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A UMA MULHER

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Amo-te a ti, e a Deus.

Teus sonhos são riquezas

Talvez e fasto. Os meus,

És tu, que me desprezas.


Deixal-o. Amor acaso

É racional? Não é.

O fogo em que me abrazo

É como a luz da fé;


Que além de cega, apaga

O facho da razão.

Ama-se e não se indaga

Se se é amado ou não.


Amo-te. O mais ignoro.

Mas os meus ternos ais

E as lagrimas que chóro

Podem dizer o mais.


Que chóro; se te admira.

Nunca tiveste amor.

Quem tem amor, suspira,

E o suspirar é dôr.


Ah! quando abraço e beijo

O travesseiro e, assim,

Acórdo e te não vejo,

Vejo-me só a mim;


Não sei, mulher! que anceio

Se me traduz n’um ai!

Confrange-se-me o seio,

Rebenta o pranto e cái.


Então, se por encanto

Fallando em ti, mas só,

Todo banhado em pranto

Me visses, tinhas dó.


Tinhas. A piedade

É filha da mulher,

Que sempre quiz metade

D’uma afflicção qualquer.


Havias ao teu rosto

De me apertar a mim,

D’encher, fartar de gosto,

Todo este abysmo; sim.


Vós desprezaes embora

Culto e adoração

De quem vos ama; agora

As dôres, essas não.


Messines.

Flores do Campo

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