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CAPITULO XI Um caso unico!
ОглавлениеSantos cria na santidade do juramento; por isso, resistiu, mas emfim cedeu e jurou. Entretanto, o pensamento não lhe saiu mais da briga uterina dos filhos. Quiz esquecel-a. Jogou essa noite, como de costume; na seguinte, foi ao theatro; na outra a uma visita; e tornou ao voltarete do costume, e a briga sempre com elle. Era um mysterio. Talvez fosse um caso unico... Unico! Um caso unico! A singularidade do caso fel-o aggarrar-se mais á ideia, ou a ideia a elle; não posso explicar melhor este phenomeno intimo, passado lá onde não entra olho de homem, nem bastam reflexões ou conjecturas. Nem por isso durou muito tempo. No primeiro domingo, Santos pegou em si, e foi á casa do doutor Placido, rua do Senador Vergueiro, uma casa baixa, de trez janellas, com muito terreno para o lado do mar. Creio que já não existe: datava do tempo em que a rua era o Caminho Velho, para differençar do Caminho Novo.
Perdoa estas minucias. A acção podia ir sem ellas, mas eu quero que saibas que casa era, e que rua, e mais digo que alli havia uma especie de club, templo ou o que quer que era spirita. Placido fazia de sacerdote e presidente a um tempo. Era um velho de grandes barbas, olho azul e brilhante, enfiado em larga camisola de seda. Põe-lhe uma vara na mão, e fica um magico, mas, em verdade, as barbas e a camisola não as trazia por lhe darem tal aspecto. Ao contrario de Santos, que teria trocado dez vezes a cara, se não fôra a opposição da mulher, Placido usava as barbas inteiras desde moço e a camisola ha dez annos.
—Venha, venha, disse elle, ande ajudar-me a converter o nosso amigo Ayres; ha meia hora que procuro incutir-lhe as verdades eternas, mas elle resiste.
—Não, não, não resisto, acudiu um homem de cerca de quarenta annos, estendendo a mão ao recem-chegado.