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Capítulo Cinco
ОглавлениеOs convidados aplaudiram, mas o brilho de gozo nos olhos do seu marido fizera com que Melinda mal se apercebesse do aplauso.
Com o braço direito à volta da sua cintura, Sean apertou-a contra o tronco até que conseguiu sentir os batimentos do seu coração.
Ouvia-se uma canção antiga de Ella Fitzgerald e a sua voz formosa e sensual fez com que os olhos de Melinda se enchessem de lágrimas. Mal conseguia acreditar no que tinha feito. Era casada.
– As noivas não choram – disse-lhe Sean ao ouvido.
– Eu sei… – ela piscou os olhos para conter as lágrimas. – Mas é que…
– É estranho? – sugeriu ele, dando uma volta na pista de dança.
– Sim, muito.
Pelo canto do olho via as pessoas, mas não eram mais do que uma mancha. A única coisa que podia ver com clareza era Sean.
– O teu avô parece contente.
Ela virou a cabeça para olhar para Walter, que os observava com um sorriso nos lábios.
– Sim, é verdade? – Melinda sentiu uma pontada de culpabilidade. Tinha-o feito feliz a mentir e imaginou o seu rosto dali a dois meses, quando lhe dissesse que se ia divorciar…
– Lamentas? – perguntou-lhe Sean.
Ela esteve a ponto de mentir, mas para quê?
– Um pouco. E tu?
– Um pouco também – assentiu ele, apertando a sua cintura. E Melinda já não só sentia os batimentos do seu coração, mas a inegável e dura evidência do seu desejo. – No meu caso, é um pouco mais pessoal.
«Nada de sexo».
A sua resposta àquele desejo foi um formigueiro entre as pernas, mas se ele tinha notado a sua reação não o demonstrou e continuou a dançar como se não se passasse nada.
Melinda lembrou-se da breve cerimónia no pátio do hotel Stanford. Tinha percorrido o corredor, decorado com flores, pelo braço do seu avô e os seus olhos tinham-se encontrado com os de Sean, que vestia um fato cinzento, uma camisa branca e uma gravata cor de vinho. Tinha sentido um arrepio de prazer ao ver um brilho de admiração nos seus olhos…
Que mulher não o teria sentido? Sean King era um homem tão atraente que começava a perguntar-se se a condição de não haver sexo era uma boa ideia.
Mas era absurdo, pensou, substituindo a imagem de Sean pela de Steven, o homem que deveria ter sido o seu marido. O homem que tinha amado até ao dia em que morreu num trágico acidente de carro. Deveria ter-se casado por amor, não por causa de um acordo económico.
– Estás a franzir a testa – disse Sean. – E os convidados perguntar-se-ão se disse algo que te magoou.
– O quê? – Melinda olhou para os seus olhos azuis, tentando conter os batimentos do seu coração.
A canção era interminável… ou talvez mal tivessem passado uns segundos, não estava certa.
– Sorri. Ganhaste, já tens tudo o que querias.
– Nem tudo – disse ela.
– O que te falta?
As mãos masculinas nas suas costas e o calor do seu corpo pareciam aumentar a chama dentro dela. A chama de um fogo que não tinha esperado ou desejado.
– Nada – respondeu. Não queria falar de Steven ao homem com quem se acabava de casar. – Não é nada.
– Muito bem, então sorri um pouco ou as pessoas começarão a perguntar-se por que motivo te casaste comigo.
Melinda sorriu, olhando para o anel na sua mão esquerda.
– Gosto do anel.
– Vi-o numa joalharia da cidade… A pedra é igual à dos brincos que usavas na noite em que jantámos juntos.
– O topázio de Tesouro.
– Sim, o James contou-me e pareceu-me apropriado.
– É perfeito – assegurou-lhe ela.
– Fico muito feliz.
Quando Sean a olhou nos olhos, Melinda sentiu que o coração lhe ia sair pela boca. Estavam no meio da pista, olhando-se nos olhos…
Íntimos estranhos.
– Beijo! – gritou alguém.
E de repente, todo o salão de banquetes do hotel Stanford se unia à petição.
– Não temos que o fazer – murmurou Melinda.
