Читать книгу Poesias - A. A. Soares de Passos - Страница 16

CANÇÃO

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Que noite d'encanto!

Que lucido manto!

Que noite! amo tanto

Seu mudo fulgor!

Oh! vem, ó donzella;

Não temas, ó bella,

Que á noite só vela

Quem sonha d'amor.


A luz infinita

Dos astros, crepita,

Arqueja e palpita,

Serena a brilhar:

Assim o teu seio,

De casto receio,

De timido enleio,

Costuma pulsar.

A lua, qual chamma,

Que os seios inflamma,

Fanal de quem ama,

Desponta no céo;

E a nitida fronte

Retrata na fonte,

E estende no monte

Seu candido véo.


E a fonte murmura

Por entre a verdura,

E ao longe d'altura

Lá desce a gemer:

Que sons, que folguedos!

Parece aos rochedos

Dizer mil segredos

D'infindo prazer.


Silencio! o trinado

Lá solta enlevado,

Das noites o amado,

Da selva o cantor;

E o hymno que entôa

No bosque resôa,

E ao longe revôa

Gemendo d'amor.

O facho da lua

Co'a sombra fluctua,

Avança e recua

No chão do jardim;

Nas azas da aragem,

Que agita a folhagem,

Recende a bafagem

Da rosa e jasmin.


Que noite d'encanto!

Que lucido manto!

Que noite! amo tanto

Seu mudo fulgor!

Oh! vem, ó donzella;

Não temas, ó bella,

Que á noite só vela

Quem sonha d'amor.

Poesias

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