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CAPÍTULO 04.

REVELAÇÃO DE DEUS AOS QUE O PROCURAM

O Conhecimento sobre Deus

O filosofo grego Sócrates nos dizia que “o conhecimento está dentro de cada um” e que a única maneira de fazer esse conhecimento acontecer é quando se toma conta que ele existe. Assim, entendemos que o conhecimento vem de dentro pra fora, e não de fora pra dentro.

Um exemplo de que isso é verdade, podemos citar os estudantes universitários, quando se referem aos doutrinadores, sempre nos dizem “Fulano diz, ou cicrano pensa aquilo”. Porém, o mais importante é o que pessoa pensa ou tem a dizer. Normalmente, a pessoa acaba reproduzindo o conceito de outro alguém, de algum livro que leu, mas esquece de pensar se concorda ou discorda do pensamento colocado. Porque a pessoa pode, sim, discordar do pensamento de qualquer outra, ainda que não esteja certo, no mínimo irá descobrir que estava errado, mas, pensando.

Se não analisar o que ler, o que passa a conhecer, não irá saber se tem dúvida de algo. O conhecimento que temos é aquele que sentimos que é verdade, caso contrário, não há convicção de que é verdade. Pode até falar, porque ouviu alguém que seja uma referência defendendo a tese, mas, se não sentir, não irá praticar, e essa é uma grande diferença.

Quando falamos de espiritismo, fazendo-nos a pergunta sobre o que é ser espírita? Devemos ter ciência que para ser espírita devemos introduzir em nossas vidas “cinco” princípios básicos, são eles: Deus, imortalidade da alma, comunicabilidade dos espíritos, reencarnação e evolução. Isso é essencial para ser espírita.

Se um desses princípios não funcionar, consequentemente, o espiritismo como um todo também não funcionará. É necessário ter absoluta certeza de que esses conceitos fazem sentido para você, pois do contrário, nunca se olhará o mundo como um espírita de fato. Pode até dizer que é espírita, mas pensará, sentirá, ou se comportará como se fosse de outra religião ou até mesmo ateu.

Exemplo disso, quando se diz que acredita na reencarnação, mas vive como se isso não fosse verdade. Quando diz que acredita na vida após a morte, mas vive dizendo que “bandido bom é bandido morto”. O espírita não tem como concordar com essa afirmativa, pois, saberá que o bandido quando morrer virará obsessor, ou seja, não será bandido bom. Para pensar dessa forma, tem que ter certeza na imortalidade da alma, se não tiver essa certeza, terá razão, é melhor o bandido morto.

Pensando nesse exemplo, chegamos à conclusão de que bandido bom é bandido preso. Se morre vira obsessor e perturba mais. Isso é baseado no conceito espírita. Então esses jargões populares que normalmente se diz, o espírita não pode dizer, pois não se fundamenta nos princípios da sua doutrina.

Ainda buscando exemplo nesses jargões populares, quando ouvimos dizer “A vida não faz sentido”, da mesma forma, o espírita não pode concordar com essa afirmativa, pois acredita em Deus. E Deus é justo, é bom, sabe o que faz, ou seja, para falar que a vida não tem sentido, está se negando a justiça divina. Porque não há nada na vida que não aconteça sem uma razão.

Por isso não devemos aceitar tudo que nos é mostrado, deve-se entender o porquê de aquilo está sendo mostrado. A partir daí, entendendo os porquês, não haverá mais motivos para acontecer.

Porém, para se pensar assim serão necessários crer nos “cinco” princípios básicos, e que sinta isso, pois se não for sentido, não fará mesmo nenhum sentido.

