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CAPÍTULO 4

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– Podes parar de te mexer e dormir?

Andi ficou quieta na cama.

– Não estou cómoda – a presença de Linus no quarto fazia com que Andi estivesse nervosa.

– Então, talvez eu tenha saído a ganhar – murmurou Linus. – Esta cadeira não é assim tão má.

– Sádico!

Ele riu-se suavemente na escuridão. A única luz do quarto era a que proporcionavam as brasas do lume e a luz da lua reflectida na neve do exterior.

– Queres trocar? – ofereceu Linus, quando Andi começou a mexer-se novamente.

– Então, não ficarias cómodo.

– Antes, não parecias tão preocupada com a minha comodidade – Linus recostou-se e olhou para o tecto. Tentava afastar da sua cabeça a lembrança de Andi aninhada sob a manta, quando ele tinha chegado ao quarto: a cabeleira dourada espalhada sobre a almofada, os olhos escuros e brilhantes enquanto olhava para ele.

– Dei-te uma das mantas – disse ela.

– Uma delas – concordou ele. – Talvez não te tenhas dado conta, Andi, aconchegada sob as mantas como estás, mas está muito frio aqui, apesar da lareira.

Andi endireitou-se e puxou as almofadas para ficar mais confortável, consciente de que o problema não era da cama. Era demasiado consciente da presença de Linus, sentado na cadeira a poucos metros de distância. Podia inclusive ouvir a sua respiração.

E não queria ter consciência disso.

– Andi, podes adormecer de uma vez por todas?

– Tu também não estás a dormir, apesar de teres dito que estavas exausto.

– Se não te acalmares, então, irei para aí.

Andi ficou muito quieta, quase sem respirar, mas, ao mesmo tempo, foi consciente dos batimentos acelerados do seu coração, tão fortes que até Linus poderia ouvi-los.

– Pensei que isso te acalmasse – disse Linus e riu-se na escuridão.

Ela ficou deitada, obrigando-se a não se mexer, a não demonstrar que era plenamente consciente de Linus e da promessa que escondiam as suas palavras.

O que raios se passava? Linus era o seu chefe e ti-nha-o sido durante o último ano. Era verdade que nunca tinham viajado juntos e muito menos tinham tido de partilhar um quarto, mas, mesmo assim, não estava a gerir muito bem a situação.

Andi também tinha consciência de que era ela quem ocupava a cama, enquanto Linus tentava acomodar-se na poltrona. Consciente de que ele era o chefe e ela, a empregada.

Respirou fundo, desejava convidar Linus a partilhar a cama, mas receava o que pudesse acontecer.

Andi emitiu um grito ao ouvir que Linus se levantava e caminhava para a cama.

– Já chega! – exclamou ele, enquanto se deitava ao seu lado.

Andi ficou a olhar para ele, de boca aberta.

– Linus...

– Decidi acabar com isto e talvez assim ambos possamos dormir um pouco.

Com «isto» queria dizer inclinar a cabeça e beijá-la até a deixar sem fôlego. Sem resistência.

Resistência? Assim que os seus lábios se encontraram, quando Linus a rodeou com os braços e a moldou ao seu corpo, apesar dos lençóis que os separavam, Andi derreteu-se por completo, tanto física, como emocionalmente.

Sabia tão bem... Os seus lábios pareciam seguros e poderosos, o seu corpo era duro e forte, o seu peso era agradável enquanto a pressionava contra o colchão e deslizava as mãos pelo corpo dela.

Andi libertou os braços e ofegou ligeiramente quando apalpou com as mãos os seus ombros nus. A sua pele estava quente, os seus músculos, tensos. Não conseguia controlar as mãos enquanto as deslizava pela firmeza do seu corpo, explorando as suas costas e a sua cintura, e mais abaixo, até acariciar as suas nádegas nuas e firmes.

Meu Deus! Linus estava completamente nu!

Andi começou a lutar, a tentar afastá-lo com as mãos.

– O que estás a fazer? – perguntou-lhe, quase sem fôlego.

