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XXVI.

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Cessou da noite a grão solemnidade

Consagrada á tristeza, e a memorandas

Recordações:—os monges se prostraram,

A face unida á pedra. A mim, a todos

Correm dos olhos lagrymas suaves

De compuncção. Atheu, entra no templo;

Não temas esse Deus, que os labios negam,

E o coração confessa. A corda do arco

Da vingança, em que a morte se debruça,

Frouxa está; Deus é bom: entra no templo.

Tu para quem a morte ou vida é fórma,

Fórma sómente de mais puro barro,

Que nada crês, e em nada esperas, olha,

Olha o conforto do christão. Se o calis

Da amargura a provar os céus lhe deram,

Elle se consolou: balsamo sancto

Piedosa fé no coração lhe verte.

—«Deus compaixão terá!—Eis seu gemido:

Porque a esperança lhe sussurra em torno:

—Aqui, ou lá... a Providencia é justa.»


Atheu, a quem o mal fizera escravo,

Teu futuro qual é? Quaes são teus sonhos?

No dia da afflicção emmudeceste

Ante o espectro do mal. E a quem alçáras

O gemente clamor?—Ao mar, que as ondas

Não altera por ti?—Ao ar, que some

Pela sua amplidão as queixas tuas?

Aos rochedos alpestres, que não sentem,

Nem sentir podem teu gemido inutil?

Tua dôr, teu prazer existem, passam,

Sem porvir, sem passado, e sem sentido.

Nas angustias da vida, o teu consolo

O suicidio é só, que te promette

Rica messe de goso, a paz do nada!—

E ai de ti, se buscaste, emf­im, repouso,

No limiar da morte indo assentar-te!

Alli grita uma voz no ultimo instante

Do passamento: a voz atterradora

Da consciencia é ella. E has-de escuta-la

Mau grado teu: e tremerás em sustos,

Desesperado aos céus erguendo os olhos

Irados, de través, amortecidos;

Aos céus, cujo caminho a Eternidade

Co'a vagarosa mão te vai cerrando,

Para guiar-te á solidão das dôres,

Onde maldigas teu primeiro alento,

Onde maldigas teu extremo arranco,

Onde maldigas a existencia e a morte.

Poesias

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