A Meritocracia divina

Hoje em dia se fala muito em “meritocracia”, alguns contestam que exista essa tal meritocracia, alegando que como não existe ninguém igual a ninguém, algumas pessoas nasceram com vantagens. Imaginemos o seguinte quadro: Num determinado local, onde haviam vários corredores, foi lançado um desafio para que quem chegasse primeiro na corrida seria premiado, porém antes da corrida gostaríamos de fazer algumas colocações que seriam importantes para definir a largada, onde a cada pergunta, quem se encaixar, dará um passo à frente, de onde sairá para início da corrida, e começou:

- Quem nasceu num berço familiar e conviveu com pai e mãe? Dê um passo à frente. Quem estudou em escolas particulares? Dê um passo à frente.

- Quem nunca passou fome? Dê um passo à frente.

Após várias perguntas que colocavam diferenças entre os corredores, verificou-se que alguns sairiam a frente de outros, ou seja, em vantagem, com probabilidade circunstancial de chegar em primeiro por causa dessas vantagens. Ou seja, num primeiro olhar, esse exemplo mostra uma situação injusta, e pensa-se que assim é a vida, onde alguns nascem com vantagens sobre outros, que não tiveram as mesmas oportunidades, e que se fracassarem, culpam a vida por não ter sido tão justas com esses infelizes. Esse exemplo é até sugestivo, mas não é espírita. Se observarmos, veremos que está inconsonante com os princípios básicos da doutrina, pois acreditando nessas diferenças, contesta-se a justiça divina, ou seja, a existência de Deus, a reencarnação, a evolução.

O espírita, que acredita na reencarnação, sabe que cada um tem o que merece e precisa, que não existem coincidências na vida e sabemos que na vida não existem injustiçados.

Ainda nesse entendimento, vitimizam-se alguns por terem nascido negro, ou ainda se é racista, dizendo que o negro é uma raça inferior. Voltamos aos espíritas, depois que desencarnam, sabemos que os espíritos não têm cor, ainda que tenha reencarnado por várias vezes negro ou branco, ou índio, ou outra raça. Não existe ninguém que não terá sido negro em algum momento. Ainda que o racista venha dizer, na sua maledicência, que tenha sido há muitas encarnações atrás, mas e daí? O espírito não tem altura, não tem gênero, Ou seja, essas discussões são viáveis para ateus, que acha que só vale isso aqui, só há uma vida encarnada, mas para nós, espíritas, não. Nós somos reencarnacionistas, e como tal, a dificuldade se entende de outra forma.

Voltando à meritocracia, para acharmos que o que acontece conosco é injusto, subentende-se que achamos também que Deus não existe. Se somos Deístas, acreditamos que Deus é o criador de tudo, e se é o criador de tudo, é também onipotente. Não há nada que não possa. E pra ser onipotente tem que ser onisciente, ou seja, sabe tudo. E pra saber tudo, tem que ser onipresente, está em todos os lugares. E Deus é bom, pois se não for bom, é mal.

E o mal não existe, se existisse é porque Deus não existiria. Se nós afirmamos que Deus é bom, não há como afirmar também que o mal exista. Pois se Deus é onipresente, e o mal existe, Deus também está no mal. Pois Deus está em toda parte, ou seja, estará onde está o bem, mas se o mal existe, estará também onde estiver o mal.

Se dissermos, mas o mal quem conduz é o Diabo. Serão dois, Deus e anti-deus, e eles dividem as coisas. Se pensarmos assim, Deus não pode ser onipresente, pois, se for, estará também no mal. Onipresença, significa estar em toda parte, sem exceção. A questão é que todos esses atributos se interligam, onde se não for onipresente, também não será onisciente, Nem onipotente, e se não for onipotente, não tem como ser o criador, pois aí acharíamos que Deus só poderia criar uma parte, a boa, a ruim, não.

Dialética materialista

Analisamos toda essa situação complexa, para dissertar sobre a dialética materialista. O materialista não o é porque é ruim, eles são materialistas porque raciocinam assim e acham que Deus não faz sentido. Porém, se dizemos que Deus faz sentido, precisamos provar, pois se não consigo provar que Deus existe, não posso ter convicções profundas sobre a existência dele.

