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AMOR

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Amo-te muito, muito.

Reluz-me o paraiso

N’um teu olhar fortuito,

N’um teu fugaz sorriso.


Quando em silencio finges

Que um beijo foi furtado

E o rosto desmaiado

De côr de rosa tinges;


Dir-se-ha que a rosa deve

Assim ficar com pejo,

Quando a furtar-lhe um beijo

O zephyro se atreve;


E ás vezes que te assalta

Não sei que idéa, joven!

Que o rosto se te esmalta

De lagrimas que chovem;


Que fogo é que em ti lavra

E as forças te aniquila,

Que choras, mas tranquilla,

E nem uma palavra?


Oh! se essa mudez tua

É como a que eu conservo,

Lá quando á noite observo

O que no céo fluctua;


Ou quando, á luz que adoro,

Ás horas do infinito,

Nas rochas de granito

Os braços cruzo e chóro;


Amamo-nos… Não cabe

Em nossa pobre lingua

O que a alma sente, á mingua

De voz, que só Deus sabe.


Coimbra.

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