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PRÓLOGO

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ONTEM ENCONTREI um artigo sobre a Casa Barnsley numa velha revista. Levei algum tempo a reconhecê-la. Não só não estava preparada para tropeçar nela, como também só a tinha conhecido no inverno. Foi um choque ver o local fotografado em todo o seu fulgor, ao sol, e antes de sequer pensar no que estava a fazer, já tinha arrancado as páginas para saborear mais tarde, longe dos olhares indiscretos dos outros.

Numa fotografia, a curva azul do porto está cheia de barcos à vela e traineiras de pesca. É provável que tivessem tirado as fotografias há anos, quando o hotel abriu. Talvez na primavera, quando o tempo começava a aquecer e os campos em redor ainda não estavam queimados pelo calor do verão. O Max diz que, nessa altura do ano, o céu estava cheio de drones a tirarem fotografias das casas de campo prestes a entrar no mercado imobiliário e a capturarem imagens da famosa faixa costeira para programas de lifestyle na televisão.

Vejo essa paisagem de cada vez que fecho os olhos, mas é melhor tê-la diante de mim: a erva a inclinar-se de forma a que as falésias e a vila abaixo dela fiquem escondidas, a linha do mar a ocultar bancos de areia por debaixo de ondas traiçoeiras. A partir de Barnsley, não se consegue ver o porto calcetado ou o pontão a partir do qual o pequeno ferry parte a cada hora, se a maré o permitir, para fazer a excursão à linha costeira. Não se conseguem ver as lojas de peixe frito e batatas fritas e as galerias com os seus vidros martelados ou os cafés e esplanadas recônditos dos bed and breakfast. E ainda assim, estavam todos nas fotografias, como se fossem parte integrante do hotel.

É fácil de recordar a sensação de ver Barnsley pela primeira vez. Não em fotografia, mas ao vivo, com a grande casa a aparecer à minha frente. A beleza da pedra calcária é difícil de ver numa fotografia e ainda mais de explicar. A pedra é diferente da de outras casas da zona, mais macia, de certo modo, e no verão, ficava quente ao toque durante semanas a fio, contou o Max. Nalguns dias, quando o sol não estava suficientemente forte para aquecer os frios ossos das antípodas da Daphne, ela encostava-se à parede e esperava que o calor lhe trespassasse o vestido de verão e o casaco. Isso foi antes de eu ter chegado. Tem estado apenas frio, um frio gélido, desde que a conheço.

Será que o hotel vai voltar a ter sucesso? Ou será o artigo inútil, a direcionar turistas americanos ricos para uma casa de fantasmas? Um hotel que perdeu o rumo, e a mulher que o geria, e não por essa ordem. Tenho de ter esperança de que consigamos dar a volta a Barnsley, pois entrou-me de algum modo no sangue, tal como entrou no sangue das mulheres que me precederam.

A casa das noivas

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