Quando não se questiona a existência de Deus, é fácil dizer que acredita, mas se colocarem em xeque essa existência, como eu posso dissipar essas dúvidas?

O Espírita acredita em Deus. Então precisa saber explicar a existência de Deus. Mas, essa explicação é muito personalizada, voltada à forma como se sente Deus. A dificuldade em se explicar geralmente aparece porque nunca notaram, e nem se parou para questionar isso consigo mesmo, se são deístas ou não.

A base do espiritismo é filosófica, e filosofia significa questionamento sistemático. Então uma coisa não pode ser branca e deixar de ser branca ao mesmo tempo, e uma coisa não pode ser boa e deixar de ser boa ao mesmo tempo. Ou é boa ou é má. Podemos argumentar isso baseado no princípio da racionalidade, ou Deus é bom ou não é.

A igreja diz que mal é o diabo, e que onde Deus (que é onipresente) não está, lá está o diabo, ou seja, tem dois todo poderosos. Um do bem e outro do mal. Onde Deus não manda, manda o diabo, e onde o diabo não manda, manda Deus. Seria o diabo a causa de todo o mal? E Deus a de todo o bem? Tudo isso é um paradoxo, e se for olhar por este ponto de vista, teremos que afirmar que o povo na sua essência é ateu. Porque ou você concorda que Deus não presta, que é um sádico, demente, que quer a desgraça do mundo, ou ele não existe e é invenção do homem.

Temos a opção de não sermos de fato ateus. Podemos ser espíritas, que nos oferece opções lógicas, as quais possamos enfrentar quaisquer questionamentos. Porém, para que possamos ser espíritas de fato, e essa resposta funcione, precisamos ter certeza, sem nenhuma dúvida, dos cinco princípios, Deus, imortalidade da alma, comunicabilidade dos espíritos, reencarnação e evolução. E precisa ser os cinco, pois a falta de um deles, tira todo o sentido.

Que é Deus?

Partindo dessa afirmativa, vamos voltar à pergunta se Deus existe. Allan Kardec, perguntou aos espíritos: Que é Deus? A resposta dos espíritos, “Inteligência suprema”, e se Deus é a inteligência suprema, entendemos que não tem nenhuma inteligência maior ou igual a Deus. E nesse entendimento, tudo que foi feito, e que é feito por Deus está certo, está direito, não é errado. Ninguém faz melhor que Deus, ninguém conserta o universo.

Nós pais, sempre achamos que sabemos o que é bom para os filhos, muitas vezes não querendo deixar que casem com certa pessoa, porque acreditamos que ela não serve pra ser companheira ou companheiro deles, tudo isso porque acreditamos que quem sabe o que é melhor pra eles somos nós, e os motivos são variados, porque a família não presta, porque não dará um futuro bom, porque não quer trabalhar, porque é descrente, dentre tantos outros motivos. Mas Deus permite que isso aconteça

Dizemos que acreditamos em Deus, e vamos de encontro aos desígnios dele. Deus não nos confiou a ser fiscal dele, para decidirmos por ele. Para dizer quem está certo e quem está errado. Sempre achamos que sabemos o que é melhor, afinal, são nossos filhos. Mas e Deus? Não sabe?

Porque Deus permite que as pessoas nasçam com peles diferentes na cor, e aconteça toda essa confusão que vemos? Por que alguns nascem doentes e outros saudáveis? Muitos ainda bebês, sofrendo, sem terem feitos nada. Há quem diga que não é coisa de Deus, só pode ser obra do demônio. Há quem diga que o espírita faz essas indagações porque é sádico, ou porque gosta de sofrer, ou até mesmo porque não tem sentimentos, afinal, um bebê, nunca fez nada, como pode merecer tal desatino?

Quando pensamos no bandido, estuprador, pedófilo, que está sofrendo, sempre ouvimos falar que estes sim merecem. Ou seja, quem assim pensa, não tem certeza se Deus é realmente bom. A todo tempo estão questionando esses fatos da vida. Como Deus permite? Como deixa? Como é que pode? Não existe outra forma de definir isso, a não ser descrença.

