tinha aproveitado a ausência de Andi para voltar a vestir o casaco e ir buscar as malas. A neve continuava a cair com força e o vento soprava sem piedade. Tinha-se sentido aliviado ao voltar para o pub.
– Não disseste nada sobre só haver uma cama – insistiu Andi, com as faces coradas, sem deixar de olhar para a cama.
– Jim e Jennie têm uma filha, portanto, só há uma cama – explicou ele, enquanto deixava as malas no chão.
– Tu sabias? – perguntou ela.
– Supu-lo – respondeu ele, encolhendo os ombros. – E deixa de ser tão fingida, Andi.
Ela ficou a olhar para ele, com os olhos muito abertos. As emoções que Linus despertava nela eram completamente novas e muito inquietantes. Porque, embora Andi tivesse estado prestes a casar-se com David, nunca se tinha sentido fisicamente atraída por ele como se sentia por Linus. Era tão consciente da sua presença que lhe tremiam as pernas só de pensar em partilhar a cama com ele.
Se tinha aprendido alguma coisa sobre ele durante o último ano fora que não estava interessado em ter uma relação permanente. Sabia que, assim que alguma das mulheres que ocupavam a sua cama mostrava sinais de esperar algum compromisso da sua parte, era excluída da sua vida.
Ele mesmo tinha insinuado no dia anterior que uma exclusão semelhante acontecera com uma das suas secretárias anteriores, que teria mostrado interesse em ter uma relação pessoal com ele.
– Talvez te preocupe que, ao partilharmos a cama, te deixes levar pela luxúria – brincou Linus.
– Dificilmente – respondeu ela.
– Então, não há nenhum problema, pois não?
– Partilhaste a cama com alguma mulher nos últimos vinte anos com quem não tenhas feito amor?
– Claro que... – Linus deixou a frase a meio para pensar na pergunta. – Não, nunca – admitiu, finalmente. – Mas há uma primeira vez para tudo.
– A sério?
– Sabes uma coisa, começas a irritar-me, Andi – disse ele. – Muito bem, és bonita e tens um corpo fantástico, sobretudo, com essas calças de ganga justas e essa camisola verde. Mas isso não significa que vá tentar fazer amor contigo quando estiveres na cama.
Andi sentia-se tonta. Linus achava que era bonita e que tinha um corpo fantástico...
Aquela certeza deu-lhe vontade de gritar. Certamente, fizera-a ganhar consciência das calças de ganga e da camisola que usava naquele momento.
– Bom, isso ajudou a esclarecer a situação – murmurou ela, com ironia. – Dormirei na cadeira.
– Estás a tentar fazer com que me sinta mal, Andi?
– Estou a conseguir?
– Não.
– Bem me parecia.
Andi olhou fixamente para ele e reparou nas rugas de cansaço junto dos seus olhos e da sua boca. Naqueles lábios esculpidos que, sem dúvida, tinham sido feitos para deixar uma mulher louca...
«Pára, Andi!», ordenou a si mesma. Imaginar os lábios de Linus pelo seu corpo não ajudava a encarar a situação.
Porque é que só de olhar para ele tinha consciência do seu próprio corpo?
Suspirou.
– Teria sido muito mais simples se tivesses corrigido o proprietário quando assumiu que éramos um casal.
Linus encolheu os ombros.
– Mesmo que lho tivesse explicado, duvido que tivesse mudado alguma coisa. Só há um quarto. Além disso, és uma mulher bonita, Andi, e eu sou um homem de sangue quente – explicou ele, com impaciência. O sobrolho franzido de Andi não subtraiu beleza ao seu rosto.
O seu cabelo já tinha secado e caía-lhe sobre os ombros. Voltava a ter cor nas faces e nos lábios, e levantava o queixo, desafiante, como sempre.
Andi era bonita. Incrivelmente bonita. Então, porque é que a sua relação se mantivera num nível platónico durante o último ano?
Porque Linus já sabia que Andi era, com efeito, a melhor secretária daquele hemisfério e uma mudança na sua relação pessoal implicaria uma mudança na sua relação profissional, se não o fim da mesma.
Além disso, Andi ainda chorava pela perda de Simmington-Browne.
Ao longo do último ano, Linus tinha-se visto várias vezes tentado a desfazer as suas ilusões sobre o seu falecido noivo. Mas resistia. Não tinha garantias de que Andi acreditasse nele, parecia ter posto Simmington-Browne numa espécie de pedestal, ao ponto de não deixar entrar nenhum homem na sua vida.
Felizmente, os segredos de Simmington-Browne tinham morrido com ele. Era uma certeza que Linus, depois de descobrir a verdade meses depois do acidente, tinha escolhido guardar para si. E continuaria a fazê-lo.
