Читать книгу Amante de sonho - Algo mais do que seu chefe - Susan Stephens - Страница 6
Capítulo 2
Оглавление– Sei como estás preocupada com a empresa e com aquilo que acontecerá, ao chegar o novo dono – apressou-se a dizer Tess. – Mas, tens direito a ter uma vida, Magenta. Precisas de viver a tua vida.
– Está bem – Magenta fez uma pausa. – Vai parecer ridículo...
– Tenta.
Como ia explicar a excitação que sentia, até mesmo a suspeita de ter conhecido a sua alma gémea? O motoqueiro aparecera no pior momento possível e, mesmo assim, conseguira fazer com que o sol brilhasse naquele dia, naquele estacionamento gelado. Era a sua grande oportunidade!
– Esta manhã, havia um tipo no estacionamento – uma grande oportunidade, que estragara.
– Eu sabia.
– Cala-te! – Magenta olhou à sua volta, mas ninguém parecia estar a ouvir. – Não aconteceu nada. Era muito atraente, mas não era o meu tipo e não pareceu remotamente interessado em mim.
– Mas estás emocionada.
– Certamente, causou-me um certo efeito.
– Fez com que sentisses um formigueiro na pele. Fez-te sentir viva.
– Que romântica, Tess. Na verdade, deixou-me furiosa.
– Não me digas que gritaste com ele! – Tess franziu o sobrolho.
– Deixei algumas coisas bem claras, sim.
– E, como reagiu?
– Gozou comigo.
– Isso é fantástico! – exclamou Tess. – Que belo começo!
– Não houve nenhum começo, foi apenas um episódio isolado.
– Um episódio que terá as suas sequelas.
– Este não, Tess.
– Talvez volte. Depois de te ter visto, como poderá resistir? Quando um homem partilha gargalhadas com uma rapariga, é o começo da intimidade.
– A sério?
– Onde estiveste, durante todos estes anos?
– Passada a febre dos caçadores de fortunas, os pretendentes perderam o interesse – admitiu Magenta.
– Mas, só porque tu os espantaste.
– Nenhum deles valia a pena.
– E este tipo?
– Talvez, mas nunca me escolheria.
– Porquê? Qual é o problema?
– Não vale a pena pensar nisso – replicou Magenta, com amargura. – Foi apenas um encontro fortuito, em que fiz uma figura ridícula por causa do meu cansaço, vulnerabilidade e...
– Falta de confiança quanto às relações amorosas – interrompeu Tess. – Promete uma coisa, Magenta, se voltares a encontrar-te com ele, não grites. Tenta sorrir.
– Vamos – Magenta voltou para junto do resto da equipa. – Tenho de concluir esta reunião antes de o poderoso Quinn aparecer e o meu pai deixar de falar comigo, para sempre. Está tudo bem claro? – dirigiu-se aos outros colegas. – Todos gostam do tema para a festa?
– Podemos usar a roupa da campanha como fantasia?
– Sim, claro.
Magenta alegrou-se com a boa aceitação da sua ideia. A equipa estava muito preocupada com as possíveis mudanças que o novo dono poderia introduzir e o tema da festa permitia-lhes pensar noutra coisa, durante um instante.
– Ainda não consigo acreditar que não estarás aqui, quando chegar o novo patrão – observou Tess.
– Dou-te esse prazer. Conta – disse Magenta, ao ver o ar de Tess. – Tens um mexerico sobre esse tipo. Conta-me.
– Raparigas! – gritou a jovem, para o resto da equipa. – Alguém quer iluminar esta pobre ingénua sobre o nosso novo patrão ou faço-o eu?
Ninguém se atreveu a privar Tess desse prazer.
– Chamam-lhe «Poderoso Quinn» porque, segundo a imprensa, Gray Quinn não é apenas bem dotado para os negócios. Não sei se me estou a explicar bem.
– Mas, ninguém o conhece – Magenta fingiu-se espantada. – Ninguém o viu. Como sabem?
– Vá lá! – protestou a amiga. – Não me digas que não gostarias de ter um pouco de mistério na tua vida. E, se for bem feito...
– Tess, isto é um local de trabalho – Magenta não pôde conter uma gargalhada. – Bom, talvez tenha de procurar um disfarce, com calças justas.
– Sabia que não nos irias abandonar – declarou Tess, triunfante. – Não consegues resistir a vê-lo.
Magenta sentiu um calafrio. Não era uma rapariga experiente como Tess e, se Quinn era um sedutor, seria melhor não ficar para o ver.
– Olha para isto – a amiga mostrou-lhe uma revista. – E agora, diz-me que não estarás no escritório, quando Quinn tomar posse.
– Não se vê grande coisa! – protestou Magenta, embora o seu corpo reagisse de uma maneira estranha, diante daquela foto que mostrava as costas de um homem. O que tinha de excitante?
