Читать книгу Flores do Campo - João de Deus - Страница 12

PRESENTIMENTO

Оглавление

Emilia! não vês a lua

Como vacilla e fluctua,

Ora avança, ora recúa,

E não ha passar d’alli?

Tu és a imagem d’ella;

És tão sympathica e bella,

Meiga e timida, que ao vêl-a

Me lembra sempre de ti!


Tu és o botão de rosa

Que abraçado á mãi formosa

Só folga, só vive e goza

N’aquella triste união;

Treme até de ouvir a aragem

Passar por entre a folhagem:

Emilia! tu és a imagem

Do mais timido botão.


Mas embora: o tempo gira.

Um dia o botão, que aspira

O ar da manhã… suspira

E levanta o collo ao céo:

Vê vir raiando a aurora,

Abre o seio á luz que adora,

Correm-lhe as lagrimas, chora…

Chora o tempo que perdeu!


Porque elle, Emilia! não teme

Que a luz da aurora o queime;

Elle suspira, elle geme

Por vêr a luz que o creou.

Nem tambem a lua pára:

Se algumas vezes repara

N’uma nuvem menos clara,

É um momento e… passou.


Não ha existencia alguma

Que não tenha amor; nenhuma;

Porque o amor é, em summa,

Essencia de todo o sêr.

Ha sempre quem nos attráia.

Mil vezes que a onda cáia,

Ha uma rocha, uma praia

Aonde a onda vai ter.


Tu andas já presentida

D’essa voz que te convida

A encetar n’esta vida

Ai! uma vida melhor…

E em breve desenganada

D’essa existencia isolada,

Darás n’alma franca entrada

A sentimentos de amor!


Silves.

Flores do Campo

Подняться наверх