– Pois claro que temos – disse Sean, sem parar de sorrir. – Queres que isto pareça real, não queres?
– Sim, mas já nos beijámos no final da cerimónia.
– Esse não conta – replicou Sean, inclinando a cabeça. – Se queremos que este casamento pareça real, temos que dar um beijo a sério…
Melinda fechou os olhos, enquanto o seu marido a inclinava para trás para se apoderar da sua boca com um beijo de cinema.
Mal estava consciente de que as pessoas estavam a olhar para eles. Como lhes ia prestar atenção quando cada centímetro do seu corpo parecia estar eletrizado? A língua de Sean brincava com a sua e Melinda arqueou-se para ele, para o deixar… não, para o ajudar a devorá-la.
Era indiferente que não estivessem apaixonados. Era indiferente que não tivesse pensado em beijar o seu marido. A única coisa que importava naquele momento era o que Sean lhe estava a fazer e o que ela sentia.
Nunca tinha sentido nada assim. Não conseguia respirar e era-lhe indiferente. Como podia experimentar aquelas sensações quando mal o conhecia e quando Sean não era Steven…?
Aquele nome foi suficiente para apagar o fogo. Melinda desviou-se, olhando-o com cara de surpresa. E foi um pequeno consolo ver a mesma surpresa nos olhos de Sean.
– Isto é que é um beijo a sério! – exclamou o seu avô.
Como reposta, Sean passou-lhe um braço pelos ombros, apertando-a contra si.
Sorria com uma aparente tranquilidade, mas Melinda conseguia sentir os batimentos rápidos do coração dele e assim soube que ele tinha experimentado o mesmo que ela. E isso significava… o quê?
Sean tinha aceitado a cláusula de que não haveria sexo. Pensaria que aquele beijo a ia fazer mudar de opinião?
Mudaria ela de opinião?
Sentiu um arrepio quando Sean passou uma mão pelo seu braço, mas sorriu apesar de tudo. Porque tinha razão: deviam interpretar um papel.
– Queremos agradecer a todos por estarem aqui hoje – começou a dizer Sean. – Sei o que significa para a Melinda e para o Walter estarem aqui.
Quando terminou o discurso, começou a soar um rock and roll e Walter aproximou-se para apertar a sua mão.
– Bem dito – felicitou-o, virando-se para a sua neta. – Estás tão linda vestida de noiva como estava a tua mãe.
Melinda, emocionada, abraçou o seu avô, respirando o familiar aroma a fumo de cachimbo e menta. Walter era o culpado daquela farsa e, no entanto, não era capaz de se aborrecer com ele. O seu avô achava que era o melhor para ela e Melinda esperava que, depois de se divorciar de Sean, aceitasse que não voltaria a casar.
– Amo-te muito, avô – murmurou.
– E eu a ti, querida – Walter deu-lhe um beijo na testa. – Bom, deixo-vos para que desfrutem da festa – disse depois, afastando-se para falar com uns amigos.
– É tremendo – comentou Sean.
Melinda levantou o olhar, disposta a defender o seu avô, mas, de imediato, viu que não era necessário. E Sean deve ter visto o brilho de controvérsia nos seus olhos porque esboçou um sorriso.
– Não o queria ofender. Posso não gostar da forma como consegue o que quer, mas admiro um homem que não aceita um não.
Apesar de tudo, Melinda também sorriu.
– Claro que o admiras, és muito parecido com ele.
– Isso é um insulto ou um elogio?
– Talvez ambas as coisas.
– Bom, aceito-o – Sean agarrou-lhe no braço para levá-la ao terraço e Melinda respirou profundamente pela primeira vez em várias horas. Mas quando olhou por cima do seu ombro e viu os convidados a dançarem e a rirem sentiu-se como uma estranha no seu próprio casamento. – Estás a fazer isso outra vez – disse ele.
– O quê?
Sean levantou-lhe o queixo com um dedo para olhar para os olhos dela.
– A perder tempo com lamentações.
– Não estava a fazer isso.
– Então?
Melinda respirou profundamente, enquanto se aproximava da balaustrada do terraço.
– É que sempre pensei que quando me casasse…
– Estarias apaixonada?