Aquilo era melhor do que Linus tinha imaginado e dormir era a última coisa que tinha na cabeça.

Afastou-se ligeiramente para olhar para Andi e foi fácil distinguir a sua raiva e o brilho nos seus olhos.

– Não sei quanto a ti, mas não creio que consiga dormir assim – disse-lhe. – A não ser, claro, que te apeteça acabar o que começámos.

– Não, não me apetece acabar o que tu começaste! – respondeu Andi, indignada. E tentou novamente afastá-lo com as mãos. – Para tua informação, não esperava que te atirasses a mim – afastou-se para o outro lado da cama. – Alguma vez te dei razões para pensares que queria que me beijasses?

– Referes-te até agora?

Os olhos de Andi adaptaram-se o suficiente à escuridão para poder ver Linus em todo o seu esplendor. Os seus ombros e o seu peito eram largos e poderosos. A sua cintura era estreita e as suas coxas... Estava excitado!

Andi desviou imediatamente o olhar e olhou para Linus nos olhos.

– Nem sequer então – disse ela. – Beijaste-me.

– E tu devolveste-me o beijo.

– Atiraste-te a mim antes que pudesse protestar.

– Tu também te atiraste a mim. Dos meus ombros até ao meu...

– Não sabia que estavas nu! – defendeu-se.

– Pois, agora, já sabes.

Andi olhou para ele, frustrada.

– Podes sair da cama e voltar para a poltrona?

– Não, não posso.

– Não? – Andi olhou para ele, com incredulidade.

– Baixa a voz, está bem? – sussurrou Linus. – Jim e Jennie pensarão que estamos a ter uma discussão.

– Nós estamos a ter uma discussão!

– Não, Andi, tu estás a ter uma discussão. Eu só quero dormir – mexeu-se ligeiramente para poder meter-se sob os lençóis. – Que bom... – murmurou, enquanto se acomodava sobre as almofadas e punha as mãos atrás da cabeça.

Andi endireitou-se e ficou a olhar para ele.

– Não podes dormir aqui!

– Detesto contradizer-te, Andi, mas é aqui que penso dormir – bocejou, como se quisesse enfatizar as suas palavras.

– Claro que não!

– Quem vai impedir-me?

Andi estava furiosa, indignada com aquela atitude brincalhona. Isso não era a única coisa que a incomodava, mas era a única coisa em que ia concentrar-se naquele momento.

– És desprezível! – exclamou, enquanto saía da cama. – Não posso acreditar que vás fazer-me dormir na poltrona! – ficou de pé junto da cama, olhando-o com ódio, enquanto ele estava comodamente sob os lençóis, tremendo ao sentir o frio que fazia no quarto depois de o lume se ter apagado.

– És tu quem insiste em dormir na poltrona – disse Linus.

– Só porque não és suficientemente cavalheiresco para...

– É a segunda vez que fazes essa acusação – Linus saiu da cama e levantou-se tão depressa que Andi não teve tempo de se afastar e sentiu os seus dedos fortes a agarrarem-lhe os pulsos, enquanto a olhava com fúria. – Imagino que Simmington-Browne tivesse dormido na poltrona, sem pigarrear.

– David era um cavalheiro... Obviamente, teria sido diferente se estivesse aqui com David.

– Queres dizer que não terias hesitado em dormir com ele?

– Não creio que dormir fosse o que quisesses fazer há alguns minutos.

– Tens razão, é verdade – admitiu Linus.

Também não pensava em dormir naquele momento. Talvez tivesse a excitação sob controlo, mas continuava ali. Olhar para Andi, com a sua camisa de dormir, não ajudava muito, embora falar sobre Simmington-Browne fosse bastante desalentador.

Andi parecia ter construído tal lembrança do seu noivo durante o último ano, que era como se o tivesse tornado um deus. Linus tinha a certeza de que, aos olhos de Andi, ele não estava à altura daquela imagem idílica. Nem ele, nem ninguém, a julgar pelo facto de Andi não ter tido um único encontro no último ano.

– Fica com a cama – disse ele. – Acho que, afinal, ficarei com a poltrona.

