Читать книгу Mestres da Poesia - Mário de Andrade - Mário de Andrade, August Nemo, John Dos Passos - Страница 36
Colloque sentimental
ОглавлениеTenho os pés chagados nos espinhos das calçadas...
Higienópolis!... As Babilônias dos meus desejos baixos...
Casas nobres de estilo... Enriqueceres em tragédias...
Mas a noite é toda um véu-de-noiva ao luar!
A preamar dos brilhos das mansões...
O jazz-band da cor... O arco-íris dos perfumes...
O clamor dos cofres abarrotados de vidas...
Ombros nus, ombros nus, lábios pesados de adultério...
E o rouge — cogumelo das podridões...
Exércitos de casacas eruditamente bem talhadas...
Sem crimes, sem roubos o carnaval dos títulos...
Si não fosse o talco adeus sacos de farinha!
Impiedosamente...
— Cavalheiro... — Sou conde! — Perdão.
Sabe que existe um Brás, um Bom Retiro?
— Apre! respiro... Pensei que era pedido.
Só conheço Paris!
— Venha comigo então.
Esqueça um pouco os braços da vizinha...
— Percebeu, hein! Dou-lhe gorgeta e cale-se.
O sultão tem dez mil... Mas eu sou conde!
— Vê? Estas paragens trevas de silêncio...
Nada de asas, nada de alegria... A Lua...
A rua toda nua... As casas sem luzes...
E a mirra dos martírios inconscientes...
— Deixe-me por o lenço no nariz.
Tenho todos os perfumes de Paris!
— Mas olhe, em baixo das portas, a escorrer...
— Para os esgotos! Para os esgotos!
— ... a escorrer,
Um fio de lágrimas sem nome!...