A não ser que Andi o obrigasse a fazer o contrário...
– Mesmo assim, devias ter-lhe explicado qual é a nossa relação – insistiu ela. – Mas, obviamente, já é demasiado tarde.
– Obviamente.
– Sugiro que voltemos para baixo. A comida já deve estar pronta.
– Descerei dentro de alguns minutos – respondeu Linus. – Tal como tu, preciso de me lavar antes de comer – acrescentou, quando Andi parou e olhou inquisitoriamente para ele. – Imagino que partilhemos a casa de banho com os proprietários.
– Assim parece – confirmou Andi. A casa de banho onde tinha ido ficava a meio do corredor e tinha artigos de higiene para homem e mulher. – É muito amável da sua parte deixarem-nos usar o quarto da sua filha desta maneira.
Linus assentiu.
– Sugiro-te que o digas quando desceres.
– Pensava fazê-lo – respondeu ela. – É contigo que estou incomodada, Linus, não com Jim, nem com a sua esposa.
– Que sortudo que eu sou!
– És impossível! – exclamou Andi.
– É o que dizem – respondeu ele, encolhendo os ombros, como se lhe fosse indiferente.
Então, Andi lembrou-se. Teria de conhecer a sua tia Mae nos próximos dias. Sem dúvida, ela não esperaria também que partilhassem o quarto...
– Espero que, pelo menos, a tua tia Mae saiba que dormiremos em quartos separados.
– É claro – respondeu ele. – De facto, acho que a minha tia se surpreenderá contigo.
– Em que sentido?
– Acho que tem a impressão de que és ligeiramente mais velha do que realmente és.
– E porque haveria de pensar isso?
– Provavelmente, porque a descrição «formal, oficiosa e eficiente» soa a uma pessoa mais velha.
– Foi o que lhe disseste sobre mim?
– Não te parece uma descrição adequada?
Bom, sim, era adequada. Mas parecia tão chata... Parecia a descrição de uma mulher com o dobro da idade dela.
Linus vê-la-ia assim? Se fosse assim, Andi não precisava de se preocupar com o facto de partilhar a cama com ele.
– Maravilhoso – murmurou. – Talvez devesses telefonar-lhe e dizer-lhe que nos atrasaremos.
– É muito atencioso da tua parte, Andi, mas telefonei-lhe antes de trazer as malas – respondeu Linus. – Em Ayr também está a nevar muito, portanto, já tinha imaginado que teríamos de parar em algum ponto do caminho.
Aparentemente, Andi era a única que não estava satisfeita com a situação.
Embora se tivesse alegrado ligeiramente ao descobrir que a suposta sopa era, na verdade, uma tigela enorme de carne estufada, acompanhada de pão quente. Os quatro jantaram juntos na pequena sala de jantar adjacente ao bar. A mulher do proprietário, Jennie, era uma mulher roliça de meia-idade, que tinha recebido os seus dois convidados com verdadeiro entusiasmo.
– Nós, os escoceses, somos quentes e amáveis quando se atravessa a nossa brusquidão inicial – respondeu Linus ao comentário de Andi a esse respeito, quando Jim e Jennie se retiraram para a cozinha.
Andi nunca tinha pensado que Linus fosse escocês, mas, chamando-se Linus Harrison, o que mais poderia ser? Embora tivesse notado um certo sotaque na sua voz, que, normalmente, era bem modulada, enquanto conversava com o casal durante o jantar, um sotaque que, obviamente, tinha apagado de forma deliberada durante os anos que tinha passado em Inglaterra.
– Então, é evidente que eu nunca atravessei a tua – disse ela.
– Desejavas fazê-lo?
Andi sentiu que lhe ardiam as faces sob o escrutínio do seu olhar.
– Claro que não – respondeu. – Sou a tua secretária, Linus, portanto, a tua conduta, brusca ou não, não me diz respeito.
Linus arqueou os sobrolhos.
– Creio ter detectado uma certa censura na tua voz.
– Não é verdade.
– Oh, é, Andi! – Limus esticou o braço por cima da mesa e cobriu-lhe a mão com a sua, enquanto a olhava nos olhos. – Claro que sim.
Andi não conseguia desviar o olhar e sentiu-se hipnotizada por aqueles olhos.
– Isto não é boa ideia, Linus... – disse, com voz entrecortada.
«Não, não é», pensou Linus. Por um instante, ao contemplar aqueles olhos castanhos e acariciar-lhe a mão, não conseguia pensar noutra coisa.
– Linus?