Quando o espírita (de fato) afirma que isso é descrença, se ouve contraditas perguntando se tem então que aceitar essas questões resignadamente, que o espírita aceita tudo. Mas, quando voltamos nosso assunto para Deus, e dizemos que ele é a inteligência suprema, em suma, que nada é mais inteligente do que Deus, podemos dizer também que tudo que acontece, todas as coisas que existem, são realizadas intencionalmente, pois não há acidentes na vida, o universo tem um sentido, tem uma finalidade, um motivo, e não há nada que aconteça sem uma razão, e essa razão é inteligente.

Os espíritos dizem a Kardec também, completando a resposta, que além de ser a inteligência suprema, Deus é também “a causa primária de todas as coisas”, ou seja, que não existe nada antes de Deus. Definimos Deus como Onisciente, Onipresente, Onipotente, Onitudo.

Os atributos da divindade

Quando vamos pesquisar os atributos da divindade, no primeiro capítulo do livro dos espíritos, está escrito que Deus é soberanamente justo e bom, ou seja, diz que é o topo da justiça e da bondade, ninguém é mais justo e tem mais bondade que Deus, ninguém é melhor que Deus. Não há o que se contestar nesse sentido. Quando se fala que é um atributo de Deus ser soberanamente justo e bom, significa que tudo que acontece é justo e bom.

Kardec, perguntou aos espíritos “O mal existe?”, A resposta foi clara “Não”. E esse é um primeiro princípio espírita. Os espíritos responderam “O mal não existe”. É até difícil de entender, no início o próprio inquiridor não entendeu, tanto que logo em seguida perguntou “E isso que chamam de mal é o que?”, o que era uma pergunta natural após sempre perceber “o mal” no mundo e receber essa mensagem que trazia “o mal” como inexistente.

Os espíritos responderam “O que vos parece mal, nada mais é que ignorância do bem”, mas ignorância de quem? Ora, é claro que a ignorância é daquele que duvida que Deus é soberanamente justo e bom, pois não quer enxergar que mesmo o que parece ser mal, também é bom.

Pra isso fazer sentido, vamos voltar lá no início do capítulo quando falamos que precisamos absorver os cinco princípios espiritas “Deus, imortalidade da alma, comunicabilidade dos espíritos, reencarnação e evolução”. Se não acreditarmos em um desses princípios, não vai funcionar.

Fazendo uma analogia, o ser humano está fazendo um monte de besteira, sendo observado pelos mentores de luz na espiritualidade, será que ele pensa que esse ser humano é um capeta? Não. Pensa “Coitado, tá engatinhando nas estradas da evolução, mas vai melhorar”. Não vai achar que é o mal em pessoa, mas que apenas ainda desconhece, que é ignorante, que é infantil.

Agora vislumbrando outra situação, se olharmos alguém fazer mal a uma pessoa, para nós, seres na caminhada, ainda engatinhando na senda da evolução, sim, está fazendo o mal.

Mas para Jesus, espirito perfeito, é um espirito ainda infantil, que vai melhorar. Até porque não existe mal. Não existe injustiçados. Se temos certeza sobre os cinco princípios espiritas “Deus, imortalidade da alma, comunicabilidade dos espíritos, reencarnação, e evolução”, sabemos também que ninguém é mal, no máximo está no mal caminho, e tudo sob a batuta de Deus.

Aquele que matou o outro por causa do celular, que nos parece mal, na verdade não matou ninguém, se olharmos pelo prisma que a morte não existe. Explicando de uma forma bem simples, é como um jogo de vídeo game, onde temos várias vidas, se morrer, a gente pega outra vida e continua na labuta. E eventualmente vamos morrer várias vezes, e de várias maneiras, mas aí o legal é que a gente volta e tenta novamente.

Resumindo, ninguém morre, e o que nos parece o mal é ignorância de nossa parte, que não entendemos que ninguém morre.