– Sim.
– É compreensível. E estarás, algum dia.
– Não, isso não é para mim – Melinda abanou a cabeça. – Não estou à procura do amor, de modo que não haverá mais casamentos.
– Eu disse isso mesmo uma vez.
Ela olhou-o, surpreendida.
– Já foste casado?
Sean franziu a testa desejando poder retirar aquelas palavras. Não tinha intenção de lhe falar sobre o seu casamento fracassado. Nunca tinha falado disso até àquele momento, precisamente quando não deveria. O subconsciente tê-lo-ia traído?
«Genial. Agora vou à psicanálise».
Enquanto isso, a sua esposa olhava-o à espera de uma explicação e Sean sabia que não lha ia dar.
Mas isso só faria com que Melinda quisesse descobrir os seus segredos. As mulheres tinham uma técnica especial para tirar informação a um homem e, normalmente, não se rendiam até o ter conseguido.
Mas talvez pudesse evitar isso contando-lhe algo…
– Não durou muito.
– Então, és divorciado.
– Não, já não – brincou Sean. – Agora sou um homem casado.
– Sim, somos casados – assentiu ela.
– Não pareces muito contente.
– É complicado.
– A mim não me parece complicado – disse ele.
Era linda. Tinha pensado isso ao vê-la a caminhar para ele antes da cerimónia e tinha ficado especado no seu lugar. O cabelo preto caía-lhe sobre os ombros; o vestido branco que se ajustava às suas curvas para cair até ao chão depois numa cauda de seda sensual; a curva dos seus seios; o brilho decidido nos seus olhos. Tudo nela parecia desenhado para o converter num noivo apaixonado a fazer planos para o futuro.
– Sean, sobre aquele beijo…
Sim, também ele estava a pensar no beijo. Bom, nisso e na ereção incrível que lhe tinha provocado. Nunca tinha reagido tão rápido perante uma mulher e ainda não se tinha acalmado.
E isso significava que os próximos dois meses iam ser mais difíceis do que julgara.
No entanto, não podia lamentar o beijo; pelo contrário, queria mais.
– Foi um beijo estupendo – admitiu, virando-se de costas para o jardim para estudar a mulher com quem se tinha casado.
O luar fazia com que o seu vestido branco com um decote generoso parecesse brilhar e Sean não conseguia afastar os olhos dela.
O material fino do vestido destacava-lhe a admirável figura. Tudo nela o fazia desejar abraçá-la e beijá-la até que nenhum dos dois conseguisse respirar. E Sean nunca tinha sido famoso por causa da sua contenção.
Tinha que fazer um esforço sobre-humano para não a tocar, mas gostaria de deslizar as mãos pelo seu corpo até a fazer suspirar de prazer. Se fosse por ele, levaria a sua esposa para a suite onde viveriam durante aqueles dois meses e deitá-la-ia na cama. Levantaria a saia do vestido e olhá-la-ia nos olhos, enquanto entrava nela, sentindo aquelas pernas longas envolvidas na sua cintura, enquanto o recebia, arquejando de prazer. Derramar-se-ia dentro dela e depois, quando os dois tivessem atingido o clímax, voltaria a fazê-lo…
– Não o podemos fazer outra vez – a voz de Melinda interrompeu as suas fantasias e Sean mexeu-se um pouco, tentando aliviar a pressão por baixo das calças. Mas não serviu de nada.
– Claro que podemos. Um beijo não é sexo.
– Mas é como beijas – murmurou ela.
– Se me lisonjeares chegarás onde quiseres – troçou Sean.
– Não era um elogio.
– Quem disse? – Sean empurrou-a suavemente contra a balaustrada, mas ela olhava para os lados, como se não se atrevesse a olhar para os olhos dele.
Ele não queria que se sentisse constrangida; queria-a rendida, entusiasta… como tinha estado durante aquele beijo incrível.
– Foi só um beijo, Melinda. Não significa nada, a não ser que tu queiras que assim seja.
– Não, não pode ser.
– Então não se passa nada. Mas o facto de termos acordado não mantermos relações sexuais não significa que não possamos desfrutar um pouco.
Ela mordeu os lábios, indecisa.