Ela ficou a olhar para ele, durante vários segundos.

– Que garantia tenho de que não vais mudar de ideias a meio da noite?

– Andi, o que disse ou fiz para te dar a impressão de que te acho assim tão irresistível?

– Não queria dizer que me achavas irresistível.

– Então, a alternativa é que me achas incapaz de partilhar um quarto e muito menos uma cama com uma mulher, sem tentar fazer amor com ela.

– Sugiro que esqueçamos isto e que tentemos dormir um pouco – murmurou Andi, enquanto voltava para a cama. – Tenho a certeza que amanhã de manhã tudo parecerá diferente – também esperava que de manhã a neve tivesse derretido por completo e pudessem continuar com a viagem.

Embora duvidasse que fosse o caso...

E não era.

Andi nem sequer precisou de sair da cama para saber que a neve continuava ali. Soube-o graças ao brilho do sol que se filtrava pelas cortinas. Sabia que a razão daquele brilho era o reflexo da luz sobre a neve. Qualquer som parecia amortecido pela brancura do lugar.

Não tinha dormido bem. Não tinha conseguido deixar de pensar. Como poderia não pensar depois de Linus a ter beijado? Depois de ela lhe ter devolvido o beijo?

Ficara acordada durante o que lhe tinham parecido horas, depois de se certificar de que Linus adormecera, incapaz de esquecer a lembrança daquele beijo. Nem o facto de ela ter respondido. Mais do que respondido, tinha desejado mais. Muito mais. O corpo ainda lhe doía pelo desejo que Linus tinha despertado com um só beijo e pela culpa que começava a sentir pelo seu falecido noivo.

Andi mexeu unicamente os olhos para ver se Linus continuava ou não no quarto.

Estava deitado na poltrona, com a manta à volta do peito e das coxas, deixando a descoberto apenas as pernas e os pés, graças a Deus!

Realmente, era um belo espécime. Quem queria enganar? Linus era absolutamente magnífico! Tinha o cabelo ligeiramente despenteado. Os seus traços estavam relaxados enquanto dormia e faziam com que não aparentasse os trinta e seis anos que tinha.

Andi admirou a perfeição do seu corpo: ombros largos, braços musculados, abdómen plano, coxas poderosas. As pernas nuas eram compridas e continuavam bronzeadas depois das férias nas Bahamas no Natal. Inclusive os seus pés eram atraentes, compridos e magros.

O que raios se passava com ela?

O seu noivado com David, seguido, semanas depois, da morte inesperada dele, contribuía para que Andi se assustasse perante a ideia de se relacionar com homens. E menos ainda com um homem como Linus, que não se esforçava em disfarçar a sua alergia a relações a longo prazo.

Pior ainda, ela era sua secretária e Linus tinha deixado claro que nunca se envolvia emocionalmente com as mulheres que trabalhavam para ele, que isso significaria que deixariam de trabalhar para ele. Consideraria Linus o beijo da noite anterior um «envolvimento»?

E, mais importante ainda, considerá-lo-ia ela um envolvimento?

Linus sentia-se incomodado, cansado e de mau humor quando acordou. O facto de Andi se ter levantado a meio da noite para o tapar com uma segunda manta não ajudava a que se sentisse melhor.

Portanto, era melhor que Andi já tivesse deixado o quarto, provavelmente à procura do pequeno-almoço. Ou talvez à procura de uma saída. Linus duvidava que ela gostasse da ideia de ficar ali mais tempo, a partilhar o quarto com ele.

Ao olhar pela janela, Linus soube que não era o seu dia de sorte. Parecia ter caído mais neve durante a noite. Havia cerca de vinte e cinco centímetros de neve no chão, a qual rodeava o Range Rover.

Linus olhou para a cama. O facto de que estivesse feita não evitou que recordasse os acontecimentos da noite anterior.

Andi tinha a boca mais sexy que jamais tinha beijado, suave, carnuda e sensual. E quanto ao seu corpo curvilíneo...

