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CASA BARNSLEY. Teclei o nome e depois olhei para ele, a escutar os sons da casa em meu redor, à espera de alguma espécie de sinal de que era seguro continuar. Lá fora, a rua estava sossegada, à exceção do barulho ocasional de uma porta de automóvel a fechar ou o bater da bola de basquetebol contra a tabela na entrada no nosso vizinho. Havia um tempo limitado até o meu pai e a Fleur regressarem do jantar e eu ainda não queria responder às suas perguntas sobre o que estava a fazer. Ainda não sabia ao certo o que estava a fazer.

Wikipédia, Grandes Casas de Inglaterra, TripAdvisor; surgiu uma panóplia de resultados. Cliquei no link da Wikipédia, a pensar que um resumo geral seria o melhor sítio para começar.

Casa Barnsley

A Casa Barnsley, também conhecida por Casa Barnsley Hotel, situa-se numa localização geográfica única, na ponta de duas enseadas da costa escarpada da região oeste de Inglaterra. Continuamente sede da família Summer há mais de duzentos anos, passou para a posse de Maximilian Summer em 1987, sendo gerida como hotel rural que incluía o restaurante A Sala dos Summer, distinguido com uma estrela Michelin. Supõe-se que o jardim tenha sido projetado por Hugo Bostock, mas não há documentação que o ateste, sendo considerado pela maioria dos historiadores demasiado a sul da área habitual de Bostock podendo, por isso, muito provavelmente ser um derivado.

A casa, então conhecida como Barnslaigh, aparece pela primeira vez em mapas no século XVII. Por volta do século XVIII, era a base de um pequeno porto de ferry numa linha que corria nos meses de verão entre as povoações espalhadas ao longo dessa linha costeira. As águas eram reconhecidamente agitadas e o serviço de ferry agora só funciona nos meses mais quentes. Consequentemente, a terra e a pequena casa senhorial foram vendidas a um lavrador local, Montgomery Summer, que andava a expandir as suas já substanciais propriedades rurais. Summer construiu a casa que lá permanece até hoje.

De forma invulgar para a época, Barnsley foi construída em pedra trazida de Cotswolds, e em consequência, a casa é impressionante e única na zona. Os jardins, que nos seus tempos áureos eram tratados a tempo inteiro por dezoito jardineiros e pessoal da terra, foram restaurados e atualizados nos últimos anos pelo atual titular e devolvidos à sua antiga glória.

A Casa Barnsley tem uma longa e colorida história e é localmente conhecida como «A casa das noivas», em referência ao livro best-seller homónimo escrito por Tessa Summer. O título do livro refere-se ao carácter distinto das castelãs de Barnsley ao longo dos anos. Embora a casa tenha quase chegado a ser vendida uma série de vezes, foram sempre estas mulheres empreendedoras e engenhosas que evitaram que a propriedade saísse das mãos da família.

A primeira e mais notável «noiva» foi Elspeth Summer, que convenceu o marido a construir-lhe o anexo chamado Casa Summer numa ilha mesmo ao largo da costa da casa principal. Elspeth era uma eremita convicta e recusava-se a acompanhar o marido nas suas viagens ao estrangeiro. Ele trouxe-lhe uma coleção de plantas incomuns de todas as partes do mundo e ela foi muito bem-sucedida a instalar um jardim quase tropical no local. A sua paixão pelo vinho branco francês era bem conhecida e tentou começar uma vinha na ilha para plantar as uvas e produzir o seu próprio vinho. O projeto falhou devido às condições adversas, mas a ilha foi renomeada como Ilha Minerva pela família em honra de uma casta rara de uva de França (minervae). Ainda conhecida por esse nome, é privada, mas aberta a visitas de grupo durante os meses de verão.

A nora de Elspeth, Sarah Summer, de forma invulgar para a época, acompanhava o marido em muitas das suas viagens e desenvolveu um grande interesse pela arquitetura. Inspirada pelas suas grandes viagens, de forma controversa supervisionou a transformação da capela anglicana de St. John em Minton, nas redondezas, numa réplica quase exata de uma igreja minúscula italiana que tinha visitado na Toscânia.

Muito mais tarde, no início do século XX, a Casa Barnsley foi o lar da famosa escritora Gertrude Summer, uma das últimas herdeiras americanas que casou com o então dono e levou com ela a sua fortuna americana. Usava a casa como cenário de fundo para a sua ficção policial, satirizando a classe alta britânica que se recusava a aceitá-la nos seus círculos íntimos. No processo, a Casa Barnsley tornou-se quase tão conhecida como os seus livros, cujas vendas, juntamente com a sua herança, sustentaram a propriedade durante anos. O casamento acabou devido a alegações de infidelidade e Gertrude mudou-se para um sítio mais distante ao longo da costa, onde viveu o resto da sua vida.

A casa caiu em degradação depois da Segunda Guerra Mundial, durante a qual ganhou alguma notoriedade como campo de treino de agentes dos serviços secretos. Teve um breve ressurgimento sob o domínio de Maximilian Summer (sénior) e da sua esposa Beatrice, que ficou conhecida pelas suas grandes festas em casa numa altura em que a maioria das outras casas de campo estavam a ser vendidas e o entretenimento em geral estava a ser reduzido. O famoso e efémero Festival Barnsley foi igualmente fundado e depois posto de lado sob a sua alçada.

Pela altura em que o proprietário atual, Max Summer, recebeu a herança do seu pai Maximilian, a casa estava decrépita e as dívidas avultavam-se. Juntamente com a sua esposa, Daphne Summer, Max Summer revigorou a Casa Barnsley como hotel rural de luxo.

A maioria daquilo já eu sabia, ou tinha um conhecimento vago. Não havia referência a nada desfavorável que tivesse acontecido recentemente, apesar do que a Sophia mencionava na sua carta.

Presumi que a Sophia fosse filha do Max e da Daphne. Não havia referência a nenhuns filhos na página da Wikipédia, por isso cliquei rapidamente no link da Daphne Summer. Direcionou-me para um artigo do Daily Telegraph datado de julho, e li-o avidamente, desejosa de descobrir alguma coisa escrita sobre a Daphne a partir do ponto de vista de um estranho.

Durante muito tempo, não me tinha importado com nada a não ser comigo mesma. Ou para ser mais específica, com aquilo que as outras pessoas pensavam sobre mim. A minha existência inteira era baseada em projetar uma imagem do meu estilo de vida, e se algo não estivesse no Instagram, então na minha cabeça não tinha acontecido. Tinha perdido imensa coisa. O mundo real. Amigos. Família. Bom senso.

Sabia bem pensar noutra coisa.

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