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XIII

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Sim, esperança horrivel! porque eu não sei exprimir o que reluctava em mim de duvida, anceio, e azedume meditando que ia vêl-a emfim sob os olhos de quem lhe governava a vida.

Tudo isto se misturava em meu coração como venenos e contra-venenos, e d'esta abominavel mistura, fumavam vapores d'um travor tal, que eu me sentia na cabeça latejar o cerebro, e os joelhos vergavam sob mim.

Isto nada era, comparado ao que eu devia experimentar n'essa estreitissima meza, onde á claridade dos globos, nenhum conviva poderia esconder os pensamentos que lhe franzissem a fronte. Ao principio, nada vi, e respondi ao acaso ás perguntas que me fizeram. Comia machinalmente. Esforçava-me por ser attencioso e polido; mas denotava mais inquietação que o assassino que se vê em risco de ser descoberto.

Atordoado pelo tinido dos copos, pelo estrepito da baixella, pelo atrito das porcelanas, pelo reverbero das luzes nas tampas brunidas das terrinas, pelo vai-vem dos creados pressurosos que serviam, sem dizer palavra, e se moviam sem rumor d'um passo, como sombras negras de luva branca; e suffocado pela athmosphera calida da sala impregnada de evaporações penetrantes, misturadas com o odor do vinho e o das flôres, eu não olhava Fanny, nem mesmo a escutava. Tornou-se-me insopportavel a par de mim a presença d'ella: era como um peso que me abafava.

E tambem o não encarava a elle, elle, que eu viera procurar, de tão longe, com o desejo e terror de conhecel-o. Inceguecido por visões funebres, eu não podia vêl-o, com quanto elle estivesse defronte de mim.

De repente recobrei a minha lucidez sentindo um pé de mulher rossar o meu, e comprimil-o brandamente. Era ella a prevenir-me da minha preoccupação visivel de mais. Dirigi-lhe um lanço d'olhos agradecido; e, encostando-me ao espaldar da minha cadeira, contemplei detidamente aquelle que mal sabia que possante interesse ingendrára em mim o estudo da sua pessoa.

Fanny: estudo

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