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Luz d’intima influencia,

Oh fugitiva luz!

Luz cuja eterna ausencia

É minha eterna cruz.


Podessem-te, ainda antes

Do meu extremo adeus,

Meus olhos fluctuantes

Vêr lampejar nos céos.


Se ainda n’esse espaço,

Tão longe onde tu vás,

Visse um reflexo baço

Da pura luz que dás;


Tornaram-se-me estrellas

As lagrimas de dôr;

E lagrimas são ellas…

Sim, lagrimas d’amor!


Vê n’esse espaço immenso

Os astros como estão

Bem como eu estou, suspenso

Por intima attracção.


Porque ha quem os attráia;

É essa eterna paz

Que a mim de praia em praia

A suspirar me traz.


Converte-me este inferno

Em azulado céo,

Ou quebra o laço eterno

Que a tua luz me deu;


Ou antes muda em espuma

De nunca estavel mar

Esta alma que alma alguma

Póde exceder em amar.


Em cinza, em terra, em nada,

Meu sêr converte, ó luz,

Mas sempre, sempre amada,

Deliciosa cruz!


Portimão.

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