As vezes se pensa matar o outro para tirar a dor que sentimos, mas não irá acontecer isso, no máximo o que desencarna vira uma vítima e vai querer se vingar do ocasionador do desencarne. Mas obsessor que é bom não mata ninguém, é melhor fazer a própria pessoa se matar. Pois assim irá lhe pegar do outro lado.

Quando sentimos dó daquela criancinha que sofre com câncer, pensamos como pode Deus fazer isso? A criancinha tão ingênua ainda. Aí vamos buscar o passado da criancinha, quando era aquela mulher que roubou o dinheiro que fazia o remédio pra câncer, e muitos morreram por falta do remédio, voltou para reparar o mal que cometeu. Deus é justo, todos são tratados iguais, e todos tem aquilo que merecem.

Quando a gente questiona assim nossas crenças, a gente acaba descobrindo que lá no fundo a maioria das pessoas falam, mas não acreditam na bondade, na justiça, na imortalidade, e consequentemente não acreditam em Deus. E por isso há revolta, vingança, agressão, pois achamos sempre que o que nos aconteceu foi injusto, e olhando pelo entendimento que a vingança sempre brota do sentimento de injustiça, nos vitimizamos, achando que o mundo conspira contra, que as pessoas é que sempre são ruins, que a mãe ou o pai é ruim, que nasceu no Pará, no Brasil. Será que se a mesma pessoa tivesse nascido na Noruega, a mãe e o pai fossem bacanas, ela seria outra pessoa? Será que poderíamos pensar na possibilidade de essas coisas já terem sido oportunizadas e não se deu o devido valor? e então se precisa viver uma experiência diferente para aprender a dar valor aquilo que se tem. Assim que se dá a questão do merecimento, não há injustiça, cada um tem aquilo que precisa ter.

Lei natural de progresso

A sociedade é a soma de todos os indivíduos, e cada indivíduo da sociedade é uma força vetora, e cada um desses indivíduos puxando a força para o lado que quer, a tendência é levar essa sociedade para nenhum lugar, ou melhor dizendo para o buraco.

Se eu pensar assim, vou ter que acreditar também que o livro dos espíritos não serve como orientação, uma vez que fala em Lei do progresso, e que o espírito tá sempre evoluindo, e se a sociedade é a soma de todos os indivíduos, como posso acreditar que estamos caminhando para lugar nenhum, ou para o buraco? Não faz sentido. A gente caminha sempre para frente, o racismo não aumentou como se fala por aí, não tem como acreditar que a sociedade hoje é mais racista que há 130 anos atrás, quando tínhamos homens como propriedade, em virtude da sua cor.

Não tem como achar que a sociedade hoje é mais machista que em 1930, quando a mulher nem votar podia. A educação hoje também é exemplo de evolução, em 1900 tínhamos 65% de brasileiros analfabetos, em 2019 esse número era de 6,5%. A violência, ouvimos todos os dias que está cada vez pior, quando na verdade, outrora, vivíamos no planeta momentos de barbárie, onde exércitos se digladiavam.

Da mesma forma com relação a questão homossexual, indígena, e tantas outras minorias que acha que o fim do mundo está próximo, quando na verdade estamos mais próximo do início do mundo que do seu final.

O Livro dos espíritos diz que o tempo não retrograda, e não piora jamais, evolui sempre, todos nós, podemos ir devagar ou depressa, mas voltar jamais. Logo, a sociedade está sempre melhorando, e como resultado da soma dessas forças temos o bem.

Justiça divina

Ser Espírita é simples, mas não é fácil, pois precisa questionar, precisa estudar, precisa pensar, ninguém vai dizer que se aceitar Jesus está salvo, nem mesmo ser espírita é garantia para salvação. Pois para a salvação não precisa nem ser espírita, precisa e tão somente, fazer o bem, pois como diz o jargão da doutrina dos espíritos “Fora da caridade não há salvação”.

