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FLORENÇA

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Chiara e Donati aguardavam na Via Ricasoli, imersos na correnteza de visitantes que saía da Galleria dell’Accademia. Sem qualquer aviso, ela lançou os braços em redor do pescoço de Donati e puxou-o para si.

— Isto é mesmo necessário?

— Não queremos que ele veja o teu rosto. Pelo menos, para já.

Deu um abraço apertado a Donati, enquanto Niklaus Janson furava entre a multidão e passava por eles sem um olhar de relance. Gabriel surgiu na rua passado um momento.

— Há alguma coisa que vocês os dois queiram dizer-me?

Donati libertou-se e endireitou cuidadosamente o casaco.

— Ligo-lhe agora?

— Primeiro, seguimo-lo. Depois, ligamos.

— Porquê esperar?

— Porque precisamos de saber se mais alguém está a segui-lo.

— O que é que acontece se vires alguém?

— Esperemos não chegar a isso.

Gabriel e Donati começaram a caminhar ao longo da rua, seguidos por Chiara. Diante deles, estava o Campanile di Giotto. Janson diluiu-se no mar de turistas na Piazza del Duomo e desapareceu de vista. Quando Gabriel finalmente voltou a localizá-lo, o guarda suíço estava debruçado sobre o batistério octagonal, com o telemóvel na mão direita. Passado um momento, o seu polegar começou a premir o ecrã.

— O que é que achas que ele está a fazer? — perguntou Donati.

— Parece que está a enviar uma mensagem.

— A quem?

— Boa pergunta.

Jason enfiou o telemóvel no bolso de trás das calças de ganga e, girando lentamente sobre si próprio, percorreu a movimentada praça com o olhar. O seu olhar passou diretamente por Gabriel e Donati. O seu rosto não demonstrou qualquer sinal de reconhecimento.

— Está à procura de alguém — disse Donati.

— Talvez da pessoa que acabou de lhe enviar a mensagem.

— Ou?

— Pode estar com medo de que alguém esteja a segui-lo.

— Alguém está a segui-lo.

Finalmente, Janson abandonou a piazza e começou a caminhar ao longo de uma rua comercial chamada Via Martelli. Desta vez, foi Chiara que seguiu no seu encalço. Depois de cerca de cem metros, virou para uma viela estreita. Esta conduziu-o a mais uma praça com uma igreja, a Piazza di San Lorenzo. A fachada inacabada da basílica debruçava-se sobre o flanco oriental. Era cor de arenito e parecia uma gigantesca parede de tijolos por rebocar. Depois de consultar brevemente o telemóvel, Janson subiu os cinco degraus e entrou.

No flanco ocidental da piazza, havia uma fileira de vendedores de roupa que atendiam turistas e, a norte, uma gelateria. Chiara e Donati juntaram-se à fila no balcão. Gabriel atravessou a praça e entrou na basílica. Janson estava de pé, diante do túmulo de Cosimo de Medici, com os polegares em movimento sobre o ecrã do telemóvel, aparentemente alheio à inglesa de rosto corado que se dirigia a um grupo de turistas como se eles tivessem problemas de audição.

O guarda suíço enviou uma última mensagem e saiu para a praça, onde se deteve novamente para investigar a zona circundante. Estava claramente à espera de alguém. A pessoa a quem enviava essas mensagens, calculou Gabriel. A pessoas que o conduzira, primeiro, à Piazza del Duomo e, depois, à Basilica di San Lorenzo.

O olhar de Janson pousou brevemente em Gabriel. Depois, deixou a praça pela Borgo San Lorenzo. Aparentemente, ninguém que se encontrava na praça ou nas lojas o seguiu.

Gabriel caminhou até à gelateria, onde Donati e Chiara se equilibravam sobre bancos altos junto a uma mesa de zinco. Não tinham tocado nos seus gelados.

— Já podemos estabelecer contacto com ele? — perguntou Donati.

— Ainda não.

— Porque não?

— Porque eles estão aqui, Vossa Excelência.

— Quem?

Sem responder, Gabriel deu meia-volta e partiu atrás de Janson. Passado um momento, Chiara e Donati deitaram o seu gelato intacto num caixote do lixo e partiram atrás de Gabriel.

Janson atravessou a Piazza del Duomo uma segunda vez, praticamente confirmando a suspeita de Gabriel de que o guarda suíço estava a ser guiado por uma mão oculta. Algures em Florença, pensou, alguém estava à sua espera.

Janson foi, de seguida, para a Piazza della Repubblica e, daí, encaminhou-se para a Ponte Vecchio. A ponte fora, em tempos, a casa de ferreiros, curtidores e talhantes, mas, no final do século xvi, depois de os florentinos se queixarem do sangue e do fedor, transformara-se no domínio dos joalheiros e ourives da cidade. No lado oriental da ponte, Vasari desenhara um corredor privado sobre as lojas, para que o clã Medici pudesse atravessar o rio sem ter de se misturar com os seus súbditos.

Os Medici tinham desaparecido há muito, mas os joalheiros e ourives permaneciam. Janson passou pelas montras luminosas das lojas, antes de parar no meio, sob os arcos do Corredor Vasariano, para observar, em baixo, as águas negras e vagarosas do Arno. Entre eles, fluía uma enxurrada constante de turistas.

Gabriel olhou de soslaio para a esquerda e viu Chiara e Donati, que se aproximavam através da multidão. Com um pequeno movimento de cabeça, indicou-lhe que se juntassem a ele. Ficaram de pé, lado a lado, junto à balaustrada, Gabriel e Chiara virados para Niklaus Janson, Donati virado para o rio.

— Então? — perguntou ele.

Gabriel observou Janson mais um momento. Estava de costas viradas para o centro da ponte. No entanto, era óbvio que estava novamente a escrever alguma coisa no telemóvel. Gabriel queria saber a identidade da pessoa, homem ou mulher, com quem Janson estava em contacto. Mas aquilo já durava há tempo suficiente.

— Ok, Luigi. Liga-lhe.

Donati sacou o seu Nokia. O número de Janson já estava guardado nos contactos. Com um toque no ecrã, fez a ligação. Passaram alguns segundos. Depois, hesitantemente, Niklaus Janson levou o telemóvel até ao ouvido.

A Ordem

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