Читать книгу Mestres da Poesia - Mário de Andrade - Mário de Andrade, August Nemo, John Dos Passos - Страница 6
Inverno
ОглавлениеO vento reza um cantochão…
Meio-dia. Um crepúsculo indeciso
gira, desde manhã, na paisagem funesta…
De noite tempestuou
chuva de neve e de granizo…
Agora, calma e paz. Somente o vento
continua com seu oou…
Destacando-se na brancura,
os últimos pinheiros da floresta,
ao vendaval pesado e lasso,
como que vão partir em debandada:
parece cada qual, com a cabeça dobrada,
uma interrogação arrojada no espaço.
O vento rosna um fabordão…
Qual um mármore plano de moimento,
silenciou o caminho. É a sepultura,
profana, sem unção,
onde, com a última violeta,
jaz a franca alegria do verão…
Há ventania, mas
há solidão e paz.
Ninguém. Os derradeiros pios
voaram de manhãzinha; mas em breve
sepultaram-se sob a neve,
mudos e frios.
Tudo alvo… apenas a tristeza preta,
e o vento com seus roncos…
Ninguém.
– Alguém!
Olha, junto dos troncos,
um reflexo de baioneta!…