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NOTÍCIA BIBLIOGRÁFICA

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As Cartas sôbre a educação da mocidade que a benemerência do sr. dr. Joaquim de Carvalho hoje colocam nas mãos dos estudiosos são uma das obras mais raras, se não a mais rara, do grande sábio que se chamou António Nunes Ribeiro Sanches. Não admira que isto suceda, visto que hoje se sabe que a tiragem foi apenas de cinqüenta exemplares que em Paris foram entregues a Monsenhor Pedro da Costa de Almeida Salema que em França nos represent que a benemerência do sr. dr. Joaquim de Carvalho hoje colocam nas mãos dos estudiosos são uma das obras mais raras, se não a mais rara, do grande sábio que se chamou António Nunes Ribeiro Sanches. Não admira que isto suceda, visto que hoje se sabe que a tiragem foi apenas de cinqüenta exemplares que em Paris foram entregues a Monsenhor Pedro da Costa de Almeida Salema que em França nos representava[1]. ¿A quem eram dirigidas estas cartas? O sr. dr. Teófilo Braga, na sua História da Universidade, vol. III, pág. 349, afirma que o destinatário era o principal Almeida que fôra nomeado director geral dos estudos e remetera a Sanches o alvará de 28 de junho de 1759 abolindo as classes e colégios dos jesuitas. Não é assim. As Cartas foram dirigidas a Monsenhor Salema e a êle se refere Sanches ao escrever: «Quando V. Illustrissima foi servido communicarme o Alvará sobre a reforma dos Estudos, que S. Magestade Fidelissima foi servido decretar no mez de julho passado e juntamente as Instruçoens para os Professores de Gramatica Latina, etc., logo determinei manifestar a V. Illustrissima o grande alvoroço que me causou a real disposição sobre a Educação da Mocidade Portugueza; mas embaraçado com algũa dependencia que então me inquietava e com a saude mui quebrantada ao mesmo tempo, não pude satisfazer logo o meu dezejo». Camilo Castelo Branco não possuía exemplar impresso das Cartas, mas tinha em seu poder uma cópia que começou a publicar no Ateneu, revista conimbricense. Não identificava o manuscrito que possuia com as Cartas sôbre a educação da mocidade, mas a obra era dirigida a Pedro da Costa de Almeida Salema. Esta idea varreu-se-lhe com o tempo. Nas Noites de insómnia, n.º 2, de fevereiro de 1874 num artigo intitulado O oráculo do Marquez de Pombal diz: «O Marquez de Pombal, ou não quiz, ou apesar da sua omnipotencia não logrou assegurar repouso na patria ao seu douto oraculo, em paga dos conselhos e projectos de boa administração que o neto do hebreu lhe suggeriu de Paris, e o valido ingrato aproveitou, occultando-lhes a procedencia. A creação do Collegio dos nobres por carta de lei de 7 de março de 1761 havia sido aconselhada por carta de Ribeiro Sanches, datada em Paris, em 19 de novembro de 1759». Esta data é precisamente aquela que se lê no termo das Cartas sobre a educação da mocidade. Publicou Camilo alguns trechos do seu manuscrito. O que saíu no Ateneu compreende as primeiras 16 páginas da edição original que correspondem às primeiras 22 páginas desta; os que apareceram nas Noites de insómnia são transcritos das Cartas a contar da pág. 104 que correspondem a pág. 168 desta. No Perfil do Marquez de Pombal de novo considera Ribeiro Sanches «o mais proficiente collaborador das reformas pombalinas» e diz que êle imprimiu em 1760 umas cartas sob o título de Cartas sôbre a educação da mocidade, provàvelmente enviadas ao Conde de Oeiras. Esta hipótese encontra a desmentí-la o tratamento de Vossa Ilustrissima que êle dá à pessoa a quem se dirigia. Estamos hoje em circunstâncias de dizer dum modo incontestável que o correspondente de Sanches era Monsenhor Salema. Os dois documentos que pela primeira vez foram publicados no nosso livro a que atrás fizemos referência o atestam. «O Dr. Sanches me remetteu hoje o livro incluso com a carta junta, obra que já insinuei a V. Ex.a e que me parece merecer a attenção de El Rey Nosso Senhor e do seu sabio e respeitavel ministerio pelos mesmos objectos de utilidade que ella propõe para a educação e ilustração da mocidade portugueza e que é a materia de varias conversações que tive com este douto e honrado patriota; julgando-a de grande proveito, lhe signifiquei a quizera pôr por escripto para que deste modo resultasse ao nosso reino todo o bem que se póde tirar da dita obra: a mencionada carta narra o motivo porque pareceu mais conveniente que se preferisse a impressão do manuscripto, estando certo que o numero de exemplares não excede o de que o autor faz menção e que amanhã vem todos para meu poder»[2]. Junta vinha a carta de Sanches a Monsenhor Salema com a mesma data:

«Illustrissimo e Reverendissimo Senhor.—Foi V. Illustrissima servido conceder-me mandar-lhe esse exemplar do manuscripto que tive a honra de communicar-lhe, pedindo-lhe seja servido remettel-o á nossa Corte, e das precauções que tomei para que toda a impressão viesse a ficar no poder de V. Ill.ma, como consta da obrigação do impressor aqui junta: tão (bem) peço a V. Illustrissima humildemente queira declarar o motivo porque se imprimiu este papel, reduzindo-se todo a diminuir o volume do manuscripto, e para que se lesse o conteúdo com mais facilidade e egual recato. Espero amanhã levar a V. Illustrissima os cincoenta exemplares, porque não foi possivel estarem promptos mais do que esse unico que remetto agora. Se V. Illustrissima fôr servido tambem de dar parte á nossa Côrte que dita impressão ficará no seu poder até receber ordem para dispôr della; porque só deste modo ficará a nossa Côrte persuadida que não sendo do seu agrado este impresso ninguem o verá, nem lerá...»


Os dois documentos provam que as Cartas foram dirigidas a Monsenhor Salema e que êste até tomava para si uma parte da autoria do livro, ao menos como colaborador.


O livro é um opúsculo de 130 páginas além de 2 de índices. O frontispício é o seguinte: Cartas / sobre / a educação / da mocidade / (uma vinheta) / em Colonia / (um filete) / MDCCLX.


Na última página, remata:


Deos guarde a V. Illustrissima muitos anos.


Paris 19 Novembro 1759. Isto em letra de fôrma e em letra manuscrita, mas não de Ribeiro Sanches, a assinatura: Antonio Nunes Ribeiro Sanches.


Os documentos que atrás reproduzimos demonstram que a impressão foi feita em Paris. Se não tivessemos esta prova irrefragável, tornaria muito provável a asserção de que a impressão tinha sido feita em França a circunstância de que a taboa das divisoens, ou, como hoje diriamos, o índice, tem a seguinte indicação, em seguida à designação Das Escolas e dos Estudos dos Christãos até o tempo de Carlos Magno, no anno 800...


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O formato é de 0,86×0,15, tendo cada página 46 linhas. O tipo empregado foi o elzevir de corpo 8.



Cartas sobre a educação da mocidade

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