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Capítulo 7

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– Será um prazer – afirmou Magenta, olhando para ele nos olhos. – Há muitas mulheres neste escritório, que tentam sustentar a sua família.

– Eu sei.

– As mulheres sempre foram lutadoras, Quinn – Magenta tentou não se distrair com as covinhas que se formaram nas faces do patrão. – Não tiveram outro remédio. E, se queres saber o que querem, deves ter em conta o mercado, os seus homens, os seus filhos.

– E se quiser saber como atrair as mulheres, devo perguntar-te?

– Podias pedir a opinião de qualquer uma das mulheres que trabalham aqui – como se ele não soubesse atrair qualquer mulher. – Pergunta-lhes o que gostariam de comprar, usar e experimentar.

– Sugeres que faça uma pesquisa?

– Porque não?

– Envolver as mulheres nas nossas ideias?

– Obviamente.

– Convence-me.

Chegara a sua oportunidade e não podia estragar tudo.

– Muito bem. As mulheres querem comprar os teus produtos, porque são indispensáveis, excitantes e de confiança. Mas, as mulheres também querem parecer inteligentes, ter o controlo.

– E querem fazê-lo enquanto estão sentadas à frente de uma máquina de escrever, a destruir a sua dispendiosa manicura?

– É por isso que a publicidade deve convencê-las de que têm o controlo – continuou Magenta, decidida.

– Esse caminho é muito perigoso.

– Insinuas que os homens são tão frágeis que não sobreviverão ao desafio de uma mulher forte? – observou o patrão. Sentia-se forte, mas também tremia de desejo.

– És uma mulher forte, Magenta.

– Sim, sou – sabia que Quinn estava a pô-la à prova, à procura de uma fenda nas suas defesas. Era evidente que se apercebera de que desejaria que a abraçasse, a devorasse com beijos. – Mas, sou apenas um exemplo de mulher forte – afirmou, com frieza. – Estou convencida de que há muitas mais, neste escritório.

– Alguns homens acham que uma mulher forte não é atraente.

«E tu, Quinn?», quis perguntar, embora já soubesse a resposta. Era óbvio que gostava de mulheres fortes. Adorava o desafio de as submeter.

– Nunca desprezo as necessidades de uma mulher.

– Se o fizesses, seria pior para ti – Magenta pensara que falava de negócios mas, ao ver o sorriso nos lábios de Quinn, percebeu que aquilo era sobre tudo, menos negócios.

Chegara a hora de despertar aquele cérebro ensonado e passar ao próximo nível.

– Porque não trazes dois copos e bebemos alguma coisa? – sugeriu Quinn, exibindo um sorriso sensual. – Podias relaxar um pouco, de vez em quando.

Certamente, conseguiria fazê-lo. Poderia beber até toldar a mente, baixar as defesas e dar luz verde à ofensiva sexual daquele homem, mas queria mais da vida.

– Prefiro acabar o trabalho, para o veres – era a opção correta.

Mas, o seu corpo começou a derreter, quando Quinn a agarrou pelos braços. Aquilo não tinha nada a ver com os negócios e estava cansada de lutar. E Quinn... Era Quinn.

– Melhor? – murmurou, depois de a beijar nos lábios.

Magenta ofegou e um murmúrio escapou da sua garganta, quando ele intensificou o beijo. Aquilo tinha de ser um sonho.

Esteve prestes a cambalear, quando Quinn a soltou e olhou para ela com um ar trocista.

– Porquê? – inquiriu, confusa e frágil. Era a primeira vez que perdia o controlo.

– Porque estás muito tensa.

Recebera o seu castigo. Cobriu os lábios inchados com a mão, como se, com esse gesto, pudesse esconder a sua excitação. Ambos gostavam de ter o controlo, mas Quinn fazia-o muito melhor. A sua habilidade com os homens não melhorava, nem sequer em sonhos.

Quinn pousou as mãos quentes na nuca dela, onde se concentrava toda a tensão.

– Disse-te que era tensão – explicou, enquanto lhe demonstrava a sua habilidade para as massagens.

Magenta não reclamou. Duvidava que alguém fosse capaz de resistir àquelas mãos. A respiração de Quinn arrepiava-a na nuca e o seu corpo musculado estava, virtualmente, colado ao dela. Emitiu um suspiro trémulo. Aquele homem estava a dificultar-lhe muito a tarefa de pensar. Estaria consciente do efeito que lhe causava, de como o desejava? Nunca pensara nas suas curvas e em como encaixavam nas mãos de Quinn... Se quisesse tocar-lhe.

– Porque não me contas os teus planos de trabalho para toda a semana, Magenta?

– Redigi um plano de trabalho, que deixei no teu gabinete. Vou buscá-lo?

– Não é necessário.

Quinn gostava daquele jogo. Gostava de jogar com ela e, a julgar pelo que vira até ao momento, jogava sempre para ganhar.

– Mas, gostaria que o visses – e afastou-se. – Quero que saibas que não te defraudarei.

– Não terás oportunidade de o fazer. Não obterás nenhum privilégio especial, por seres nova no cargo. Exijo a mesma produtividade das outras raparigas. Na verdade, mais, porque tomei a decisão de te dar o controlo.

E fora por isso que se preparara. Magenta dirigiu-se para o gabinete de Quinn e regressou com a lista. O patrão observou-a brevemente, antes de a devolver.