– Não sei…
– Talvez não tenha sido um beijo tão incrível como nos pareceu – continuou Sean. – Quiçá tenha sido a surpresa… deveríamos comprovar isso.
– Não me parece…
– A mim parece-me muito boa ideia – interrompeu ele, inclinando-se para se apoderar da sua boca.
Desta vez, o beijo foi mais ávido porque sabia o que ia encontrar. Conhecia o seu sabor, o calor da sua pele… e desta vez, quando Melinda entreabriu os lábios, estava quase preparado para a corrente de calor que o fez perder o equilíbrio.
Beijá-la antes tinha sido uma revelação e o segundo beijo era a confirmação de tudo o que tinha experimentado. E o desejo crescia por segundos. Não se conseguia afastar, ainda que soubesse que o deveria fazer.
Aquilo não fazia parte do acordo. Aquela instantânea explosão de desejo era algo que não tinha experimentado antes. Se tivesse sentido algo assim com outra mulher tê-la-ia levado para a cama de imediato. Mas aquela não era uma opção com Melinda e Sean não sabia o que fazer a esse respeito.
Enquanto o seu corpo lhe pedia que continuasse, o seu cérebro gritava-lhe para ter cuidado. Tinha dado a sua palavra e mantê-la-ia, disse a si mesmo enquanto a continuava a beijar, agarrando tudo o que ela oferecia, dando-lhe tudo o que tinha. Estavam tão apertados, um contra o outro, que conseguia sentir os batimentos frenéticos do seu coração e soube então que Melinda estava tão excitada quanto ele.
Saber isso deu-lhe permissão para continuar e passou um dedo pelo fecho do vestido, descendo-o um pouco; um centímetro, dois centímetros, o suficiente para deixar à vista o corpete do vestido e…
Sean inclinou a cabeça para envolver um seio rosado com os lábios e sentiu-a a tremer.
– Sean…
Sabia que deveria parar, mas não o fez. Não o conseguiu fazer. Desfrutando dos seus gemidos e do sabor daquele seio suave como veludo, passou os dentes sobre a ponta e sentiu-a a tremer.
Melinda agarrou-se aos seus ombros, arqueando-se para ele. Com uma mão, Sean acariciava-lhe os seios, apertando suavemente um seio entre o polegar e o indicador, enquanto atormentava o outro com a língua. Não se cansava dela, o desejo fazia com que perdesse a cabeça.
A música e o murmúrio de vozes no salão de banquetes não eram mais que uma distração vaga do que era realmente importante.
Sean sentia-a a tremer e sabia que era por causa das suas carícias, não por causa da brisa noturna que movia as folhas das árvores. Ela enredou os dedos no seu cabelo, segurando a cabeça contra os seus seios, cada toque das suas unhas contra o couro cabeludo de Sean enviava uma descarga elétrica por todo o seu corpo.
Nunca tinha desejado uma mulher como desejava Melinda Stanford… King.
Pensar nisso quebrou a neblina de desejo. Era sua mulher, a mulher em quem tinha prometido não tocar. E estava praticamente a fazer amor com ela no terraço, a uns metros dos convidados do casamento.
Sean fez um esforço sobre-humano para se afastar e subir o fecho do vestido. Quando terminou, envolveu-a nos seus braços, tentando convencer o seu corpo de que não estava a ponto de explodir de frustração.
– Sean?
Melinda tinha um aspeto tão sexy que gostaria de esquecer-se da honra e fazer o que os dois queriam fazer. Mas não o faria.
Ainda não. Não até que ela o libertasse da sua promessa.
– Não acredito que estamos a ponto de…
Sean tentou sorrir.
– Não aconteceu nada.
– Não deveria… não sei por que te deixei…
Ele agarrou a sua cara entre as mãos.
– Não é para tanto – disse-lhe, ainda que soubesse que não era verdade. – Somos casados e beijámo-nos… não te aborreças contigo mesma por causa disso.
– Mas há algo que deverias saber – Melinda mordeu os lábios. – Estive noiva uma vez. O meu noivo, o Steven Hardesty, morreu num acidente de carro há mais de um ano…
Uns segundos antes estava a gemer de prazer mas, de repente, o desejo que havia nos seus olhos tinha desaparecido e fora substituído por um brilho de dor e de culpabilidade.
