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Capítulo 8

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O escritório dos anos sessenta parecia-se mais com um cenário gigantesco do que com o ambiente de trabalho repleto de tecnologia a que estava habituada, com a intimidade que os computadores proporcionavam, com o pessoal intencionalmente andrógino. Nos anos sessenta, todos se vestiam para impressionar, para destacar os seus atributos. Por sorte, adaptou-se rapidamente ao seu papel de diretora de escritório, mostrando os seus dotes naturais para a autoridade, e até os homens cumpriam as suas ordens. Quinn não, obviamente.

– Sempre gostei de mulheres autoritárias – declarou um dos empregados, quando lhe tirou o cigarro da mão e o esmagou.

– Acabou o tabaco! – ordenou Magenta, com firmeza.

Quinn decidira ignorar o facto de terem passado a maior parte da noite a namoriscar. Deixara-lhe um monte de trabalho que, tinha a certeza, acrescentara ao habitual, como castigo por ter adormecido. Mas, estava muito ocupada a recordar o beijo, para se preocupar.

O dia passou a voar mas, infelizmente, não viu Quinn. Questionou-se sobre o que aconteceria, se voltasse a dormir no escritório. O que poderia acontecer num mundo ao contrário? Olhou para um grupo de homens atrasados, que esperavam despedir-se de Quinn e, certamente, lamber-lhe um pouco «as botas». Era um milagre que as mulheres tivessem encontrado um modo de demonstrar o seu valor. E também era suposto que se ocupassem das suas casas.

No fundo, o que mudara? A situação era muito parecida com a do século XXI.

– Ainda a trabalhar, Magenta? – Quinn apareceu e dirigiu-se para ela, ignorando os homens. – Muito bem – observou, depois de rever a sua última ideia.

– Vou mostrar-te, quando estiver acabada.

– Devias partilhar as tuas ideias – indicou Quinn.

– E vou fazê-lo – respondeu. Fá-lo-ia assim que tivesse criado uma equipa, que estava decidida a recrutar no posto telefónico e no serviço de mecanografia.

– Quando poderei vê-lo? – insistiu o patrão.

– Assim que estivermos prontas.

– Estivermos? – perguntou, com desconfiança.

– Este tipo de trabalho costuma ser feito em equipa – Magenta soube que fora demasiado longe. – Com a tua aprovação, claro. E gostaria de sondar «o curral» de mecanografia.

– O curral de mecanografia?

– Referia-me às datilógrafas – porque estava a olhar para os lábios dela? – Estão isoladas do resto do escritório, como se estivessem num curral.

– E? – perguntou Quinn.

– As suas observações, a respeito de alguns dos produtos que promoves, poderiam ser de grande utilidade – apesar do tom suave, Magenta sentia-se como uma leoa a defender as suas crias.

– Talvez... – Quinn esfregou o queixo.

– E tenho outra ideia para ti.

– Porque não me surpreende?

– Sou a única diretora de escritório – Quinn tentava incomodá-la, com aquele olhar impressionante? – Mas, pensei que, se me permitires formar uma equipa, no meu tempo livre, como é óbvio, talvez possamos testar as nossas ideias. Uma equipa contra outra.

– Homens contra mulheres? – perguntou Quinn, com um ar altivo, como se o resultado fosse totalmente previsível. – Tens a certeza daquilo que dizes?

– Nunca tive tantas certezas – Magenta observou o patrão e o seu corpo reagiu imediatamente, como se uma labareda tivesse aparecido no seu íntimo. – Ouvi dizer que há tantos pedidos para inserir publicidade no suplemento a cores, que uma equipa escolherá os melhores.

– Também ouvi, por isso, temos de ser os melhores.

– Por isso, pensei que, se envolveres todos os empregados, terás muitas mais ideias.

– Nunca te dás por vencida?

Magenta absteve-se de responder.

– Espero que não me faças arrepender disto.

– Então, estás de acordo?

– Magenta, se isto for uma brincadeira...

– Prometo que não é. Muitas raparigas querem envolver-se e alguns homens são bons.

– Gostas de desafios – observou ele.

– Não gostamos todos?

– Não. A maioria das pessoas prefere apostar no seguro. Pareces gostar de viver perigosamente, o que é bom – acrescentou Quinn. – Porque tenho planos para ti.