Era evidente que Quinn parecia ter pressa. Ao estudar a fotografia mais de perto, sentiu uma sacudidela, uma coisa totalmente inapropriada para uma mulher com tão escassa experiência sexual. A estatura daquele homem, a envergadura, a pose, tudo era atraente. Quinn era diferente da maioria dos homens. Poderoso, exsudava segurança, como se estivesse pronto para qualquer coisa. Parecia ser o tipo de homem capaz de inspirar confiança nos outros.
Contudo, aquele homem nem sequer se dignaria a olhar para ela. Havia muitas raparigas bonitas e algumas trabalhavam na Steele Design. Porque haveria de reparar numa solteirona como ela?
Só lhe faltava ter um homem como aquele na sua vida complicada!
– O que sabes de Quinn, Magenta? – perguntou uma das raparigas. – Fizeste muitas investigações sobre ele, quando começaste a preparar o projeto para o interessar pela Steele Design.
– É verdade – confirmou Magenta, – mas não consegui encontrar uma única fotografia decente. Surpreende-me que Tess tenha encontrado esta – voltou a observar a revista. – Não gosta da fama e não é de estranhar, a julgar pelos mexericos que se ouvem sobre ele. Um homem como esse deve valorizar muito a sua privacidade. A única coisa que sei é que ele ficou órfão quando ainda era criança, que alcançou o sucesso sozinho, mas pouco mais. Ah, sei que não gosta de tontos.
– Não gosta mesmo nada – avisou Tess.
– Por isso, têm de dar o máximo, mesmo que não esteja presente – insistiu Magenta, enquanto apanhava o cabelo comprido num coque informal, que prendeu com um gancho. – Se Quinn não me despedir, voltarei no começo do ano que vem, quando fizermos a nossa apresentação final como equipa.
– Despedir-te? – Tess fez uma careta. – Não me lembro de ter lido que é louco.
– Talvez não queira ter um membro da velha guarda, como o meu pai nos chama, a trabalhar para ele. Vou deixar-vos alguns documentos. Certifica-te de que lhos dás. Podes fazê-lo, Tess?
– Claro... – a amiga abanou a cabeça, preocupada. – Tens mesmo de te ir embora?
– Não quero pôr em perigo o acordo do meu pai.
– Bom, não terás de te preocupar com os documentos. Vou encarregar-me de lhos entregar.
– Obrigada – Magenta virou-se, com a intenção de se ir embora.
– Se mudares de ideias sobre a festa...
– Oxalá pudesse.
A festa de Natal era muito importante, mas não tão importante como fazer com que a sua equipa conservasse o trabalho. A última coisa que desejava era ofender Quinn ou fazê-lo pensar que tentava dividir os empregados. Esperava ter feito um bom trabalho de persuasão, no relatório que dera a Tess. E, para acrescentar um pouco de peso a essa esperança, esboçara a nova campanha, baseada em produtos que sabia que Quinn estava interessado em promover.
– Não podes deixar-nos – insistiu Tess. – És a alma da equipa.
– Farão tudo muito bem, sem mim. E, de todos os modos, ainda não me fui embora. Vejamos como correm as coisas. Quinn não é estúpido. Continuem a trabalhar como até agora e não poderá queixar-se.
A promessa feita ao pai tinha um grande peso, mas sentia-se mal, ao deixar os colegas. Talvez Tess tivesse razão e não fosse capaz de se manter afastada.
Regressou ao estacionamento e encontrou-o ocupado por um reboque, com as luzes cintilantes acesas.
«Porque é que nada corre bem?», questionou-se, enquanto os mecânicos lhe explicavam que, como era um carro antigo, teriam de encomendar um pneu novo. Iam levar o carro para a oficina, onde ficaria até depois do Natal.
Puxando o colarinho do casaco, para se proteger do vento gélido, Magenta observou como o carro era levado pelo reboque. Prestes a ir-se embora, o barulho familiar de um motor, seguido de uma travagem, fê-la franzir o sobrolho.
– Não digas mais nada – Magenta virou-se para o motoqueiro. – Não conseguiste atropelar-me da primeira vez e voltaste para ver se, à segunda, consegues fazer com que morra com um enfarte.
– O teu coração está a salvo.
Ah...!
Porque sentia aquele desgosto? O motoqueiro elevou a sobrancelha e uma onda de calor invadiu o corpo de Magenta. Depois, tirou uma luva e ofereceu-lhe a mão.
– Suponho que não esperas que te aperte a mão, depois de me teres pregado um susto de morte. E não uma vez, mas duas.
– Tenho a certeza de que não és assim tão frágil – e sorriu. – Mas peço desculpa, se te assustei.
A brincadeira implícita nas suas palavras deixou Magenta furiosa. O que achava tão divertido?
– Algo me diz que vamos ver-nos muito com frequência – concluiu, cobrindo os dedos gelados de Magenta com a mão quente.
«Sim, claro. Nos teus sonhos», pensou ela.