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Online visto como uma camada e não como um outro ambiente
ОглавлениеSe você utilizou a Internet nos anos 90, sabe que antigamente nós falávamos a seguinte frase: "Vou entrar na Internet." ou "Espera aí que eu vou conectar...". Nesse caso, aguardar 5 minutos para que uma pessoa estivesse online era algo normal, comum, muitas vezes eram 30, 40 minutos porque a linha do modem estava ocupada, ou alguém estava no telefone e precisava falar de forma urgente. Era normal esperar. Já foi normal esperar.
Hoje, nós não esperamos, nós não entramos, nós estamos conectados. É um estado, não uma ação que é executada. A mudança no nosso estado, também trouxe mudanças consideráveis na forma como nós vemos as pessoas. Especialmente os clientes, nosso público-alvo, os prospectos e os consumidores.
Recentemente fomos à São Paulo e já estávamos indecisos entre usar o Uber, o Cabify ou o 99Taxis. Como escolher? Optamos pelo aplicativo que fosse mais rápido de usar, não só em termos de desempenho na corrida, mas também no smartphone, o que aparentemente era mais seguro e ao mesmo tempo mais simples. Só nesse processo avaliamos vários fatores, mas ficamos felizes com a escolha. Mesmo considerando todos esses fatores, solicitamos uma corrida e o motorista estava demorando muito.
Começamos a nos preocupar com o horário, abrimos o aplicativo concorrente e vimos que havia um motorista mais perto. A solução foi cancelar e utilizar o outro serviço. Perceba que mesmo ponderando e decidindo, o mais rápido foi a solução mais viável. Vivemos em mundo que exige essa praticidade e agilidade e somos as mesmas pessoas que aguardavam 5 minutos para conectar e utilizar a internet.
Isso não funciona para todo mundo, mas é um fato para maioria das pessoas. No outro dia conversamos com um motorista que reclamou sobre isso, alegando que as pessoas não têm paciência e que se ele demora um pouco, a corrida é cancelada, porque as pessoas já pediram no concorrente.
Outro cenário muito comum é:
Você entrou em uma loja e queria comprar uma calça. Olhou as opções, percebeu cada uma das roupas, olhou o material, o tamanho, as combinações. Lembrou das peças que tinha em casa e que talvez poderiam fazer um bom par com a calça. Pensou nos sapatos, como ficam a altura, a combinação, quando iria utilizar e se valeria a pena o investimento num cenário onde considerou os próximos eventos da agenda.
Depois você pegou o celular, 10 minutos com ele na mão e uma decisão foi tomada. Pensou: "Vou para a próxima loja porque no caminho preciso passar na concessionária e essa loja, que fica próxima, tem mais opções e uma chance maior de encontrar o que eu preciso".
Você notou algo de errado nessa história?
Provavelmente não.
É um cenário comum, padrão. Mas quando falamos de comunicação com o público, muitas vezes ainda temos a visão dos anos 90, onde o público "entrava na Internet". Muitas vezes as pessoas acabam comprando um produto online dentro da loja. Se a sua necessidade não é imediata, você simplesmente gosta de um produto, pesquisa online e se o preço com o frete for mais interessante, você compra na hora.
Estar online é um estado, uma camada, e essa camada está sobreposta com nossas agendas, desejos, necessidades, tarefas, projetos, família, entretenimento, negócios e todas as variações que você puder imaginar. Esse é o estado de quem está online, um estado permanente, que já está integrado com a nossa vida.
A partir do momento em que você olha para este cenário como camada, você é capaz de desenvolver estratégias melhores para o digital. Só essa mudança de mentalidade já garante um grau superior de empatia e que, no final, vai permitir com que sua comunicação fique mais humanizada. Afinal de contas, você conhece o comportamento do público e sabe que, em um dia corrido, você é um ponto no escuro. E se quiser fazer algo extraordinário, sabe que terá que se esforçar para colocar o seu ponto, seu negócio, em evidência em um contexto que não te favorece por padrão.
Agora, a partir do momento em que você faz parte da narrativa do usuário é aí que a mágica acontece, e é por isso que relevância e contexto são palavras chave para o sucesso de qualquer estratégia digital.
Quando for desenvolver sua estratégia, coloque o usuário no centro, pensando em como o que você está oferecendo se encaixa na camada digital da vida de quem vai receber o seu conteúdo.