O coração de Magenta acelerou. Havia muitas opções possíveis e qualquer uma servia.

– Vou dar-te a oportunidade que me pediste. Não tenho nada a perder – sentenciou ele, encolhendo os ombros. – Também te vou encarregar da festa de Natal. Conseguirás fazê-lo?

– Claro.

– E não me venhas com ideias velhas. Que seja algo original.

Precisamente o que dera fama à equipa do século XXI.

– Não fiques aí. Começa a trabalhar nas tuas ideias. Amanhã de manhã, falaremos.

– Sim, senhor.

Magenta estava contente, por saber que Quinn ia dar uma oportunidade às raparigas. Teria de formar rapidamente uma boa equipa, para se apresentar diante do único juiz.

– Essa sondagem que mencionaste – disse Quinn, enquanto se dirigia para a porta.

– Sim?

– Diz às raparigas que vou pedir a sua opinião sobre uma série de produtos novos.

– Claro – não era uma vitória, nem sequer se aproximava disso, mas era um grande avanço.

Na manhã seguinte, Magenta expôs o seu plano às raparigas. Quase esperara que olhassem para ela como se estivesse louca, mas surpreendeu-se quando aceitaram as suas ideias tão rapidamente.

– Mas, a última palavra é de Quinn – observou Nancy. – Quais são as nossas possibilidades?

– Se sei alguma coisa sobre Quinn – Magenta levantou-se da bancada da casa de banho das senhoras, o único lugar onde estavam a salvo dos ouvidos masculinos, – é que, acima de tudo, é um empresário.

– Um guerreiro com olhos de amante – observou uma das raparigas, num murmúrio de aprovação.

– A verdade é que lutará pela empresa – porque se sentia tão ciumenta? – Quer muito este contrato. Não tens de te preocupar, Nancy. Quinn é duro, mas é justo.

– Vai ser uma luta justa ou apenas um truque de Quinn, para nos manter caladas? – insistiu Nancy.

– Isto é sério, tal como o concurso para publicar o anúncio na revista. Caso contrário, não vos faria perder tempo. Quinn não consegue resistir a um desafio. Nem eu, nem vocês.

– Mas, será capaz de escolher as nossas ideias, acima das dos homens?

– Porque não, se forem melhores? Trata-se de melhorar os nossos empregos.

– E esmagar os homens, de passagem! – o rosto de Nancy resplandecia.

– Não te esqueças da satisfação que nos vai proporcionar – recordou-lhe Magenta.

– Quando enterramos as «abelhas operárias»? – replicou uma rapariga, que usava óculos. – Estamos contigo.

– Só mais uma coisa.

– O quê? – perguntou Nancy, revelando desconfiança.

– Antes disso, temos de fazer uma coisa por Quinn, para demonstrar que somos cooperantes.

– Já temia isso! – exclamou a outra mulher, entre um murmúrio generalizado.

– Talvez gostem... – tentou animá-las.

– Se incluir escrever à máquina, limpar ou fazer café, não aceito – assegurou Nancy.

– Os homens também terão de passar por uma pré-qualificação? – perguntou outra rapariga.

– Penso que todas conhecemos a resposta – admitiu Magenta.

– E, o que temos de fazer? – Nancy pôs as mãos na cintura.

– Testar alguns produtos novos.

– Deixa-me adivinhar – insistiu outra mulher. – Vassouras e esponjas?

– Maquilhagem, produtos de beleza e roupa. E poderemos ficar com as amostras.

– Quinn está a comprar-nos – observou Nancy, com ceticismo.

– Não, suponho que Quinn quer a nossa opinião sincera! – protestou Magenta. – É simples.

– Nada é simples – Nancy manteve-se firme.

– Tens razão – assentiu Magenta. – Mas, vamos permitir que uns batons se interponham no nosso caminho?

– Não! – gritaram as raparigas, em uníssono.

– Isto é mais importante do que batom. Isto é uma luta pela liberdade – afirmou outra.

– Às barricadas! – exclamou Nancy, entre gargalhadas. – Mas, primeiro, não se esqueçam de se maquilhar.

– E então, estás connosco, Nancy? – perguntou Magenta, com ar sério.

– Claro que sim. Depois de tudo o que aguentei hoje, dos homens, tenho vontade de lutar.

