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IX.

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Mas foi uma visão: foi como scena

D'imaginar febril. Creou-se, acaso,

Do poeta na mente, ou desvendou-lhe

A mão de Deus o íntimo ver da alma,

Que devassa a existencia mysteriosa

Do mundo dos espiritos? Quem sabe?

Dos vivos ja deserta, a igreja torva

Repovoou-se, para mim ao menos,

Dos extinctos, que ao pé das sanctas aras

Leito commum na somnolencia extrema

Buscaram. O terror, que arreda o homem

Do limiar do templo ás horas mortas,

Não vem de crença van. Se fulgem astros,

Se a luz da lua estira a sombra eterna

Da cruz gigante (que campeia erguida

No vertice do timpano, ou no cimo

Do corucheu do campanario) ao longo

Dos inclinados tectos, afastae-vos!

Afastae-vos d'aqui, onde se passam

Á meia-noite insolitos mysterios;

D'aqui, onde desperta a voz do archanjo

Os dormentes da morte; onde reune

O que foi forte e o que foi fraco, o pobre

E o opulento, o orgulhoso e o humilde,

O bom e o mau, o ignorante e o sabio,

Quantos, emfim, depositar vieram

Juncto do altar o que era seu no mundo,

Um corpo nú, e corrompido e inerte.

Poesias

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