Linus emitiu um gemido quando o seu corpo despertou ao pensar nisso.

Se quisesse que continuasse a trabalhar para ele, deveria deixar de pensar naquelas coisas naquele preciso instante!

Andi olhou para Linus com desconfiança quando ele entrou na cozinha, onde ela se encontrava a beber a sua segunda chávena de café. A torrada que tinha comido ao pequeno-almoço parecia ter acalmado o nó que sentia no estômago.

Ou, pelo menos, até voltar a ver Linus. Jennie tinha-se desculpado alguns minutos antes para ir acender a lareira do bar, enquanto Jim limpava a neve da entrada.

– Café? – perguntou ela.

– Obrigado – Linus assentiu, antes de se sentar à frente dela.

Andi levantou-se para ir buscar outra chávena e trazer a cafeteira para a mesa.

– Leite e açúcar? – perguntou, enquanto servia o café.

– Durante o ano que trabalhaste para mim, alguma vez quis leite e açúcar?

– Bom... Não – Andi sentiu o rubor nas suas faces. – Só estava a ser educada, Linus.

– A educação vai a ser a ordem do dia? – perguntou ele.

– Acho que sou sempre educada, Linus.

– Ontem à noite, não foste muito educada. E, se bem me lembro, insinuaste que me faltam atributos para ser um cavalheiro.

Andi abanou a cabeça e esqueceu os seus esforços para ser educada quando Linus se mostrava tão provocador.

– Eu não insinuei tal coisa, Linus!

– Também insinuaste que Simmington-Browne se teria comportado de forma muito diferente nas mes-mas circunstâncias.

Mesmo assim, Andi notou o tom de desprezo que aparecia na voz de Linus cada vez que se falava de David.

– Conhecias David? – perguntou.

– Isso não responde à minha pergunta, Andi.

– Tu também não respondeste à minha.

– Eu responderei à tua se tu responderes à minha.

– Tenho a certeza de que David teria dormido na poltrona sem se queixar. De facto, duvido que tivesse insistido em partilhar o quarto comigo. Provavelmente, ter-se-ia oferecido para dormir aqui em baixo, numa das poltronas do bar.

– Não parece muito homem – murmurou Linus.

– Como te atreves?

– Só estou a dizer que parecia não ter sangue quente nas veias.

– Estás a insultar um homem que não está aqui para se defender.

Havia várias coisas que Linus gostaria de dizer a David Simmington-Browne se fosse vivo. Entre as quais que não merecia que uma mulher tão sexy e leal como Andrea Buttonfield se tivesse apaixonado por ele.

– A tua atitude é asquerosa.

– Começo a pensar que tudo em mim te parece nojento – disse Linus, levantando-se. – O que faz com que me pergunte porque trabalhas para mim.

– Se bem me lembro, não me deste muita escolha.

– Queres que te dê escolha agora? – perguntou Linus, apertando os dentes.

Andi franziu o sobrolho, pois sabia, tal como ele, que não tinha escolha. Não só precisava e gostava do trabalho, como também, além disso, assim se certificava de que a sua mãe pudesse continuar a viver na casa do jardim.

– Não creio que seja a melhor altura para discutirmos isto, Linus.

– Talvez devas dizer-me quando achares que é uma boa altura – respondeu ele, antes de se virar e atravessar a sala.

Andi olhou para ele, surpreendida.

– Onde vais?

– Vou ajudar Jim a tirar a neve da entrada, é claro. Com sorte, poderemos sair daqui ainda hoje – e fechou a porta atrás dele com força.

Andi respirou fundo e sentou-se na cadeira, desconcertada com a conversa. Com a raiva que as palavras de ambos escondiam.

Andi conhecia a razão da sua própria raiva. Não era raiva de Linus, mas de si mesma, por ter baixado a guarda na noite anterior ao ponto de não saber como regressar à sua relação anterior entre chefe e empregada.

A causa da raiva de Linus, no entanto, era um mistério para ela. Só sabia que estava ali. Poderosa. Arrasadora. Perigosa...

Tempestade de paixões - Uma segunda vez

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