«Devia ter imaginado», pensou Magenta, ao entrar na sala onde estavam os produtos para testar. Bonitas mesinhas, para uma Barbie de tamanho natural, tinham sido dispostas para cada uma das raparigas. Em cada mesa, havia uma seleção de produtos de beleza de alta qualidade, que aceleraria o coração a qualquer mulher. Por sorte, tanto ela como a sua equipa sabiam manter a calma diante da equipa de Quinn, preparada para tomar notas.

– Que bonito – murmurou Magenta, como se testar verniz e batom fosse o sonho do seu coração doce. Fez um gesto às raparigas, para que se sentassem.

Todas se sentaram com um sorriso nos lábios, pois estavam a par da surpresa que ela preparara para os homens.

– Não te sentas, Magenta?

– Se houvesse cadeiras suficientes...

– Usa a minha, não vou precisar dela – ofereceu Quinn, imediatamente.

Chegara o momento de Magenta demonstrar se era capaz da audácia que prometera às raparigas. Pegando no batom, segurou nele.

– Brilhos de ouro – murmurou. – O que achas?

– Estás a perguntar-me? – Quinn franziu o sobrolho.

– Sim. O que achas? – insistiu, levantando-se. Tinha a atenção de todos os presentes na sala. – Segundo os homens, as mulheres arranjam-se para eles e, sem dúvida, a vossa opinião será mais valiosa do que a nossa – olhou fixamente para Quinn, sem deixar de sorrir com doçura. – Querem experimentar? – todos sustiveram a respiração. – Não tens de o usar. Podes lambê-lo, se quiseres.

Quinn agarrou-a pelo braço e arrastou-a para um canto.

– Este teste é muito sério. O que estás a fazer?

– Este teste é muito sério – sussurrou Magenta. – Posso dizer-te que este batom parece ser tão bom como o que eu uso, mas sabe a remédio, misturado com água suja. Gostarias de beijar uma rapariga que usasse algo parecido?

O brilho nos olhos água-marinha indicou que, mais uma vez, abusara.

– Desta vez, vou conceder-te o benefício da dúvida – assentiu, finalmente. – Mas, a partir de agora, basta de brincadeiras e de duplos sentidos. Basta de truques. Entendido?

– Perfeitamente.

– Obrigado a todos, pela vossa colaboração – despediu-se Quinn, depois de testarem os produtos. – Por favor, levem o que quiserem.

– Desculpa...

– Sim?

– As raparigas não querem limitar-se a ser observadoras passivas neste teste e, embora tenhamos desfrutado muito da experiência, há alguns produtos que insistimos que os homens também usem – Magenta quase teve de gritar, para ser ouvida por cima dos protestos. – Para cobrir todo o mercado, precisamos de valorizar alguns produtos masculinos – apressou-se a acrescentar, perante o olhar furioso do patrão.

Quinn dera-lhe outra oportunidade e estava a levar a sua paciência no limite, enquanto os outros homens queriam matá-la. O que é que uma mulher podia saber dos homens?

– Devo agradecer-te, Quinn – tinha de arriscar tudo. – Por assinalares o facto de os nossos esforços publicitários serem dirigidos, basicamente, aos homens. As raparigas e eu pensamos que o mais lógico seria conhecer a opinião masculina, sobre determinados produtos.

– Sim, sim, sim – interrompeu Quinn, com impaciência, enquanto os outros homens reatavam os seus protestos. – Magenta tem razão – acrescentou, para estupefação da jovem. – Prometi-lhe um acordo justo e isso significa que temos de conhecer o ponto de vista de ambos os lados.

«Com os homens em primeiro plano e as mulheres em lado nenhum», pensou Magenta.

– Concedem-nos um minuto, para preparar tudo? – pediu Magenta.

– O que é isso? – perguntou Quinn, quando Magenta e as raparigas regressaram, ao fim de um momento.

– Uma cadeira de barbearia, que nos emprestaram.

– Onde queres que a ponha? – Quinn abanou a cabeça, mas insistiu em levar a cadeira.

– No meio da sala, por favor – e apercebeu-se de que os homens já não sorriam, satisfeitos. – Agora, precisamos de um voluntário. Como? Ninguém? Ninguém quer ajudar?

– Eu vou.

Todos os olhos pousaram em Quinn, que já estava a desfazer o nó da gravata.

Amante de sonho - Algo mais do que seu chefe

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