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Capítulo 3

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Magenta sentiu as faces coradas, quando o motoqueiro desmontou a mota. Era muito mais alto do que lhe parecera e as calças de couro, justas, atentavam à sensibilidade feminina.

– Ficaste sem fala? – perguntou, com uma voz gutural, muito sensual.

O couro não escondia nada, moldava-se «amorosamente» às suas formas...

– E então? – insistiu ele.

A verdade era que Magenta se sentia como se tivesse sido atingida por um raio e não era o primeiro, naquele dia. Olhou para ele nos olhos e recebeu um sorriso travesso, a modo de resposta.

– Alegra-me que te pareça divertido! – protestou. – O que fizeste foi algo muito perigoso – parecia uma governanta rabugenta e sentia-se bastante velha para o ser.

– Tenho a sensação de que precisas, desesperadamente, que alguém te dê boleia.

Magenta desejou ter coragem suficiente para sorrir. Mas não. Era torpe com os homens e isso levava-a comportar-se de uma maneira resmungona e à defesa.

– Decidi voltar e verificar se ainda precisavas que alguém te levasse.

– Não era necessário e continuo sem precisar.

– Os homens estão programados para serem cavaleiros andantes. Temos isso nos genes.

– Sou capaz de cuidar de mim, obrigada – o que aquele homem tinha era umas calças perigosamente justas.

– E é por isso que ficas aqui, enquanto o teu traseiro congela?

– Não estive o tempo todo aqui fora – a mera menção do seu traseiro fê-la sentir calor. – De todos os modos, já ia para casa.

– E como vais?

– De transportes públicos ou apanho um táxi.

– Espero que tenhas sorte.

– Porque dizes isso?

– Atrasos no metro, autocarros cheios. E não há um único táxi livre.

Magenta tentou não reparar nos bonitos olhos do motoqueiro, num tom de água-marinha, com um halo prateado à volta da íris e umas pestanas que eram um verdadeiro desperdício num homem.

– O que fazes na vida? – perguntou ela. – És uma espécie de guia turístico de Londres?

– Sou apenas um bom observador. Já ganhaste coragem suficiente para ir comigo?

Infelizmente, aquele homem tinha razão. Podia ficar ali e congelar, arriscar-se a ir nos transportes públicos. Devia considerar a hipótese de fazer uma loucura e aceitar a proposta do motoqueiro?

Certamente, não.

Olhou para o asfalto. Era o homem mais irritante e arrogante que alguma vez conhecera, mas a ideia de o ver ferido numa valeta fez com que o coração acelerasse.

– Tem cuidado, o asfalto está escorregadio – murmurou, antes de se dirigir para a saída.

Ele bloqueou-lhe o caminho.

– O que estás a fazer?

– Nunca aceito um não como resposta – os olhos brilhavam, divertidos.

– Estou a ver. Achas que tudo é divertido? – perguntou, enquanto contornava a moto.

– Só tentava dizer que, se puder ajudar-te... Monta-te na moto.

Não! Sim! O que devia fazer? Sentira-se cativada pela luta pela liberdade das mulheres, nos anos sessenta. Mas, alguma vez arriscava ou jogava sempre pelo seguro?

– Tens capacete? – jogava sempre pelo seguro.

O motoqueiro deu-lhe um e deu uma palmadinha no banco, atrás dele.

– És um homem muito seguro de ti, não és? – observou Magenta.

– Seguro em relação a ti. És incapaz de resistir a um desafio.

– Como sabes isso?

Encolheu os ombros.

– O capacete parece ser do meu tamanho.

– Vem comigo.

Aquela voz sedutora convidava-a a procurar também um cinto de castidade.

– Antes de mudares de ideias... – e pôs a moto a trabalhar.

– Mostras-te sempre tão contundente?

– Sim.

O mestre das respostas monossilábicas aumentou as rotações do motor e Magenta começou a duvidar se seria capaz de montar aquele monstro.

– És médica? – o sorriso era masculino, trocista.

– Não – e tentou ganhar tempo. – É uma Royal Enfield?

– Percebes de motos?

– Conheço a marca, por causa da minha investigação sobre os anos sessenta.

Um homem como aquele não iria conduzir uma máquina moderna. A Enfield era uma moto séria, para motoqueiros muito sérios. Grande e preta, vibrava com força entre as coxas cobertas de couro.