Será que é vantagem ser espírita? Que não garante a salvação, que não dá garantia de nada e ainda diz que se der errado a culpa é da própria pessoa? Nem culpar o diabo pode, pois não cremos na sua figura, nem culpar a mãe ou pai, ainda que sejam ruins, porque acreditamos que cada um tem aquilo exatamente que merece.

Continuando nossa divagação, sabemos que nossas relações sociais não são justas, pois homens continuam batendo nas mulheres, mulheres continuam batendo em crianças, chefes continuam explorando empregados, alguns continuam oprimindo outros, etc., porém, a soma de todas essas relações sociais, terminam em justiça.

Aristóteles foi o primeiro filósofo a questionar a justiça, e dizia que a justiça estava relacionada ao merecimento, e que para saber se algo era justo ou não, precisaríamos definir o mérito, e para saber quem merecia mais ou menos era preciso definir o valor de cada coisa.

Vamos imaginar um saco cheio de dificuldades e sofrimentos para serem distribuídos, tem problemas de todos os tamanhos, “P”, “M”, “G” e “GG”. Quem deve receber os melhores problemas, sofrimentos, dificuldades? Para dar uma resposta a esse questionamento, precisamos saber pra que serve cada um desses problemas, dificuldades, sofrimentos. Vamos considerar que cada uma dessas situações em todos os tamanhos, servem para aprendizado, e com o aprendizado evoluímos. Olhando por esse prisma, quem precisa de mais situações dessas é quem precisa aprender mais, para assim dar um passinho a mais no caminho da evolução.

Aprendendo com a dor

Mas, se não quiser sofrer? O sofrimento serve de aprendizado, mas não se quer sofrer. Existem duas circunstâncias para mudar, ou aprendendo ou cansando de sofrer. A escolha é livre para cada um de nós. Se não optar por sofrer, preciso aprender com a situação que se apresenta. Caso o sofrimento chegue, não acuse Deus, ou deseje mal aquele que é julgado o causador do sofrimento. Pergunte-se, o que se deve aprender com o fato para isso nunca mais acontecer novamente. Caso o aprendizado aconteça realmente, nunca mais haverá sofrimento por aquilo.

Ocorre é que muitos de nós escolhe a vingança após sofrer os baques da vida, e transporta a causa, que tem sua participação, para alguém. E nesses encontros e reencontros que as vidas nos reservam, a roda vai girando e os fatos se apresentando por séculos para podermos nos redimir nas nossas falhas morais, colocamos a culpa no diabo, no mal, as vezes até no criador. Mas a questão é de escolha, é mais fácil aprender com a situação, refletir sobre o fato, e sabendo que o fato causa dor, causa sofrimento, causa dificuldade, o melhor é não fazer mais com ninguém nada parecido, e decidindo se livrar do que lhe causa dor e sofrimento, faça o bem sempre, independentemente da situação que se apresente. Algumas pequenas qualidades do caráter que nos fazem sofrer são o orgulho e o egoísmo.

O orgulhoso sempre acha que é melhor que todos, achando que sempre merece os melhores lugares, as melhores posições. E o orgulhoso vem a sofrer quando alguém discorda dele. Pois o orgulho em si não causa o dano, e sim quando alguém discorda da posição dele.

Existem inclusive, orgulhos que são difíceis de serem percebidos, aquele orgulho de ser humilde, quando julga o outro, rebaixando-o, e logo em seguida eleva a si mesmo, mostrando com a mão esquerda tudo o que a direita faz, achando-se simples, excelente, humilde, bom de coração, e etc. Até alguém discordar dele.

O orgulhoso, acaba achando que quem está errado é a pessoa que discordou, pois se achando o bom, quem seria o outro para discordar dele? Com certeza um obsidiado. Como vai discordar de uma pessoa boa que faz tudo o que faz pelo próximo.