– O Steven? – repetiu Sean, atónito.
– Ele morreu e…
– Precisavas de alguém que ocupasse o lugar dele?
– O quê?
– Foi por isso que te casaste comigo?
– O que estás a dizer? – exclamou Melinda. – Tu sabes perfeitamente por que nos casámos. Fizemos um acordo que também te beneficia a ti.
– Acordo ou não, não parecias estar a pensar no Steven há um minuto atrás.
– O que tem isso a ver?
– Disseste que não estavas interessada em romances. Porquê? – insistiu Sean. – Depois da morte de Steven escondeste-te? Fechaste o teu coração à chave?
– Não entendes – respondeu Melinda.
– Entendo melhor do que pensas – disse Sean, incrédulo. Melinda tinha-o investigado e talvez ele tivesse feito o mesmo. – De maneira que não é só um acordo benéfico para os dois; eu sou o substituto do Steven.
– Não, não és. Não poderias ser.
– Porque não?
– Já te disse que estava apaixonada por ele!
A sua veemência atingiu-o com mais força do que deveria, mas sentia-se como um idiota por se ter metido naquela armadilha. Só tinha pensado no acordo, no terreno, em ajudar os King a ganhar mais uma vez.
Se soubesse que Melinda estava de luto por causa de outro homem não o teria feito.
– Não entendo por que estás tão aborrecido – disse ela, passando as mãos pelos braços como se tivesse frio.
– Não gosto que me mintam ou me manipulem.
– E quem te manipulou? Fizemos um acordo no qual não entrava sexo e, no entanto, há uns minutos estavas a beijar-me e acariciar-me… quem é o culpado?
Melinda olhava-o como se fosse um anjo de castidade e ele devia-se sentir culpado?
– Não foi só culpa minha – respondeu Sean. – Podes convencer-te a ti mesma do que quiseres, mas sabemos os dois que não foi manipulação nenhuma. Gostas que te toque e continuas a querer que o faça.
– Não…
– Sim – interrompeu-a ele. – Há uns minutos estavas a suspirar e a desfrutar das minhas carícias…
– Cala-te!
– Não o penso fazer. Queres fingir que não é verdade? Pois fá-lo, mas sabemos os dois que mais uns minutos e o acordo de não manter relações sexuais teria ido por água abaixo.
– Eu só te queria explicar…
– Conta isso a alguém que não tenha a marca das tuas unhas no seu couro cabeludo.
Sean viu que corava. De vergonha, de remorsos?
– Podes querer fingir que já não estás interessada em viver – continuou, inclinando-se até que as suas bocas estavam a ponto de se tocar. – Mas o teu corpo continua vivo e desejas-me, como eu te desejo a ti.
Melinda levantou as mãos para o empurrar e Sean deu um passo atrás, não porque tivesse que o fazer mas porque entendia que precisava de espaço. E ele também.
– Enganas-te.
– Não, não me engano. Mas podes dizer a ti mesma o que quiseres.
Ficaram calados, os sons da festa no interior enchiam o tenso silêncio. E por fim, após o que lhe pareceu uma eternidade, Melinda disse:
– Não me apetece voltar para o banquete. Vou subir para a suite.
– Muito bem – ele apoiou as mãos na balaustrada, olhando para a lua.
– O que vais fazer?
Sean virou a cabeça para olhar para ela. Por muito que o quisesse negar, uma parte dele queria consolá-la porque parecia perdida. Mas decidiu que seria melhor continuar indignado.
– Vou beber um copo.
– Mas continuarás a cumprir o acordo? Subirás para a suite?
A suite na qual viveriam durante aqueles dois meses. Viver com ela, estar ao seu lado e não a tocar…
Por um segundo, Sean considerou a ideia de cancelar o acordo. Mas, ainda que estivesse chateado, ele não era parvo e, além disso, cumpria sempre com a sua palavra.
– Sim – respondeu, olhando-a com receio. Era linda, mas perigosa, magoada mas manipuladora. – Não te preocupes, farei o meu papel. Serei o marido que o Steven teria sido.