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Anhangabaú

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Parques do Anhangabaú nos fogaréus da aurora...

Oh larguezas dos meus itinerários...

Estátuas de bronze nu correndo eternamente,

num parado desdém pelas velocidades...


O carvalho votivo escondido nos orgulhos

do bicho de mármore parido no Salon...

Prurido de estesias perfumando em rosais

o esqueleto trêmulo do morcego...

Nada de poesia, nada de alegrias!...


E o contraste boçal do lavrador

que sem amor afia a foice...


Estes meus parques do Anhangabaú ou de Paris,

onde as tuas águas, onde as mágoas dos teus sapos?

“Meu pai foi rei!

— Foi. — Não foi. — Foi. — Não foi."

Onde as tuas bananeiras?

Onde o teu rio frio encanecido pelos nevoeiros,

contando histórias aos sacis?...


Meu querido palimpsesto sem valor!

Crônica em mau latim

cobrindo uma écloga que não seja de Virgílio!...

Mestres da Poesia - Mário de Andrade

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