E, em breve, vibraria entre as coxas dela.

«Chama um táxi», aconselhou o lado mais sensato do seu cérebro. Em alguma parte, em Londres, tinha de haver um livre.

– És uma medricas – insistiu ele.

Magenta soltou uma gargalhada desdenhosa, procurando um modo de sair daquilo.

– E então?

– Fruto proibido – uma fruta madura, perigosamente deliciosa, que quase conseguia saborear. – Como sei que estarei a salvo, contigo?

– Não sabes.

– Não devias saber a minha morada, antes de arrancar? – o coração de Magenta acelerou.

– Podes dizer.

Enquanto lhe indicava a morada, não pôde evitar questionar-se como seria sentir aqueles dentes brancos a mordiscar-lhe a pele.

– Vem comigo – encorajou. – Não quero ficar sem gasolina, enquanto espero que te decidas.

– Suponho que devia agradecer-te – acrescentou ela.

– Estou de acordo – assentiu o motoqueiro.

– Tens a certeza de que não vou obrigar-te a desviar-te do teu caminho?

– Tenho.

Aquele homem tinha aspeto de estar seguro sobre qualquer decisão que tomava.

– Precisas de ajuda? – perguntou, divertido, ao vê-la a tentar montar.

– Não, obrigada – bastava levantar a perna por cima do banco. Seria assim tão difícil?

Depois de um último empurrão, numa posição muito pouco feminina, Magenta acomodou-se no banco, finalmente. Tentou chegar-se um pouco para trás mas, assim que ele levantou o pé do travão e acelerou, viu-se apertada contra as costas dele e abraçou-o pela cintura com todas as suas forças.

Uma cintura sem um átomo de gordura, embora houvesse uma grande quantidade de músculos.

Quando se encontraram perdidos no trânsito intenso de Londres, já se familiarizara notavelmente com as costas dele, com os cabelos espessos que escapavam do capacete. Um tremor intenso sobressaltou Magenta, mas atribuiu-o ao frio.

Certamente, sabia conduzir uma moto, serpenteando pelas ruas de Londres de uma maneira perita, enquanto ela se sentia cada vez mais consciente das vibrações que sentia sob o seu corpo. Quase se sentiu defraudada, quando pararam à frente da sua casa. Desmontando a moto, tirou o capacete e sacudiu o cabelo preto, comprido.

– Que bela transformação – comentou o motoqueiro, tirando o capacete para a observar bem.

– A sério? – Magenta riu-se. Não se recordava de se ter sentido tão alegre, em muito tempo. – Obrigada.

– Foi um prazer – no rosto dele aflorou um sorriso já familiar.

Era a sua imaginação ou as cortinas das casas vizinhas agitavam-se? Pela primeira vez, não se importou com aquilo que os outros pensavam. Chegara a casa, montada na moto de um tipo durão. Não se precipitara para ele, nua, no meio da rua. Não cometera um crime.

– Queres beber um café? – perguntou, ainda sob o efeito do entusiasmo. Era uma simples cortesia. Além disso, quando teria uma oportunidade como aquela?

A julgar pelo olhar impressionante e intenso que ele lhe lançou, teve a certeza de que ia aceitar.

– Devia ir-me embora – foi a resposta do desconhecido.

– Sim, claro – em que estava a pensar?

Certamente, faltava-lhe prática para fazer propostas aos homens. Além disso, aquilo não era uma proposta, era apenas um convite amável, para beber algo quente.

– Tenho o verdadeiro café Blue Mountain.

– Fazes com que seja muito difícil rejeitar a oferta – admitiu ele.

«Espero que sim», pensou. Tendo provado o perigo, Magenta desejava mais.

– E então? – insistiu, enquanto tirava as chaves de casa da mala.

– Tenho de voltar.

– Fica para a próxima – declarou, com fingida despreocupação. – Já fizeste muito por mim.

– Nem tanto.

Nem sequer sabia o nome dele. Mas não podia retê-lo ali, enquanto o submetia a um interrogatório.

– Foi um prazer conhecer-te.

– Igualmente – e sorriu.

Quando conseguiu levantar a mão para se despedir, o motoqueiro já desaparecera.

Amante de sonho - Algo mais do que seu chefe

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