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O JUAZEIRO NO SERTÃO

Os retirantes sertanejos amargaram dias tórridos, em anos sem chuva, onde a terra parecia soprar fogo em meio à poeira sufocante e ao sol impiedosamente ardil. Os paus-de-arara eram pontos distantes a chegar, pois estradas eram artigos de luxo em um mundo quase sem movimento, o transporte, quase sempre de pé, a água de beber escassa, os terminais rodoviários, longamente, não passavam de raros pés de juazeiros, em que homens, mulheres e uma penca de crianças, as que sobreviviam à seca, disputavam abrigo em meio a alguns restos de animais, vivos sem vida, e outros, só em carcaças, fruto da fome e das intempéries da natureza, tão desumana e seletiva a um mundo de sofredores.

É o retrato do Nordeste, dizimando-se em fome, peste e guerra, talhado de corrupção e outras injustiças, que aos olhos do progresso, lastra-se como uma fartada Etiópia, recheada de carnificina humana, em pleno Brasil dos desiguais, igualdades abandonadas pelos doutores da lei e promotores das injustiças, os políticos, nossa eterna e insana, lâmina de horrorosos castigos.

Só nos basta sonhar em tempo novo, em não ver pais arrastando seus filhos mortos de fome, em vez de conduzindo-os pela mão, mesmo que na simplicidade dos abnegados, a uma escola, onde possam estar em segurança, física e alimentar, sem humilhação, sem uma sentença brutal ou castigo, impiedosamente impostos aos quase sempre desfavorecidos, povos e pessoas deste País.

Tempo, o ancião recontando a história

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