Читать книгу Tempo, o ancião recontando a história - Nestor Cobiniano de Melo Neto - Страница 13

Оглавление

RETRATO DO NORDESTE

Nos anos de muita chuva, respostas o solo dá, mas com a seca, a natureza morrendo só faz chorar, e é difícil ao sertanejo desta seca escapar.

Quem mora ainda no campo, com esperança que a chuva venha, já esquece o que é comida, nem pra beber água tem, e aguarda o fruto das preces, mandadas ao Senhor do além.

Se, esperando por Deus, sofre, imagine pelos governantes, que veem e não sentem o caos, nem os calos dos retirantes, pois aqueles só dão patadas, catastróficas e ressonantes.

Não é de ontem nem de agora que o nordestino é lutador, pois o sistema é a seca, que faz dele um sofredor: já travaram mil batalhas, e o sertanejo é perdedor.

Norte e Sul são tantas águas, e o Nordeste na sede, seca sem opção, pobre povo desprezado, à fome condenado, cadê a irrigação?

Inaceitável para o Brasil, país prostrado na miséria, como o vivo morto João, a viva morta Quitéria, sem falar de outros vultos, tais quais a Josélia.

Se não resolverem logo o problema da seca, não suportará Maria, nem Antônio nem Fonseca, pois já há Teotônios parecidos, com corroídas estatuetas.

Com a seca aí a solta, o sertanejo não é, seria: sem água sem pão, não há feijão nem alegria, e, se ela for mais longe, banirá a maioria.

No Nordeste falta pão para o homem da terra, a fome aqui é tanta, ferindo como serra, tudo quanto parece uma injusta guerra.

Com o chão assim tão seco, não há lama nem Paulo; juazeiro quando morre, morre até mandacaru, é triste ver o sertanejo, ocando como bambu.

Tempo, o ancião recontando a história

Подняться наверх