A voz de Andi fê-lo deixar de pensar em como os seus lábios lhe pareciam desejáveis.
Andi trabalhava há um ano para ele. Embora Linus talvez tivesse sido consciente da sua beleza desde o início, nunca tinha desejado atravessar a barreira entre chefe e empregada. Até àquele momento.
Acontecera alguma coisa nas últimas horas que tinha alterado isso. Mas o quê?
Nunca lhe tinha tocado. Nunca lhe pegara ao colo. Nunca tinha experimentado a forma como ela se agarrara a ele, uma vez dentro do pub. Nunca tinha acariciado a suavidade daquelas mãos.
– Tens razão – respondeu ele e largou-lhe a mão imediatamente.
Andi sentia um formigueiro nos dedos depois de Linus os ter acariciado e as faces ardiam-lhe. Só porque Linus lhe tinha tocado?
Estaria tão só que a simples carícia de um homem era capaz de despertar os seus sentidos daquela maneira? Porque tinha consciência de tudo só de olhar para ele.
Tinha o cabelo ligeiramente despenteado e era tentador para qualquer mulher deslizar os dedos pela sua cabeleira. Os seus olhos, aqueles olhos verde-claros, pareciam opacos, como se escondessem os seus verdadeiros pensamentos. A sua cara parecia feita de pedra, dura e bonita. Os seus ombros eram largos e fortes sob a sua camisola preta. A sua barriga, plana, as suas ancas, estreitas. E as suas pernas compridas sob as calças de ganga gastas...
Linus Harrison era o homem mais atraente que já tinha visto.
Salvo que, na verdade, não o vira durante o último ano, pois tinha continuado a chorar pela morte de David e do seu pai. Bom, quase o ano inteiro... Durante os últimos seis meses, tinha começado a ver Linus como um homem perigosamente atraente.
De repente, levantou-se.
– Acho que vou para a cama – disse.
– Pensei que tinhas decidido dormir na cadeira.
– Se insistires em dormir na cama, assim o farei – respondeu ela.
– Oh, claro que insisto! – respondeu ele e suspirou ao ver a sua expressão de agonia. – Não tem de ser desta maneira, Andi.
– Parece-me que sim.
– Pelo amor de Deus, Andi, podes construir uma barreira de almofadas a meio da cama, se isso te fizer sentir mais segura!
– Só estou a tentar ser sensata, Linus.
– Estás a comportar-te como uma virgem vitoriana, receosa pela sua inocência.
Talvez porque era verdade. Não a parte de ser vitoriana, mas de ser virgem.
Andi entendia que isso parecesse impossível a Linus, quando ela tinha quase vinte e oito anos e tinha estado noiva. Mas, quando estava na universidade, Andi não tinha querido ter o tipo de relações esporádicas de que as suas amigas tanto pareciam gostar. E o cortejo de David era algo ainda recente quando morrera, portanto, não tinham considerado irem para a cama juntos. Não tinham ido além de alguns beijos apaixonados.
Portanto, ali estava, Andrea Buttonfield, uma virgem de quase vinte e oito anos.
– Não sejas ridículo, Linus – respondeu. – Só estou a tentar manter a formalidade da nossa relação profissional.
– Talvez devesse ditar-te alguma coisa antes de irmos dormir.
– Eu não faço ditados de nenhum tipo! – garantiu-lhe Andi.
– Não, claro que não – concordou Linus. – Está bem, Andi, ganhaste. Eu dormirei na cadeira. Espero que não seja um sorriso triunfal o que vejo nos teus lábios.
– Claro que não – garantiu-lhe ela, com expressão inocente.
«Demasiado inocente», pensou Linus.
– Dado que eu terei de sofrer os desconfortos da cadeira, acho que ficarei mais um pouco aqui em baixo e beberei outro copo de uísque antes de ir dormir.
Na verdade, Linus também não se sentia confortável com a ideia de partilhar o quarto com Andi. Aqueles breves instantes em que se tinham olhado indicavam que não eram tão imunes um ao outro como teria desejado.
A sua pele era suave como o veludo e igualmente sensual. O riso nos seus olhos era estimulante. E a promessa do menear das suas ancas enquanto abandonava a sala para ir dormir era uma tentação à qual Linus não tinha a certeza de conseguir resistir quando estivesse a sós com ela no quarto.
O que raios se passava? Não se sentia necessitado sexualmente. Era verdade que a sua última relação tinha acabado há vários meses, mas isso não explicava o desejo que sentia por Andi, nem os pensamentos tórridos que enchiam a sua cabeça. A fria e distante Andrea Buttonfield...
Salvo que já não parecia fria e muito menos distante...