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XXIII.
ОглавлениеIde vós a Mambré.—Lá, bem no meio
De um valle, outr'ora de verdura ameno,
Erguia-se um carvalho magestoso.
Debaixo de seus ramos largos dias
Abrahão repousou. Na primavera
Vinham os moços adornar-lhe o tronco
De capellas cheirosas de boninas,
E coreias gentis traçar-lhe em roda.
Nasceu com o orbe a planta veneravel,
Viu passar gerações, julgou seu dia
Final fosse o do mundo, e quando airosa
Por entre as densas nuvens se elevava,
Mandou o Nume aos aquilões rugissem,
Ei-la por terra! As folhas, pouco a pouco,
Murcharam-se cahindo, e o rei dos bosques
Serviu de pasto aos tragadores vermes.
Deus estendeu a mão:—no mesmo instante
A vinha se mirrou: juncto aos ribeiros
Da Palestina os platanos frondosos
Não mais cresceram, como d'antes, bellos:
O armento, em vez de relva, achou nos prados
Sómente ingratas, espinhosas urzes.
No Golgotha plantada, a Cruz clamára
—Justiça!»—A tal clamor horrido espectro
No Moriá surgiu. Era seu nome
Assolação.—E despregando um grito,
Cahiu com longo som de um povo a campa.
Assim a herança de Judá, outr'ora
Grata ao Senhor, existe só nos ecchos
Do tempo que já foi, e que ha passado
Como hora de prazer entre desditas.
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