Читать книгу Poesias - A. A. Soares de Passos - Страница 13

DESEJO

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Oh! quem nos teus braços podéra ditoso

No mundo viver,

Do mundo esquecido no languido goso

D'infindo prazer.

Sentir os teus olhos serenos, em calma,

Fallando d'além,

D'além! d'uma vida que sonha minha alma

Que a terra não tem.

Eu dera este mundo, com tudo o que encerra,

Por tal galardão:

Thesouros, e glorias, os thronos da terra,

Que valem, que são?

A sêde que eu tenho não morre apagada

Com tal aridez:

Podésse eu ganhal-os, e iria seu nada

Depôr a teus pés.

E só desejando mais doce victoria,

Dizer-te: eis-aqui

Meu sceptro e sciencia, thesouros e gloria:

Ganhei-os por ti.

A vida, essa mesma daria contente,

Sem pena, sem dôr,

Se um dia embalasses, um dia sómente,

Meu sonho d'amor.

Isenta do laço que ao mundo nos prende,

A vida que val?

A vida é só vida se o amor n'ella accende

Seu doce fanal.

Aos mundos que eu sonho podésse eu comtigo,

Voando, subir;

Depois, que importava? depois no jazigo

Sorrira ao cahir.

Poesias

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