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O domador

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Alturas da Avenida. Bonde 3.

Asfaltos. Vastos, altos repuxos de poeira

Sob o arlequinal do céu ouro-rosa-verde...

As sujidades implexas do urbanismo.

Filets de manuelino. Calvícies de Pensilvânia.


Gritos de goticismo.

Na frente o tram da irrigação,

Onde um Sol bruxo se dispersa

Num triunfo persa de esmeraldas, topázios e rubis...

Lânguidos boticellis a ler Henry Bordeaux

Nas clausuras sem dragões dos torreões...


Mário, paga os duzentos réis.

São cinco no banco: um branco,

Um noite, um ouro,

Um cinzento de tísica e Mário...

Solicitudes! Solicitudes!


Mas... olhai, oh meus olhos saudosos dos ontens

Esse espetáculo encantado da Avenida!

Revivei, oh gaúchos Paulistas ancestremente!

E oh cavalos de cólera sangüínea!

Laranja da China, laranja da China, laranja da China!

Abacate, cambucá e tangerina!

Guardate! Aos aplausos do esfusiante clown.

Heróico sucessor da raça heril dos bandeirantes,

Passa galhardo um filho de imigrante,

Louramente domando um automóvel!

Mestres da Poesia - Mário de Andrade

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