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Introdução O ensino de Português Língua Não Materna com enfoque na competência de variedades

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A relevância das variedades na aula

Daniel Reimann / Christian Koch

Que português ensinamos? Que português aprendem os estudantes? E é isso o português que eles querem aprender? Estas são as grandes questões vigentes na área do ensino de Português Língua Não Materna (doravante: PLNM) dado que não é possível falar um português sem se identificar com uma variedade diatópica precisa. Mas a questão clássica das duas variedades-padrão de Portugal e do Brasil só é um dos aspetos que se discutem na didática atual sob a etiqueta de ‘variedades no ensino’. Abrem-se novas perspetivas sobre outras variedades diatópicas do português na África e na Ásia, e também sobre as outras dimensões de variação linguística no sentido de socioletos (variação diastrática) e registos (variação diafásica).

A base do triângulo didático, que consiste do aprendente, do professor e do objeto da aprendizagem, podemos descrever as situações seguintes:

Fig. 1:

As variedades do português no triângulo didático

Os professores oriundos de Portugal, do Brasil ou de outro país lusófono trazem a sua variedade à aula e figuram um modelo autêntico que os aprendentes imitam. Mas que sucede se a fala do professor não coincide com a variedade transmitido pelo manual? Como reagem os aprendentes no momento de ter um novo professor que fala uma outra variedade (cf. Duarte 2016, 208sq.)? Para os professores não nativos é ademais uma questão de identificação com um espaço lusófono e de assimilação de uma variedade autêntica.1

Da parte dos aprendentes, não é que somente imitem os professores. Alguns também trazem experiências de estadias no estrangeiro, outros são filhos de falantes lusófonos dominando uma variedade do português como língua de herança. Portanto, os professores têm que dispor de várias competências profissionais (conhecimentos amplos do sistema variacional do português, abertura para a diversidade linguística) para lidar positivamente com a heterogeneidade das variedades na aula.

Quanto ao objetivo geral da aprendizagem – o domínio da língua portuguesa – é preciso considerar as variedades no currículo, sobretudo se usarmos o argumento da importância da língua portuguesa pela sua extensão no mundo. Ensinar uma língua moderna significa antecipar o encontro com a realidade linguística através de material autêntico e promover contatos privados e informais com falantes nativos. Evitar um contato pelo fato que uma pessoa não fala a norma-padrão do curso, então nunca pode formar parte de uma boa prática.

Nos últimos anos, o ensino das variedades linguísticas tornou-se uma temática importante na didática e linguística aplicada para as línguas estrangeiras. Para as línguas românicas já houve na Alemanha conferências com publicações subsequentes para francês (Frings / Schöpp, ed., 2011) e espanhol (Leitzke-Ungerer / Polzin-Haumann, ed., 2017).2

Nestas duas publicações Reimann desenvolveu o conceito de uma competência de variedades recetiva (rezeptive Varietätenkompetenz) exemplificando-o para as línguas pluricêntricas francês e espanhol (Reimann 2011; 2017). Este conceito seja apresentado aqui de novo em forma revisada e aplicada ao português.

As Variedades do Português no Ensino de Português Língua Não Materna

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