– Vais-te embora? – perguntou, ao vê-lo a vestir o casaco.

– Esperavas que ficasse?

Magenta sentiu-se a enfurecer. Aquele homem sabia como lidar com ela. Teria de ser mais ágil, se quisesse evitar transformar-se numa marioneta, na mulher que se limitava a fazer um bom café ou uma folha de cálculo, quando lhe pedisse. O que aquele homem precisava era de uma mulher forte. Ela era forte. Mas, seria suficientemente forte?

– Amanhã, temos muito trabalho, Magenta – Quinn olhou para ela com olhar trocista. – Espero ver-te aqui bem cedo. Não terei em consideração o facto de teres ficado a trabalhar até tarde, no teu próprio projeto.

– Sim, claro – e sorriu. «Bárbaro incorrigível», pensou.

– Dorme bem.

– Vou dormir – «não iria para a cama contigo, mesmo que fosses o último homem à face da Terra», pensou, sem apagar o sorriso dos lábios. «A não ser que mo peças amavelmente», reconsiderou.

– Quase me tinha esquecido.

– O quê? – Magenta observou o saco de papel castanho, que Quinn lhe oferecia.

– Uma sanduíche. Para o caso de teres fome enquanto trabalhas – lançando-lhe um último olhar, desapareceu no elevador.

Era evidente que se apercebera de que o desejava. E, sem dúvida, também se apercebera de que era uma completa novata, no que dizia respeito aos homens. Aquilo estava a transformar-se numa luta. E, fosse qual fosse o mundo que habitava, nunca conseguira resistir a um desafio.

Por sorte, nos anos sessenta, não havia problemas em mandar parar um táxi. As ruas estavam mais tranquilas e o trânsito era menos caótico. Até o pavimento estava em melhor estado. E, para uma entusiasta dos anos sessenta como Magenta, ver o anúncio do último filme de Elvis Presley era uma fonte de fascínio. No entanto, havia coisas a que não conseguia habituar-se, como a falta de aquecimento central em casa, a humidade que se formava na janela da casa de banho, por dentro, ou a quantidade de roupa que tinha na cama, que a fazia sentir como o recheio de uma sanduíche.

Agasalhando-se o melhor que pôde, percebeu que a sua paixão pelos anos sessenta a fizera ignorar as privações que, sem dúvida, havia naquela época. Só tivera em conta o melhor e idealizara algo romântico. No entanto, a realidade era bem diferente e só dispunha de algumas horas para repousar num quarto gélido, antes de se levantar.

O telefone tocou, irritantemente. Sem abrir os olhos, arriscou-se a tirar um braço de debaixo das mantas, para atender. A voz do outro lado da linha era profundamente masculina. E familiar.

– Magenta, estás acordada?

– O que...? – quanto tempo dormira? Cinco minutos? Menos? – Sim?

– Ainda não saíste da cama? – não havia sensualidade naquela voz.

– Claro que sim – mentiu ela, enquanto tentava desenredar o fio do telefone.

– Fico feliz, porque estou no escritório e tu também devias estar aqui.

Magenta tropeçou no fio.

– O que está a acontecer aí?

– Nada. Porque dizes isso?

– Ouço muito barulho.

– Seria a porta a fechar-se? – mentiu ela, novamente. – Estou a beber leite.

– Esquece o pequeno-almoço e vem para aqui, imediatamente. Um jornal nacional, de grande tiragem, anunciou o lançamento do seu primeiro suplemento a cores, para o Ano Novo, e...

– E vamos sair nele! – exclamou ela.

– É esse o plano.

– Isso é fantástico! – de facto, era.

E seria ainda mais, se conseguisse fazer com que Quinn confiasse nela, em vez de esperar simplesmente que passasse à máquina as notas da última reunião. Mas, primeiro, o mais importante.

– Vou pousar o telefone por um segundo – explicou, consciente de que o fio não dava para mais.

Correndo para a casa de banho, Magenta procurou o duche, em vão. Teria de tomar um banho rápido, um banho frio. Devia ter ligado o esquentador há algumas horas.

– Fantástico? – gritou Quinn, quando pegou novamente no telefone. – É tudo o que tens a dizer? Parece que ainda estás a dormir, Magenta. Isto é uma estreia nacional e quero uma imagem espetacular da Style Design, nesse primeiro suplemento. Magenta? Estás aí?

Espetacular fora o choque, ao sentir a água fria. Dentro e fora. Não queria mais.

Com o telefone encaixado entre o ombro e o queixo, começou a saltar para aquecer, enquanto abria o armário e descobria um vestido descartável, de papel, o último grito dos anos sessenta. A publicidade assegurava que se tratava do futuro, em matéria de moda.

Por fim, escolheu um vestido de lã. Reservaria o de papel para a festa de Natal. O vestido de lã, num tom coral, atraente, tinha um cinto largo que ajustou com firmeza.

Enquanto subia para o escritório, no elevador, sentia o formigueiro da antecipação. Ia voltar a ver Quinn. Entrou no escritório, cheirando o ar, como um veado com o cio. Quinn era um rapaz mau, mas quem quereria trocar o amante dos seus sonhos por um cogumelo aborrecido?

Amante de sonho - Algo mais do que seu chefe

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