Porém, sabemos que isso não é humildade, na verdade é um orgulho mascarado. Pois, o orgulhoso sempre se achará melhor que todos, que sabe mais que todos. O humilde, não se acha melhor do que ninguém. Quem é humilde de verdade, não se acha superior a ninguém, e entende que qualquer pessoa pode errar.

Quando você é humilde, não se ofende, por que sabe que não é nada pessoal, pois como foi dito, qualquer pessoa pode errar, o humilde é capaz de conviver com qualquer pessoa, inclusive permitir que ela seja do que jeito que é, sem ofender, sem prejudicar. As pessoas humildes são inofendíveis.

O humilde não sofre quando alguém toma o seu lugar, pois o sofrimento vem do orgulho. Dessa forma, se a pessoa aprende que o orgulho não é bom, acaba-se o sofrimento pelo motivo do orgulho.

A vaidade, o egoísmo, são outras qualidades que nos levam ao sofrimento, não se admitindo que alguém fira o ego, tal como, “Como a pessoa foi capaz de fazer isso comigo?” Pode-se fazer com qualquer pessoa, menos com o vaidoso, pois ele sempre pensa primeiro nele, depois os dele, aos outros nada. Isso dói na pessoa vaidosa, se não for vaidosa, não sentirá essa dor.

Essas qualidades que nos levam ao sofrimento são difíceis de se identificar, por exemplo o egoísmo, ainda é mal identificado, as pessoas ainda acham que tem a ver com a divisão da comida, ou com o que a pessoa ache importante pra ela, como um relacionamento onde a pessoa só pense no seu bem estar, sem pensar no cônjuge.

O interessante é que só nos damos conta disso, quando somos nós a vítima do egoísmo, quando nós somos o egoísta, está tudo certo, tenta se justificar pelo “amar primeiro a si mesmo”.

Enfim, o que se precisa aprender para não passar por isso, é simples, e por ser simples é que é difícil. Precisa deixar de ser egoísta. Porque semelhante atraí semelhante, os opostos não se atraem, quem se atraem são os iguais. Dessa forma, se você é egoísta, vai atrair egoístas para perto de você.

Resumindo, precisamos aprender, que o orgulho, o egoísmo, incluído aí a vaidade, são as maiores chagas da humanidade, e não são qualidades boas, ou seja, precisamos estar longe dessas qualidades para evitarmos sofrimento.

Quem ouve essa afirmativa se pergunta, mas quando temos uma doença grave? Um câncer? Uma AIDS? Dentre tantas outras doenças, que causam tanto sofrimento ao ser humano, o que tem a ver com o egoísmo, vaidade, orgulho?

As pesquisas realizadas pelo site família.com, diz que não há doença como câncer, aids, e outras, sem que junto ou antecedendo, haja mágoa ou ódio, e esses são qualidades desdobradas do orgulho, da vaidade, do ego feridos.

Outra pergunta que sempre se ouve é em relação às crianças que adquirem essas doenças graves, ou já nascem com elas, o porquê? Já que ainda não sentiram tanta mágoa, ódio, ou tiveram tempo de ter orgulho, vaidade, egoísmo. Muito bem, as crianças, são crianças agora, mas não são espíritos jovens como aparentam, e muitas nem aparentam.

Não são espíritos puros, criados naquele período, como muitos acreditam, são espíritos que já trazem uma carga de experiencias anteriores, e que provavelmente tem essa relação impura trazida consigo, o que se traduz em forma de doença física. Ou seja, não importa a idade que aqui estamos, a doença pode aparecer em qualquer de nós, pois trazemos experiências anteriores, e com absoluta certeza não foram melhores que as atuais. Então, para não ter essas doenças e não sofrer por tê-las, o remédio é o mesmo que as doenças da alma citadas anteriormente (ódio, orgulho, vaidade, egoísmo), evitar essas qualidades não boas é evitar o sofrimento em geral.

