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O Economato de Dante

Luís precisava falar com alguém, desabafar. Chegou a casa era perto da hora de jantar. Toda a gente já estava à volta da mesa e ele apressou-se a tomar um duche para se juntar à família. O dia passava-lhe em revista à frente dos olhos e sentia um aperto no estômago. Sentou-se à mesa, contou o que se tinha passado e a desorganização que havia encontrado para além de que tinha de se desenrascar sozinho porque ninguém percebia do sistema informático e estavam sempre todos demasiado ocupados. As irmãs encorajaram-no e tentaram vincar os pontos positivos como ele ter arrumado o espaço físico. O pai barafustava que bem o tinha avisado para não ir trabalhar para o armazém.

Luís foi para o quarto e tentou descansar. Ligou à namorada, mas acabou por não falar muito, estava mesmo de rastos e tentou dormir. Naquela noite tinha companhia na cama; a ansiedade que o abraçava. Dava voltas, virava-se para um lado, depois para o outro, olhava para o relógio de cabeceira e os seus números luminosos no mostrador; via-os a avançarem rapidamente e já passava da meia noite. O corpo dormente do desgaste do primeiro dia lutava com a mente acelerada e lá acabou o corpo por vencer.

Luís sentiu a noite a passar demasiado rápido.

Não reparou no peculiar facto da casa deserta,

o carro já ligado aguardava-o.

A estrada vazia convidava à tortura dos pensamentos;

Latas em frente à Câmara Frigorífica e... o carro

deslizava pelo meio da neblina.

Estacionado o carro em frente ao Balcão da Recepção,

cumprimentou os seus colegas e desceu as escadas tortuosas

mais íngremes do que se lembrava;

Luís descia a interminável escada que se escusava a ter fim:

<<Ah! Economato>>, podia ler-se finalmente.

Luís empurrou a pesada porta rochosa,

Prateleiras zigzagueantes colavam-se à escura parede,

envoltas em trepadeiras araliáceas. E o cheiro...

<<Ai o cheiro>>, pensou. Desespero.

<<Oh misericórdia Senhor>>, exclamou Sr. Joaquim,

<<Que maldição esta nos assombra>>.

Como quem ante si vê de repente uma inesperada coisa,

<<O que é isto?>>, disse desmaindo.

Luís incrédulo o Socorro procura, porém mudo fica.

O som de um trovão no espaço ecoa,

e o Chef Rui e Maria Albertina surgem,

correndo aflitos, procurando consolo:

<< Precisamos de material, urgente >>.

Tropeçam em Joaquim, no chão inconsciente,

e todos no chão ficam tombados:

<<Pickles, Tomate em Cubos, não podemos falhar>>, agonizam.

Um Lodo aparece submergindo tudo à sua volta,

Luís sobe às prateleiras temendo pela sua vida.

<<Atravessa todos os Circulos do Economato

e toda tua valia mostra>>, entoa desconhecida voz:

<<Deus não interrompe os seus Decretos>>.

Novo trovão se ouve e Luís GRITA, sufocando...


Luís abriu os olhos, ainda com dificuldade na respiração, abafado, com o coração a palpitar ferozmente. Respirou fundo, olhou para o lado e só o mostrador do relógio ali continuava a passar os minutos, indiferente ao restante breu que invadia o quarto. Os números marcavam agora 3:33. Luís continuava cansado, as pestanas pesavam toneladas.

“Calma, foi só um pesadelo” – confortou-se Luís na solidão dos seus sentimentos.

Reis Do Economato

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