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Tu

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Morrente chama esgalga,

Mais morta inda no espírito!

Espírito de fidalga,

Que vive dum bocejo entre dois galanteios

E de longe em longe uma chávena da treva bem forte!


Mulher mais longa

Que os pasmos alucinados

Das torres de São Bento!

Mulher feita de asfalto e de lamas de várzea,

Toda insultos nos olhos,

Toda convite nessa boca louca de rubores!


Costureirinha de São Paulo,

Ítalo-franco-luso-brasílico-saxônica,

Gosto dos seus crepusculares,

Crepusculares e por isso mais ardentes,

Bandeirantemente!


Lady Macbeth feita de névoa fina,

Pura neblina da manhã!

Mulher que és minha madrasta e minha mãe!

Trituração ascencional dos meus sentidos!

Risco de aeroplano entre Mogi e Paris!

Pura neblina da manhã!


Gosto dos teus desejos de crime turco

E das tuas ambições retorcidas como roubos!

Amo-te de pesadelos taciturnos,

Materialização da Canaã do meu Poe...

Never more!


Emílio de Menezes insultou a memória do meu Poe...


Oh! Incendiária dos meus aléns sonoros!

Tu és o meu gato preto!

Tu me esmagaste nas paredes do meu sonho!

Este sonho medonho!


E serás sempre, morrente chama esgalga,

Meio fidalga, meio barregã,

As alucinações crucificantes

De todas as auroras do meu jardim!

Mestres da Poesia - Mário de Andrade

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