Perdão

Ninguém conhece a pessoa como ela própria se conhece, ela pode até não admitir, mas a própria pessoa sabe, o que lhe aflige, o que lhe causa raiva, o que lhe fere o orgulho, pode até dizer que não sabe, que não lembra, mas se parar para refletir vai recordar, e poderá tratar. Se não lembrar, na dúvida, perdoa todos, ama a todos, faz o bem a todos, fazendo isso, vai acertar aquele que precisa perdoar, amar, fazer o bem.

Louise Hay escreveu um livro “você pode curar sua vida”, onde relata que tinha um câncer agressivo e generalizado, e três meses de vida. Ela resolveu analisar e descobriu que a cura estava em se livrar dessas qualidades imorais que estavam incrustradas dentro dela, e ao ir se livrando uma por uma delas, os cânceres também iam regredindo, e quando ela conseguiu se livrar de todos os motivos que lhe causavam sofrimento na alma, já não tinha mais câncer. Esse é um caso dentre tantos outros que conseguiram a cura dessa forma, assim como muitos desencarnaram pelo sofrimento dessas doenças, sinal que não descobriu o motivo, dentre aquelas qualidades ruins que lhe causara o mal.

Tem pessoas que tentaram o tratamento seguindo essa fórmula, e diziam não ter ódio, mágoa ou qualquer outro sentimento ruim por alguém, dessa forma, como iriam mudar se não possuíam. Foram orientados a perdoar a todos em geral, o que não era admissível por elas, como vai perdoar a todos que aparecerem?

Se alguém tiver algo imperdoável, então esse alguém é forte candidato a adquirir uma doença grave. Direto, mas é assim. Estamos aqui para aprender a amar, a perdoar, e ser bom, então enquanto não conseguirmos, nossa vez de sofrer chegará. Temos duas escolhas: Aprender ou cansar de sofrer, então vamos aprender logo.

André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier, em “Nosso Lar”, nos mostrou que foi um suicida indireto por ter optado a usar substância que lhe fazia mal enquanto encarnado, a informação foi deixada por ele, então é questão de escolha, beber, fumar, usar droga, prostituir, tudo é questão de escolha, Se fizer sofre, se não fizer, não sofre.

Quando olhamos em “O Livro do espíritos” e lemos direito o que há de profundidade nessa fonte de sabedoria, ficamos mais acessíveis com aqueles, que com certeza não são discípulos do Diabo, são sim pessoas infantis, ciumentas, orgulhosas, egoístas, vaidosas, que ainda engatinham na busca da evolução moral, provavelmente como nós também, que ainda sofremos, e ´precisamos perdoar para merecermos o perdão.

Jesus, foi negado, entregue, e traído, e nós não somos melhores que ele. Dessa forma, devemos continuar nossa caminhada, sem olhar as dificuldades, de outra forma, não seremos felizes.

Santo Agostinho nos disse “As pessoas não são o que parecem, as pessoas não são o que deveriam ser, as pessoas não são o que gostaríamos que fossem, as pessoas são exatamente o que são, e não há nada que possamos fazer a respeito. Se não entendermos essa simples verdade, jamais seremos felizes, pois somos responsáveis por nós mesmos”.

Crendo no criador e sabendo que ele sabe o que faz, se permite que alguém prospere, não somos nós que temos que destruir, pois toda vez que levantarmos a mão para fazer o mal, somos nós quem vamos sofrer. Nós não somos justos como Deus é, nós não entendemos o mal, como Deus entende. Olhando por esse prisma, a nossa luta não deve ser contra o mal, e sim contra a ignorância, e a melhor maneira de lutarmos contra a ignorância é ensinar dando o exemplo, esse o nosso trabalho maior, ensinar, fazendo direito.

E fazer direito não é enxergar o mal nos outros, não é apontar os erros dos outros, fazer direito é perdoar as faltas alheias, ser compreensivo com as imperfeições dos outros, é fazer o bem ao próximo. E se não tivermos nada de bom a dizer, é melhor não dizer nada, que assim pelo menos não vamos errar mais do que já erramos.

As faces de Deus

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